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terça-feira, 7 de agosto de 2018

VIDA E MORTE PARA OS YORUBÁ, ANCESTRALIDADE & LENDAS DE IKÚ – MORTE

VIDA E MORTE PARA OS YORUBÁ, ANCESTRALIDADE & LENDAS DE IKÚ – MORTE
Por: Ogum Exu Xorokê
VIDA E MORTE PARA OS YORUBÁ
Os yorubá, como os demais grupos africanos, crêem na existência ativa dos antepassados. A morte não representa simplesmente um fim da vida humana, mas a vida terrestre se prolonga em direção à vida além-túmulo, exatamente em algum dos nove espaços do Òrun, o domínio dos seres desprovidos do Èmì.
Assim, a morte não representa uma extinção, mas mudança de uma vida para outra. Os antepassados ou ancestrais são denominados Òkú Òrun e Àgbagbà, ou ainda pelo título de Ésà, usado para reverenciar os ancestrais nos ritos de Ìpàdé, dos candomblés do Brasil.
Um antepassado é alguém de quem uma pessoa descende, seja através do pai ou da mãe, em qualquer período do tempo, e que o ser vivente conserva relações filiais afetuosas. Somente alcançarão a condição de ancestral com merecimento de culto aqueles que atingiram uma idade avançada, com uma vida de boa qualidade e trabalho expressivo para a sociedade, além de terem deixado bons filhos. Para os yorubá, um casamento sem filho é algo mal sucedido.
Na verdade, seu sistema de valores tem por base três coisas: Owó (Dinheiro), Omo (Filhos) e Àíkú (Vida longa).
A Vida Longa é considerada a mais importante porque proporciona a oportunidade que pode tornar possível as duas outras. São esses e toda a linhagem de gerações passadas que, depois da morte se transformam, para seus familiares. Embora os ancestrais compreendam membros masculinos e femininos das gerações anteriores, os ancestrais masculinos são os mais importantes. Ao seguirem para o Òrun, os ancestrais são libertos de todas as restrições impostas pela terra, dessa forma, adquirem potencialidades que podem ser usadas para beneficiar seus familiares que ainda estão na terra. Por essa razão, é necessário mantê-los num estado de paz e contentamento. Quando dissemos que existe um culto ao ancestral, queremos dizer que o que existe de fato é uma manifestação de relacionamento familiar indestrutível entre o familiar que partiu e seus descendentes que aqui ficaram.
A palavra culto então colocada tem o significado de homenagem que melhor expressa o nosso entendimento sobre o assunto. O encaminhamento do espírito, depois dos rituais realizados, corresponde a passar de volta pelo portão do Oníbodè em direção a Olódùmarè, para receber o julgamento de seus atos na terra.
De acordo com o Órun ao qual foi destinado, continuará a exercer suas funções familiares, agora de modo mais poderoso sobre seus descendentes que a ele continuam a se referir como Bàbá mi(Meu pai), ou Ìyá mi(Minha mãe). Esta forma salienta o amor e a afeição que caracterizam as relações de ambos. Trazendo ao exemplo: “Eu vou falar com o espírito de meu pai”, mas sim, “Eu vou falar com o meu pai”, numa comprovação de que eles continuam a ter o título de relacionamento que tinham enquanto chefes de família. O fim da vida na terra envolve a questão a respeito do que se transforma o homem após a vida atual. Toda religião encara isto: Nascimento, Vida e Morte( Ìbí, Ìyé, Àti Ikú), o Pós- Vida (Iyè Lébìn Kú), o Julgamento Divino (Ìdájó ti Olórun) e o possível retorno em outra vida, sucessivamente (Àtúnwa). Ikú – Morte É visto como um agente criado por Olodumaré para remover as pessoas cujo tempo na Terra tenha terminado.
A morte é denominada Ikú, e trata -se de um personagem masculino. Sua lógica é para as pessoas mais velhas e que dadas certas condições, devem viver até uma idade avançada. Por isso , quando uma pessoa jovem morre, o fato é considerado tragédia, por outro lado, a morte de uma pessoa idosa é ocasião para se alegrar. Sobre isto, costuma-se dizer: Ikú Kí pani, ayò I’o npa ni – “a morte não mata, são os excessos que matam”.
O odú òyèkú méji revela, em um de seus ìtàn, que a morte começou a matar depois que sua mãe foi espancada e morta na praça do mercado: “No dia em que a mãe da morte foi espancada No mercado de Ejìgbòmekùn A morte ouviu E gritou alto, enfurecida A morte fez do elefante a esposa de seu cavalo Ele fez do búfalo sua corda Fez do escorpião o seu esporão bem firme pronto para a luta”
Posteriormente, a morte foi subjugado depois que seus inimigos conseguiram que ela comesse o que era proibido comer, segundo o conceito do èwò, visto anteriormente,só conhecido através do jogo de ifá. Neste relato, é a esposa de Ikú, Olójòngbòdú, que revela este segredo: “Nós consultamos Ifá para Olójòngbòdú Mulher de Ikú Ela foi chamada cedo, pela manhã Eles perguntaram o que seu marido não podia comer Que o tornasse capaz de matar outros filhos de pessoas ao redor? Ela disse que a Morte, seu marido, não podia comer ratos Eles perguntaram o que aconteceria se ele comesse ratos? Ela disse que as mãos da morte tremeriam sem parar Ela disse que a Morte, seu marido, não podia comer peixe Eles perguntaram o que aconteceria se ele comesse o peixe? Ela disse que os pés da Morte tremeriam sem parar Ela disse que a morte, seu marido, não podia comer ovo de pata Eles perguntaram o que aconteceria se ele comesse ovo de pata? Ela disse que a morte vomitaria sem parar”.
A conclusão deste odú é que foram dados á morte todos os alimentos proibidos, o que a fez acalmar e impedir a sua tarefa que estava sendo feita sem qualquer critério, ou seja, a Morte foi subjulgada apenas depois que seus inimigos conseguiram que ele comesse o que era proibido comer.
Verificamos novamente a importância do respeito às coisas proibidas, éwò, cujo conhecimento só é possível através do sistema de ifá. Devemos registrar que, no processo de divinização de ifá, ocorrendo a caída deste odú, irá revelar vitória de qualquer pessoa sobre a morte.
Embora a morte seja inevitável, e imprevisível, vimos que ele pode sofrer alterações através da intervenção de Orunmyilá ou de qualquer outro Orixá junto a Olodumaré, e isto é previsto em outro mito, quando Exú consegue subornar o filho de Ikú, que revela o modo pelo qual Ikú matava com o uso de uma clava a fonte indispensável de seu poder.
Sem essa clava , Ikú tornava-se impotente. Exú foi ajudado pôr Ajàpàá, a tartaruga, que conseguiu o que desejava, conforme o dito: Ajàpàá gbé òrúkú I’owó Ikú – “A tartaruga tirou a clava das mãos de Ikú”. Posteriormente, fez um pacto com Orunmyilá, com a condição dele ajudá-lo a recobrar a sua clava; em troca, Ikú só levaria aqueles que não se colocarem sob a proteção de Orunmyilá ou aqueles que estivessem com a data já determinada para o fim de suas vidas na terra. Isto reflete a necessidade de um constante acompanhamento da situação de uma pessoa através do jogo. Daí o provérbio: Arùn I’a wò, a Ki Wo Ikú – “A doença pode ser curada a morte não pode ser remediada”. E ainda o odú Irò-sùn – oso revela: _Se Ikú não chegar, adoremos Oxum Se Ikú não chegar, adoremos Orixá Se ikú realmente chegar, não adianta Ikú receber sacrifício”Ìsinkú – Ritos Funerários A circunstância que cerca a morte de uma pessoa, a idade, condição social e o seu relacionamento religioso são fatores importantes que impõem a forma dos rios funerários.
O povo yorubá como o resto do povo africano, eles crêem que a morte não e o fim da vida. Eles acreditam que existe um outro mundo paralelo ao nosso. A morte para eles não representa o fim da vida terrestre e sim um prolongamento da vida além túmulo. Este mundo para o povo yorubá é chamado de Orun ( Céu ) o mesmo é dividido em 9 ( nove ) partes. Este local para eles é o domínio dos seus ancestrais.
A morte para o yorubá não é a extinção da vida terrestre, mas uma mudança de vida para outra. Seus antepassados ou ancestrais são chamados de Òkù Òrun e Àgbagbà, ou ainda tem um outro título chamado de Èsa, usado para reverenciar um ancestral por parte religiosa Lese Orisa ( Culto aos Orixás ), este Título chamado de Èsa e chamado seu nome em um ritual desta religião chamado de Ìgpádè ( Encontro ).
Um antepassado ou ancestral e alguém que uma pessoa descende, seja por parte paternal o maternal, em qualquer período de tempo, em que o ser vivente conversava e tinha relações afetuosas. O povo yorubá tem por costume cultuar seus antepassados ou ancestrais para ter o merecimento de culto, somente aqueles que uma idade avançada ( salvos algumas restrições de nascimento), ter tido um trabalho de boa qualidade perante a sociedade, ter deixado bons filhos, ter sido uma pessoa de boa índole . Para o yorubá um casamento sem filhos não é uma boa forma de ter vivido ou seja um mal negocio.
Para eles existe um sistema de valores que tem 3 partes: Um OWO ( Dinheiro), Dois OMO ( Filhos) Três ÀÍKÙ ( Vida longa ).
A vida longa para eles e a mais importante porque pode proporcionar a ele o alcance das outras duas partes. São estes valores e toda linhagem de gerações passadas que, se transformam para os seus familiares o direito de ser cultuado como antepassado ou ancestral. Existe a ancestralidade por parte de pai e mãe, mais somente a parte masculina e cultuada por ser a mais importante. Através do pai que é passada a ancestralidade da família, ele e o procriador e cabe a ele a transmissão da mesma para os seus filhos, sendo a mãe a genitora recebendo esta ancestralidade e dando a ele a vida. A parte feminina e cultuada de uma forma de energia aglutinada tendo o seu culto junto as Gelede ( Culto de eguns femininos ligado ao culto das Yia mi Aje.” Minha mães feiticeiras”). Os ancestrais quando chega ao Orun, eles são recebidos pelos seus antecessores acolhendo e encaminhando, fazendo-os se desprender dos bens materiais. Sendo, este que faleceu pertencer ao culto dos orisas, ele só poder se desprender de todo bem material deixado na terra, depois do asese ( Axexe. Obrigação feita para as pessoas que morrem e pertence ao culto de orixá). Feito esta obrigação este ancestral poderá se desprender das coisas matérias e encontrar os seus ancestrais que já se encontram no Orun, os mesmos ajudam encaminhando para um lugar de luz, fazendo com que ele ganhe grau espiritual para poder ajudar seus familiares que deixou na terra.
Quando falamos a palavra culto damos a conotação de homenagem aos espírito, assim podemos entender melhor o que falamos. Feito as obrigações do ritual fúnebre, o espírito se desprende de tudo que deixou na terra e passa por um portal que liga o Aye ( terra) ao Òrun ( céu), este portal e guardado por um guardião chamado de Ònibòdè Òrun ( guardião do céu), este portal tem a ligação entre os dois mundos no qual Òrun e a moradia de Òlòdumarè ( Criador supremos de tudo e todos os seres).
Conforme a cultura Yoruba, o Òrun e dividido em 9 ( nove) partes e dependendo da vida e a causa morte deste ancestral ele e colocado em uma destas 9 ( nove ) partes. Cada parte corresponde a um tipo de elevação espiritual. Dependendo da vida, ele pode ficar no Òrun Buruku ( Parte onde se encontra as pessoas que teve uma vida ruim, só causou problemas, matou, roubou, teve uma vida desregrada), até o Òrun Áláfiá ( Parte onde se encontra os que tiveram uma vida solida, sadia, boa, foi uma pessoa de boa índole). Por isso temos de fazer por merecer que nosso espírito seja cultuado e reverenciado por nossos descendentes. Somente seremos reverenciados após nossa morte e poderemos ajudar nossos descendentes se tivermos uma vida correta.
Nascimento ( Ìbi), Vida( Ìyé) e Morte( Àti Iku ), o Pós- Vida ( Ìye Lèbin Iku), o Julgamento Divino ( Idájo ti Òlòrun) e o possível retorno a vida sucessivamente ( Àtùnwa) São visto com criação de Òlòdumarè, para remover da terra as pessoas que tiveram seu tempo de vida. Sendo Iku o seu mais fiel mensageiro. Para os Yorubas Iku também e um orisa. Iku não mata, somente toca as pessoas, com este toque a pessoa se desliga deste mundo acordando no outro. Costuma-se dizer: Ikú Kí pani, ayò I’o npa ni – “ A morte não mate, são os excessos que matam”
O odú Òyèkú Méji revela, em um de seus ìtàn, que a morte somente começou a matar, depois que sua mãe foi espancada e morta na praça do mercado de Ejìgbòmekùn. Ele gritou enfurecido. Fez do elefante a esposa do seu cavalo. Ele fez do búfalo a sua corda. Ele fez do escorpião o seu esporão bem firme pronto para lutar.
Conforme a cultura Yoruba, o Òrun e dividido em 9 ( nove) partes e dependendo da vida e a causa morte deste ancestral ele e colocado em uma destas 9 ( nove ) partes. 
Cada parte corresponde a um tipo de elevação espiritual. Dependendo da vida, ele pode ficar no Òrun Buruku ( Parte onde se encontra as pessoas que teve uma vida ruim, só causou problemas, matou, roubou, teve uma vida desregrada), até o Òrun Áláfiá ( Parte onde se encontra os que tiveram uma vida solida, sadia, boa, foi uma pessoa de boa índole). 
Por isso temos de fazer por merecer que nosso espírito seja cultuado e reverenciado por nossos descendentes. Somente seremos reverenciados após nossa morte e poderemos ajudar nossos descendentes se tivermos uma vida correta.
Nascimento ( Ìbi), Vida( Ìyé) e Morte( Àti Iku ), o Pós- Vida ( Ìye Lèbin Iku), o Julgamento Divino ( Idájo ti Òlòrun) e o possível retorno a vida sucessivamente ( Àtùnwa) São visto com criação de Òlòdumarè, para remover da terra as pessoas que tiveram seu tempo de vida. Sendo Iku o seu mais fiel mensageiro. Para os Yorubas Iku também e um orisa. Iku não mata, somente toca as pessoas, com este toque a pessoa se desliga deste mundo acordando no outro. Costuma-se dizer: Ikú Kí pani, ayò I’o npa ni – “ A morte não mate, são os excessos que matam”
O odú Òyèkú Méji revela, em um de seus ìtàn, que a morte somente começou a matar, depois que sua mãe foi espancada e morta na praça do mercado de Ejìgbòmekùn. 
Ele gritou enfurecido. Fez do elefante a esposa do seu cavalo. Ele fez do búfalo a sua corda. Ele fez do escorpião o seu esporão bem firme pronto para lutar.
A esposa da morte Ojontarigi era a única esposa da Morte,Mesmo assim Orunmila quis arrebatá-la.À Orunmila foi dito para ele fazer sacrifício,E ele fez.
Depois que ele terminou de fazer o sacrifício, Ele arrebatou Ojontagiri para longe da morte.
Então a Morte pegou o seu Kumo,E foi para a casa de Orunmila.Ele viu Esu na frente da casa.Esu disse: “Como vai você ?”,Iku Ojepe cujo artigo de vestuário é tingido em osun.Depois que eles trocaram saudações,Esu pergunta para ele: Onde você vai?Morte respondeu que ia para a casa de Orunmila.Esu pergunta: Qual o problema?Morte disse que Orunmila levou sua esposa,E por isso tem que matá-lo.Esu, então, implorou para Morte se sentar.Depois que ele se sentou,Esu deu comida e bebidas.Depois que Morte comeu até se satisfazer, Ele se levantou,Pegou seu bastão, E começou a ir.Então, Esu perguntou novamente: “Onde você vai?”,
Morte respondeu que ele ia para a casa de Orunmila
Então Esu disse: “Como você pode comer a comida de um homem, e ao mesmo tempo querer matá-lo ?”Você não sabe, que a comida que a pouco você comeu, pertence à Orunmila?
De repente morte não sabia o que fazer,Ele diz: “Diga para Orumila que ele pode ficar com a mulher”
Assim Ikú ficou sozinho, sem filho e sem esposa! Sendo o Orisa mais fiel a Òlòdumàré
Por isso se recebemos uma pessoa em nossa casa, damos abrigo, alimentação, esta pessoa não poderá nos fazer mal, e se o fizer pagará com a própria vida por este ato. Nem Ikú matou Òrumilá depois de comer sua comida. Quem somos para fazer mal aquele que nos alimenta.
ANCESTRALIDADE
Na Cultura Yorubá, a vida não se finda com a morte. Àtúnwa, É O Nome Dado Ao Processo Divino De Existência Única A Continuidade Da Vida. Olodumarê , O Supremo Deus Yorubá No Momento Do Nascimento Oferece Aos Homens Um Conjunto De Forças Sagradas Que Possibilita A Vida.São elas: Ara: O Corpo Físico Vindo Da Lama. Ese: Elementos Do Organismo Humano. Okan: Coração Físico E Espiritual – Órgão Que Centraliza O Poder De Vida E Sede Da Inteligência, Do Pensamento E Da Ação. Ojiji: Essência Espiritual. Emi: O Sopro Divino De Vida. Ori: A Individualidade E A Identidade. Odu: O Destino E O Caminho A Ser Percorrido. Ase: Força Movimentadora Da Vida. Orisa: Guardião De Cada Existência Humana. Todos Estes Aspectos Não Morrem…Voltam As Suas Origens, Isto É, Ao Orun, Pois Pertencem A Olorun E Só Ele Pode Liberá-Las.
Estas Forças Divinas, Animaram Os Antepassados, Os Ancestrais, As Raízes Mães Do Asé Orisá, Ao Partirem Do AiyE E Voltam Ao AiyE Para Animar Seus Descendentes E Discípulos. A Ancestralidade Confirma A Imortalidade, Pois A Vida Continua No Orun Como Ancestrais. Do Orun A Ancestralidade A Tudo Assiste.No Culto De Orisá, Ancestrais Significa:”Aqueles Que Um Dia Tiveram A Energia De Vida No Aiyê E Que Cuja Energia De Vida É Repassada As Novas Gerações, Garantindo A Continuidade Da Vida E Do Culto Aos Deuses Africanos. “Como Conclusão A Vida Presente Depende Da Vida Passada De Nossos Ancestrais” O CULTO AOS ANCESTRAIS Através do culto aos ancestrais, os Egun ou Egungum é possível reconstruir origens, etnias, memória.
Essa memória, enraizada na multiplicidade da herança negro-africana, expande com força total, um ethos que passando a diversidade de suas expressões manifestas. Permite revelar estruturas, valores, normas, denominadores comuns onde a questão da ancestralidade mítica e histórica, marca a existência de uma forte comunalidade. É na memória e no culto aos antepassados que essa comunalidade se afirma (Mestre Didi) Porque o objetivo principal do cultos dos Egun é tornar visível os espíritos dos ancestrais, agindo como uma ponte, um veículo, um elo entre os vivos e seus antepassados. E ao mesmo tempo que mantém a continuidade entre a vida e a morte, o culto mantém estrito controle das relações entre os vivos e mortos, estabelecendo uma distinção bem clara entre os dois mundos: o dos vivos e o dos mortos (os dois níveis da existência).
No símbolo “Egungun” está expresso todo o mistério da transformação de um ser deste-mundo num ser-do-além, de sua convocação e de sua presença no Aiyê (o mundo dos vivos). Esse mistério (Awo) constitui o aspecto mais importante do culto.Vida e Morte para os Yorubás Os yorubá, como os demais grupos africanos, crêem na existência ativa dos antepassados. A morte não representa simplesmente um fim da vida humana, mas a vida terrestre se prolonga em direção à vida além-túmulo, exatamente em algum dos nove espaços do Òrun, o domínio dos seres desprovidos do Èmì
Texto Adaptado por Lokeni Ifatolà
Assim, a morte não representa uma extinção, mas mudança de uma vida para outra. Os antepassados ou ancestrais são denominados Òkú Òrun e Àgbagbà, ou ainda pelo título de Ésà, usado para reverenciar os ancestrais nos ritos de Ìpàdé, dos candomblés do Brasil. Um antepassado é alguém de quem uma pessoa descende, seja através do pai ou da mãe, em qualquer período do tempo, e que o ser vivente conserva relações filiais afetuosas. Somente alcançarão a condição de ancestral com merecimento de culto aqueles que atingiram uma idade avançada, com uma vida de boa qualidade e trabalho expressivo para a sociedade, além de terem deixado bons filhos. Para os yorubá, um casamento sem filho é algo mal sucedido. Na verdade, seu sistema de valores tem por base três coisas: Owó (Dinheiro), Omo (Filhos) e Àíkú (Vida longa).
A Vida Longa é considerada a mais importante porque proporciona a oportunidade que pode tornar possível as duas outras. São esses e toda a linhagem de gerações passadas que, depois da morte se transformam, para seus familiares. Embora os ancestrais compreendam membros masculinos e femininos das gerações anteriores, os ancestrais masculinos são os mais importantes. Ao seguirem para o Òrun, os ancestrais são libertos de todas as restrições impostas pela terra, dessa forma, adquirem potencialidades que podem ser usadas para beneficiar seus familiares que ainda estão na terra.
Por essa razão, é necessário mantê-los num estado de paz e contentamento. Quando dissemos que existe um culto ao ancestral, queremos dizer que o que existe de fato é uma manifestação de relacionamento familiar indestrutível entre o familiar que partiu e seus descendentes que aqui ficaram.De acordo com o Órun ao qual foi destinado, continuará a exercer suas funções familiares, agora de modo mais poderoso sobre seus descendentes que a ele continuam a se referir como Bàbá mi(Meu pai), ou Ìyá mi(Minha mãe). Esta forma salienta o amor e a afeição que caracterizam as relações de ambos. Trazendo ao exemplo: “Eu vou falar com o espírito de meu pai”, mas sim, “Eu vou falar com o meu pai”, numa comprovação de que eles continuam a ter o título de relacionamento que tinham enquanto chefes de família. O fim da vida na terra envolve a questão a respeito do que se transforma o homem após a vida atual.
Toda religião encara isto: Nascimento, Vida e Morte( Ìbí, Ìyé, Àti Ikú), o Pós- Vida (Iyè Lébìn Kú), o Julgamento Divino (Ìdájó ti Olórun) e o possível retorno em outra vida, sucessivamente (Àtúnwa). Ikú – Morte É visto como um agente criado por Olodumaré para remover as pessoas cujo tempo na Terra tenha terminado. A morte é denominada Ikú, e trata -se de um personagem masculino. Sua lógica é para as pessoas mais velhas e que dadas certas condições, devem viver até uma idade avançada.
Por isso , quando uma pessoa jovem morre, o fato é considerado tragédia, por outro lado, a morte de uma pessoa idosa é ocasião para se alegrar. Sobre isto, costuma-se dizer: Ikú Kí pani, ayò I’o npa ni – “A morte não mata, são os excessos que matam” “Todas as coisas que fazemos na terra Damos conta, de joelhos no céu” Somente quando se é absolvido por Olodumaré é que se tem a oportunidade de reunir-se com seus ancestrais, podendo-se reencarnar e renascer dentro da mesma família. Se alguém porém é condenado vai para o Òrun Àpáàdi, onde irá sofrer com maus. Quando finalmente for libertado, não terá oportunidade de viver uma vida normal e será condenado a errar, por lugares solitários, comendo alimentos intragáveis

LENDAS DE IKÚ – MORTE
Em outra história, Ikú está ligada ao mito da criação dos seres humanos. Conta a lenda que Olódùmarè, ao decidir criar o ser humano, designou essa incumbência Òòsààlà, que teve a necessidade de obter o material adequado para aquele propósito. Pensou e achou que o melhor material para moldar os seres humanos seria amòn (o barro) formado pela mistura de terra e água. Então, Òòsààlà que fora incumbido daquela tarefa por Olódùmarè, ordenou a Èsù o mensageiro, que fosse buscar um pouco de lama para que Ele pudesse executar sua tarefa.
Como era corrente e sabido por todos, não havia nada que Èsù não pudesse realizar, e a tarefa parecia super fácil para ele. Mas, ao chegar ao local, quando Èsù meteu a mão na lama arrancando-a, Ayé (a Terra) chorou porque estavam arrancando parte dela e ela sentia muita dor com aquilo. Embora Èsù tivesse fama de mau e implacável, ficou mortificado de pena de Ayé e deixou a lama para lá. Regressou a Òòsààlà e relatou o acontecido.
Òòsààlà então chamou Ògún, este sim, guerreiro intrépido e destemido que em batalhas matava o inimigo até mesmo brincando, resolveria aquele pequeno problema. E lá se foi Ògún. Em lá chegando, quando ele retirou a lama para colocar em sua làbà (bolsa capanga), Ayé caiu em prantos lamentando-se. Ògún também ficou penalizado ora, Ayé não lhe fizera nada de mal e ele não estava zangado, e assim, não tinha ímpeto suficiente para feri-la. E também voltou a Òòsààlà para explicar o seu fracasso em cumprir sua missão.
Assim, um a um dos Òrìsà que foram incumbidos por Òòsààlà para aquela mesma missão, voltava com a mesma desculpa: ninguém foi capaz de tirar a lama de Ayé, cada qual com suas qualidades que o recomendava com a certeza do cumprimento da tarefa, mas, tudo em vão.
Foi aí que Òòsààlà chamou Ikú, deu-lhe a àpò (bolsa) e mandou-o para executar a tarefa que todos os demais Ìmolè tinham fracassado em cumprir. Então, Ikú ao chegar na terra começou a retirar a lama de Ayé, e ela chorou, mas, Ikú não se importou com o pranto dela e pegou toda a lama de que precisava e retornou a Òòsààlà com sua missão cumprida.
Então, após moldar os seres humanos, Òòsààlà plantou uma árvore para cada um, para que ela lhe suprisse o oxigênio e desse continuidade à respiração, iniciada pelo sopro divino de Olódùmarè pois, Olódùmarè o Criador Supremo, insuflou o seu hálito (èémí) para dar vida e mobilidade aos seres humanos. E disse a Ikú que, como fora ele quem retirara o material necessário para moldar os seres humanos, em qualquer época que se fizesse necessário, ele estaria também incumbido de levá-lo de volta para recolocar em seu lugar de origem, após a utilização daquele material. Por isso é, que quando chega a época da devolução daquela porção do material primordial, Ikú é quem vem buscar a pessoa para recolocá-la em seu lugar original.
Visto assim, do ponto de vista das lendas Yorùbá, Ikú (a Morte) não é aquela coisa tenebrosa que nos incutiram desde a mais tenra idade. Ikú, para os Yorùbá tradicionais é ao mesmo tempo, o fornecedor primordial e o restaurador da matéria retirada e fornecida por Ele próprio, sendo Ele assim o princípio e fim, o princípio e o fim e, e o princípio e o fim…, e assim sucessivamente, num eterno círculo, onde não há início nem final, que está sempre recomeçando.
Tudo o que nasce um dia morre; qualquer coisa, animal ou indivíduo, mais dias ou menos dias morrerá.
Se pensarmos bem, veremos que a vida e a morte são faces da mesma moeda: a existência.
Em nossa cultura ocidental em geral, ensinaram-nos a temer a morte, como se ela fosse a pior coisa que poderia nos acontecer. E, ainda desde criança, criaram em nossas mentes algumas imagens para esteriotipar a morte como a figura de alguém vestido com uma túnica longa, usando um capuz cobrindo não somente a cabeça, mas, escondendo a face que nunca aparece, por estar sempre na penumbra formada por esse capuz; ou então, uma outra figura também de túnica longa, com o rosto de uma caveira, também com a cabeça encoberta por um capuz e segurando em suas mãos um grande cajado terminado em feitio de foice; isto, para enfatizar a função do “ceifador de vidas”, de quem ninguém jamais escapará.A história Yorùbá como sabemos, é pródiga em pequenas lendas; para tudo ou quase tudo há sempre uma historinha explicando o porque daquilo. Como não poderia deixar de ser, Ikú (a Morte), também tem suas histórias interessantes. E uma delas conta que:
Ikú, era um jovem guerreiro, forte e muito bonito. Sua beleza era tamanha que impressionava tanto às mulheres quanto aos homens.
As mulheres encantavam-se tanto com sua bela figura que onde quer que o vissem, acompanhavam-no só para poderem continuar admirando aquela criatura tão encantadora. Não podiam desviar os olhos dele.
Os homens, embora tentassem disfarçar ou não quererem admitir que estavam encantados com a beleza de Ikú, também acabavam seguindo-o. Alguns do tipo machão, diziam que seguiam-no somente por curiosidade de saber quem era e onde morava.
Só que Ikú morava no Igbó-Ikú (Floresta dos Mortos ou Floresta da Morte), de onde quem quer que fosse até lá e entrasse, jamais sairia; nunca mais seria visto, pois fora para o Igbó-Ikú.
E todo o encanto e beleza de Ikú, tinham justamente o objetivo de chamar a atenção das pessoas e atraí-las, e que inadvertidamente seguiam-no e adentravam no Igbó-Ikú, o reino dos mortos, onde, evidentemente, o rei era o próprio Ikú e de onde não é permitido a ninguém retornar, uma vez ali adentrado


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