VENHA JOGAR BUZIOS

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sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

EGBE

Egbé
Episódios de aborto e morte prematura de crianças, jovens e adultos podem ser compreendidos como resultantes da ação dos Àbíkú, também chamados Emèré, espíritos pertencentes à Egbé-Àbíkú (Sociedade Abiku). A palavra àbíkú é constituída de a, bí, (ó) ku, que significa tanto nascido para morrer quanto o parimos e ele morreu: designa crianças e jovens que morrem antes de atingir a idade adulta e adultos que morrem antes dos pais. Assim, há duas qualidades de abiku: os àbíkú-omódé, que morrem ainda crianças, e os àbíkú-àgbà, que morrem jovens ou adultos. Tais indivíduos estabelecem com a Sociedade Abiku o ójó orí, pacto de retornarem ao orun ao ser atingida determinada idade. Quando uma mulher sofre sucessivas perdas de filhos recém-nascidos, ainda pequenos, jovens ou mesmo adultos, considera-se que esteja sob a ação de um abiku, espírito que nasce múltiplas vezes através de um mesmo corpo feminino por determinação do destino dessa mulher, por obra de magia ou por circunstâncias de acaso, como a aquisição inadvertida de um abiku por uma grávida que não tenha tomado os devidos cuidados contra isso. Quando uma mulher perde filhos assim, suspeita-se que se trate da ação de àbíkú-omodé; e os episódios de perda de filhos serão interrompidos somente se tomadas as necessárias providências para romper o vínculo desses seres espirituais com a comunidade à qual pertencem no orun. Quanto aos àbíkú-àgbà, o pacto por eles estabelecido com a sociedade determina que o retorno ao orun ocorra em algum momento muito significativo e importante da vida, que pode ser crítico ou de sucesso, como em uma data próxima à formatura, ao casamento, ao nascimento de um filho desejado ou a uma conquista social notável.

Egbé Aráagbó é a comunidade espiritual à qual pertencem os abikus: é constituída pela Egbé Aiyé (Sociedade de amigos do mundo visível, Amigos do mundo visível) e pela Egbé Òrun (Sociedade de amigos do mundo invisível ou Amigos Espirituais) Estando esses dois mundos entrelaçados e intimamente relacionados um ao outro, ambos exercem mútua influência entre si: pode-se presumir que, para que uma pessoa possa viver feliz no aiye, é preciso que esteja em harmonia com seus amigos espirituais no orun.
A solução básica do problema de quem é abiku implica em libertá-lo da sociedade à qual pertence. De fato, implica em tornar cada abiku indesejável ao seu grupo de pertença original no mundo espiritual, de modo que não queiram mais conservá-lo naquela sociedade. Sendo os abikus poderosos, é preciso muito conhecimento por parte dos sacerdotes que se propõem a lidar com eles. Alguns recursos para evitar a morte de um filho abiku e para retirar seu espírito da sociedade à qual pertence podem ser utilizados. Através de rituais é estabelecido um jogo de forças entre Egbé Aragbô e Egbé Abiku: forças de retenção do ser no aiye e forças de resgate deste mesmo ser no orun. Cultos e oferendas são realizados tanto para uns quanto para outros: para esta desistir de retomar seus membros e para aquela protegê-los de serem reconduzidos à companhia de seus pares no orun. Egbé Aragbô atua com Exu pela necessidade de manter o equilíbrio entre o aiye e o orun; age com o auxilio também de Oxum, pela influência dela sobre a fertilidade.
Egbé significa Sociedade: designa a Sociedade dos Espíritos Amigos e se refere, simultaneamente, a um orixá e a uma irmandade ou corporação de seres espirituais: trata-se de Èré igbó ou Aráagbó, que significa Habitante da floresta ou Habitante do além. Este orixá protege contra a morte prematura, acalma o sofrimento material e espiritual e orienta o ori do abiku e de seus devotos a seguir o caminho certo. Atrai progresso econômico e desenvolvimento espiritual, harmonizando esses dois aspectos da existência. Proporciona também os sentimentos de paz, tranquilidade, serenidade e confiança, trazendo a fertilidade em todos os aspectos da vida. Atrai condições para conquistas, domina recursos para promover cura e bem-estar, interfere no destino humano e remove obstáculos da vida: transforma lágrimas em sorrisos. Egbé Aráagbó é venerado para que se possa receber sua proteção contra seres visíveis e invisíveis. As pessoas costumam referir-se a ele dizendo Egbé mi, minha Sociedade, meus Companheiros. Há uma relação importante entre Ibeji e Egbé, pois Ibeji liga-se à natureza, de modo geral, e à floresta, morada de Egbé, de modo particular. Para cultuar um é preciso cultuar o outro.
Por : oduduwa.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

O surgimento do Candomblé do Rio de Janeiro

O surgimento do Candomblé do Rio de Janeiro
As primeiras referências as religiões negras no Rio de Janeiro, falam do Calundu , palavra de origem banto, que significa literalmente espírito que se apossa de alguém.Este termo entretanto passa mais tarde a significar (início século XIX) reuniões de cunho religioso liderados por sacerdotes negros. Vão dar origem mais tarde a formas mais elaboradas da chamada “macumba carioca.” O mais famoso calundusero desta época foi Juca Rosa, precursor da Umbanda e Candomblé na cidade do Rio de Janeiro.
As crônicas de João do Rio (1851-1887) traçaram o perfil da sociedade carioca do final do século, suas sutilezas e associações culturais, permitindo, em nuanças, captar cada pedacinho de sua complexa engrenagem social. Fala dos negros islamizados que, em suas reuniões dominicais, rezavam em árabe, diagnosticavam males e curavam com preces e amuletos, nestes últimos geralmente encontravam – se versículos do Corão.
As suas obras oferecem, também, os endereços dos negros vendedores de ervas, das rezadeiras, dos adivinhos, que atendiam a uma clientela diversificada, que incluía além dos moradores locais dos bairros do centro da Cidade, mas também há uma elite da sociedade carioca da época composta de, desembargadores e funcionários da alta administração da recém-surgida República brasileira. Estes personagens até hoje são lembrados e seus nomes são preservados na história oral dos Candomblés .
O contingente negro baiano, que chegou ao Rio de Janeiro através da migração interna, no final do século XIX, atraído pelas condições da cidade, devido à sua modernização como capital da República e à sua fama de tolerância, vai modificar substancialmente a fisionomia da cidade, incrementando traços próprios de sua cultura, como pudemos analisar anteriormente em outro trabalho.
Esses migrantes vão se localizar perto do Cais do Porto, Saúde e Gamboa, onde a moradia era mais barata, não só por já ser local de fixação de outros grupos negros, mas sobretudo pela proximidade do porto, onde podiam mais facilmente encontrar empregos na estiva. Aí formaram uma comunidade conhecida como a Pequena África, onde suas manifestações culturais puderam ser preservadas, legando à cidade um valioso patrimônio cultural, destacando-se especialmente através da música e da religião.
Trouxeram para o Rio de Janeiro, através da migração, o culto dos orixás. Com eles chegaram muitos líderes religiosos e grupos festeiros, responsáveis pelo desenvolvimento dos Candomblés e por inúmeras associações carnavalescas.
A área onde se instalou essa comunidade constituía-se em uma das partes mais antigas da cidade e, por esse motivo, encontrava-se abandonada pelos setores dominantes. Eram velhos casarões, transformados em casas-de-cômodo, as conhecidas “cabeças-de-porco” ou cortiços, que também se estendiam pelas adjacências da Praça Onze e adentravam o centro da cidade.
Esse Rio de Janeiro, eminentemente negro, afrontou a elite dominante carioca, que seguia o modelo europeu. A única forma de branquear a cidade e torná-la compatível com a ideologia positivista foi a de iniciar o processo de modernização, mandando demolir os prédios antigos, afastando dessa forma seus ocupantes.
O projeto modernizador da cidade, implementado a partir do início do século XX, obrigou o translado de vários grupos para locais então periféricos. Com o centro da cidade demolido, surgiu a opção para a Cidade Nova. As favelas, construídas com materiais dessas demolições, absorveram grande parte dessa população. Um outro contingente expressivo se encaminhou para os subúrbios cariocas, como Madureira, Coelho da Rocha e outras localidades da Baixada Fluminense.
Agenor Miranda da Rocha, conhecido como Oluo (adivinho), escreve suas memórias, vivenciadas em mais de noventa anos, enumerando e localizando as primeiras casas-de-santo do Rio: Mãe Aninha de Xangô funda sua Casa no bairro da Saúde em 1886, depois transferida para São Cristóvão, instalando-se definitivamente em Coelho da Rocha; João Alabá (Omolu), na rua Barão de São Félix, Saúde; Cipriano Abedé (Ogum), na rua João Caetano; Benzinho Bamboxê (Ogum), na rua Marquês de Sapucaí.
Uma das comunidades Jêje encontradas no Rio de Janeiro à época era a de Rosena de Bessein (Azinossibale); africana natural de Allada, que funda o terreiro Kpódagbá no bairro da Saúde, que foi herdado por sua filha- de- santo Adelaide do Espírito Santo, também conhecida como Untinha de Olá (Devodê), que tornou – se a Mejitó do terreiro e transferiu a Casa-de-Santo ou Terreiro para o bairro de Coelho da Rocha. Com o falecimento desta Mejitó (sacerdotisa), assumiu Glorinha de Oxum, mas conhecida como Glorinha Tokueno, herda o terreiro, e atualmente o Kpádagbá está localizado na Rua Julieta nº. 12 – Abolição.
A vinda, para o Rio de Janeiro do Baiano Tata Fomotinho (entre 1915/1920), que aqui vai fundar o seu terreiro chamado Kwe Ceja Nassó e originar uma extensa linhagem.
A primeira localização do terreiro foi no Bairro de Santo Cristo, Centro da Cidade,depois mudou-se para Madureira na Estrada do Portela, estabelecendo-se finalmente no Município de São João de Meriti, Rua Paraíba. Fomotinho de Oxum, como também era conhecido Antonio Pinto de Oliveira deixou inúmeros filhos, netos e bisnetos de santo. Dentre esses, Jorge de Yemanja que fundou o KWe Ceja Tessi, Pai Zezinho de Boa Viagem que fundou o Terreiro de Nossa Senhora dos Navegantes, Tia Belinha que fundou a Colina de Oxosse e Amaro de Xangô.
Atualmente, da mesma origem Jêje, descendendo, entretanto de outro ramo iniciático, são as comunidades de Margarida d`Iemanjá, única representante do Bogum de Salvador, e Waldirzinho de Oxumarê, originário da Casa de Enoque, em Cachoeiras de São Félix. A primeira funda seu Axé em Villar dos Teles, e o último, na localidade de Raiz da Serra.
Na década de cinqüenta, a nação Ijexá também se transfere para o Rio de Janeiro, através de Zezito de Oxum, neto de Eduardo de Ijexá, Pai-deSanto famoso, um dos últimos de sua linhagem em Salvador.
O mais famoso Terreiro do início do século era o de Tia Ciata (Hilária de Almeida), filha de João Alabá e que possuía a sua casa na rua Visconde de Itaúna. Seu prestígio facilitava a concessão de permissão policial para a realização de cerimônias religiosas, assim como para os encontros de samba. No entanto, o relacionamento que ela mantinha com as importantes figuras políticas da antiga capital do Brasil não impediu o deslocamento de seu grupo e de outros Candomblés.
Uma vez que o processo de constituição e implementação dos Terreiros de Candomblé supõe, ao mesmo tempo, a urbe (espaço construído) e a floresta (espaço-mato), o deslocamento imposto, se trouxe algumas dificuldades e problemas, também favoreceu o estreito relacionamento dessas duas dimensões tão importantes no imaginário religioso do povo-de-santo. O espaço-mato, tornando-se mais evidente e próximo, reforçou os laços entre o homem e a natureza, ao mesmo tempo em que circunscrevia o grupo religioso e o protegia da curiosidade dos não-adeptos. Acresce o fato de que as perseguições policiais e o agravamento das discriminações sócio-religiosas deram ensejo ao fortalecimento do sentimento grupal e à demarcação de espaços distintos.
Os templos, embora inseridos no cenário arquitetônico urbano-periférico, podiam ser distinguidos – e ainda o são – através da presença de sinais diacríticos, como a bandeira de tempo (mastro fincado no solo, na entrada do terreno, onde tremula uma bandeira branca) e as quartinhas (potes de barro), colocadas sobre os muros e telhados.
No final da década de quarenta, vem, para a então capital da República, Rio de Janeiro, Cristóvão d´Efon – isto é, da nação Efon, subgrupo Nagô – aqui iniciando várias pessoas, dando origem a uma linhagem muito profícua. Surgem, então, várias comunidades oriundas dessa Casa original de Salvador, como as de Valdimiro de Xangô, Francisco de Iemanjá e muitas outras.
A partir de 1960, nova migração ocorre para o Rio de Janeiro, aqui encontrando muitas casas já constituídas, como: Opó-Afonjá, subsidiária da casa com a mesma denominação em Salvador, na localidade de Coelho da Rocha; a Casa de Meninazinha d´Oxum, hoje em São Mateus; a comunidade de Regina de Bamboxe, localizada em Raiz da Serra; a casa-de-santo de Pai Ninô, em Camari, Nova Iguaçu; a de Mãe Dila, filha de Cipriano Abedé, em São João de Meriti; e muitas outras fundadas a partir da tradição dessas comunidades iniciais.
Nessa década também chegaram, e aqui no Rio de Janeiro se estabeleceram, outras comunidades, originadas das tradicionais casas baianas.
Marina de Ossaim funda o seu terreiro em Belford Roxo; Letícia d´Omolu, em Nova Iguaçu; Almerinda d`Oxossi, em Quintino; Edeusuíta d´Oguiã, em Jacarepaguá; Lindinha d´Oxum, em Villar dos Teles, São João de Meriti; Margarida d´Oxum, em Vila Valqueire; Bida de Iemanjá, em Cascadura; Marta d´Oxum e Simone d´Oxossi, em São Gonçalo; todas pertencentes à mesma linhagem, o Gantois.
Do Alaketu da Bahia vieram Beata de Iemanjá e Delinha d´Ogum, que estabeleceram seus Terreiros em Miguel Couto, Nova Iguaçu; e Janete d´Oxum, na Ilha do Governador.
Da Casa Branca do Engenho Velho se estabelecem: Nitinha d´Oxum, em Miguel Couto, município de Noiva Iguaçu; Tete de Oiá, em Guadalupe; Elza de Iemanjá, em Villar dos Teles, São João de Meriti; e Amanda d´Obaluaiê, em Coelho da Rocha, no município de mesmo nome.
Do local chamado Engenho Velho de Cima, à mesma época, chegam Álvaro Pé-Grande, fundando seu Axé em Jacarepaguá e, ainda no mesmo bairro, em Salvador, porém da Casa de Oxumarê, Benta de Ogum, que se fixou em Cabuçu, município de Nova Iguaçu; Teodora d´Iemanjá e Tomazinha d´Oxum, que estabelecem residência em Villar dos Teles.
Vieram da Ilha de Itaparica, ligados ao culto dos ancestrais Babá-Egum, estritamente masculino, os sacerdotes Laércio e Braga, respectivamente para Villar dos Teles e Caxias. Os sacerdócios, para esse tipo de comunidade, denominados Ojé, são poucos, existindo apenas algumas Casas na região do Recôncavo Baiano.
Originadas na Bahia e transferidas para o Rio de Janeiro, foram as comunidades pertencentes à nação Angola, de Bernardino, do Bate-Folha; Ciriaco, do Tumba-Jussara e o pioneiro dessa religiosidade de origem Bantu, Joãozinho, da Goméia, que aqui se estabeleceu na década de trinta.
A maioria dessas Casas está localizada no perímetro urbano da cidade do Rio de Janeiro, região chamada Baixada Fluminense, que hoje abriga mais de cinco mil e oitocentas casas-de-candomblé de diversas origens.
Autor: desconhecido.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

A ASSOCIAÇÃO CULTURAL SÃO MIGUEL ARCANJO PROPORCIONA MAIS UM EVENTO CULTURAL PARA A COMUNIDADE




No último sábado, 19, a Associação Cultural São Miguel Arcanjo, trouxe à sua comunidade, o primeiro evento cultural de 2019. Evento este que uniu a música, o grafite e a cultura afro-brasileira em momentos de descontração e alegria. Foi um dia cultural na Roça São Miguel Arcanjo em parceria com o grupo “Rupestre Crew”. Além da participação do pessoal do “Samba de Terreiro” , do grupo “Magia Negra" e da Guarda de Moçambique (Reinado de Nossa Senhora do Rosário).
O dia cultural começou com um café da manhã entre os convidados e os filhos de santo do Ilê São Miguel Arcanjo. Momento em que se apresentou para a comunidade, os artistas e se conheceu os objetivos daquele dia e das atividades que iriam ser realizadas.
Logo após o termino do café da manhã se abriu os debates em uma roda de Conversa. Os convidados da Guarda de Moçambique (Reinado de Nossa Senhora do Rosário) relataram suas vivências no Congado e falaram também, da  história do Congado.
Roda de Conversa
 


Ao final da Roda Cultural, O pessoal da Rupestre Crew, pegaram no pincel e traçaram nas paredes das dependências da Associação Cultural São Miguel Arcanjo, vários orixás. Deixando assim, a beleza de seus talentos expostas e embelezando ainda mais o ambiente. 

Em seguida foi apresentado a logo marca da Associação Cultural São Miguel Arcanjo a todos.
Marca essa que irá ser a identidade digital da Associação a partir de agora. A atual presidente a Iyamorô Aiesha de Oyá comentou essa nova fase que começou na Associação: “ Aos poucos estamos estruturando a Associação Cultural São Miguel Arcanjo. O trabalho apenas está começando, mas com a ajuda de todos os irmãos de santo e amigos e orientações dos orixás, iremos aos poucos trazendo mais e mais novidades e dando condições para nossa Associação, se manter sozinha através de parcerias e união de todos da roça São Miguel”, fala. Já para o Babalorixá da Roça São Miguel Arcanjo, Paulo de Oxóssi, o evento trouxe um pouco mais de conscientização para os membros do Ilê em relação aos costumes afro-brasileiros. Camilo Gan, também comentou sobre o dia cultural: “Foi cumprida neste evento para aqueles que vieram e não são das religiões de matrizes africanas, que o povo do candomblé é um povo educado, bonito e que os orixás são energias do bem. A desmistificação é uma luta diária que o povo do santo mais e mais precisam colocar em debate em suas comunidades. Espero que outras casas de umbanda e de candomblé façam este tipo evento para que cada vez mais se possa tirar a ideia errada a respeito da cultura e da  religião afro-brasileira por aqueles que não fazem parte dela”, finaliza  
O dia cultural na Associação Cultural São Miguel Arcanjo terminou com a Roda de Samba. Onde todos puderam dançar e cantar fechando assim, sob as bênçãos dos orixás, o primeiro evento cultural do ano na Associação São Miguel Arcanjo.

Em tempo:





A arte rupestre


A arte rupestre é reconhecida como uma das mais antigas manifestações estéticas do homem ao longo de toda sua história. O termo rupestre vem do francês e significa “gravação” ou “traçado”, fazendo referência direta às técnicas empregadas nas pinturas que representam esse tipo de expressão artística. Encontrada geralmente nas paredes das cavernas e em pequenas esculturas, a arte rupestre tem grande importância na busca de informações sobre o cotidiano do homem pré-histórico.


Para alguns especialistas, o reconhecimento dessas pinturas como sendo algum tipo de arte é bastante complicado, pois nem sempre temos a completa certeza de que as pinturas tratam de algum sentido representativo ou estético. Além disso, muitas pessoas se equivocam ao pensar que a arte rupestre se localiza somente na Pré-História. Pesquisas recentes comprovam que esse tipo de arte se desenvolveu em diferentes periodizações da história do homem.
Atualmente, algumas estatísticas indicam a existência de aproximadamente 400 mil sítios arqueológicos com arte rupestre ao redor de todo o mundo. A África, principalmente nas regiões sul e do Deserto do Saara, concentra a maior quantidade de pinturas e gravuras desse tipo. No Brasil, a arte rupestre é abundante nos sítios arqueológicos encontrados na região do Parque Nacional da Serra da Capivara, onde está o grande sítio de São Raimundo Nonato, localizado no estado do Piauí.
As dificuldades encontradas para se reconhecer e interpretar pinturas rupestres é um enorme desafio para os arqueólogos, paleontólogos e demais especialistas envolvidos com esse tipo de pesquisa. Alguns acreditam que os registros deixados há milhares de anos poderiam indicar uma forma de linguagem desenvolvida. Outras hipóteses levantam a possibilidade de que os desenhos rupestres, principalmente os encontrados no interior das grutas, teriam algum sentido religioso ou cerimonial.
Em linhas gerias, podemos reconhecer a presença de vários temas sendo privilegiados no interior desse tipo de manifestação artística. Em algumas pinturas, temos a produção de traços, formas circulares e formas geométricas. Além disso, temos a recorrência de impressões que reproduzem mãos e pés humanos, bem como as patas de diferentes animais. Em outras manifestações rupestres temos a representação do próprio homem, de animais e de cenas cotidianas que nos conta sobre as atividades dos grupos pré-históricos.
Para realizar seus registros, a arte rupestre faz o uso de uma diversidade de materiais e técnicas. Gravado usualmente em superfícies rochosas, os autores rupestres faziam uso dos dedos ou de algum utensílio que orientasse o desenho a ser realizado. Para fabricar a “tinta” faziam uso do carvão, de fragmentos de óxido de ferro, clara de ovo, água e sangue. Além disso, essa arte também é dividia em diferentes periodizações que organizam suas mais variadas vertentes.
Tomando como referência a organização social do indivíduo, a arte rupestre pode ser fracionada em quatro grupos distintos: os “caçadores-coletores arcaicos”, os “caçadores evoluídos”, os “criadores de rebanhos” e as “sociedades complexas”. Do ponto de vista temporal, se divide no período levantino (6.000 – 4.000 a.C.), onde predominam as representações cotidianas com grande movimento, e o da arte esquemática ( 4.000 a.C. – 1.000 a.C.), tempo em que as formas mais abstratas ganharam espaço.
Por: site: mundo  educação
Ainda tem:  

               Grupo Samba de Terreiro


O grupo Samba de Terreiro foi criado em 2002 com o compromisso de levar ao conhecimento da sociedade os elementos essenciais que originaram o samba: reza do corpo, ritmos, tambores, improvisação vocal e interatividade. Tem como ideal reverenciar o lúdico na música, no ritmo do samba, provindos de dentro dos milhares de terreiros, onde a energia do samba se manifesta como acontece também, essa emanação de energia ao culto aos orixás.
O BLOCO MAGIA NEGRA nasce do desejo de reunir um coletivo de pessoas comprometidas no combate ao preconceito étnico-racial relacionado ao povo de pele preta. Para emanar o principal objetivo do bloco que é o de reverenciar os valores da cultura afro, dando ênfase à imensa contribuição do povo negro na formação e construção do Brasil em todos os seus segmentos.
Exaltando e visibilizando, através da dança, cantos, tambores, instrumentos de sopro, diversos patrimônios materiais e imateriais gerados pela diáspora africana no Brasil e no mundo, manifestando suas ações através de expressões artísticas com a missão de combater o feitiço racista. É importante salientar que esse movimento deseja promover um carnaval educativo que vai além do entretenimento. Nesse sentido assumiremos para o bloco a responsabilidade sócio cultural embasada no caráter de nos constituirmos como um bloco afro que visibilize mulheres e homens pretos.
O BLOCO AFRO MAGIA NEGRA foi concebido por Camilo Gan. Músico, educador musical, percussionista, dançarino, coreógrafo, compositor, poeta, construtor de instrumentos de percussão e restaurador de acordeons e sanfonas.
 IMAGENS: REDESOCIAL

quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

O QUE É EBÓ?

O QUE É EBÓ?
Ebó são uma série de rituais visando corrigir várias deficiências na vida de um ser humano (saúde, amor, prosperidade, trabalho profissional, equilíbrio, harmonia familiar, etc.)
A composição de cada ebó depende de sua finalidade e seus componentes irão desde bebidas, frutas, folhas, velas, adornos, alimentos secos, mel, dendê, louças, artefatos de barro ou ágata.
A palavra ebó (èbò), para o iorubá, e adrá (adhá), para o povo fon, tem o significado de "presentear", "sacrificar", designando então todas as formas de as pessoas se dovotarem.
O ebó tem como premissa ser o "princípio do axé", pois é através dele que o axé se fortalece e se distribui.
O sentido de "fazer ebó" tem uma grande amplitude, porque ele faz parte de rituais que permitem o fortalecimento da vida espiritual, como também faz parte dos rituais que ajudam a afastar forças negativas, que trazem a instabilidade.
São elementos que podem ser ofertados para Exú, eguns e Odus e também para os Orixás e demais divindades, sempre com variadas finalidades.
Mas o ebó não se presta somente a pedidos, ele se destina a diversas formas e funções: súplica, oferenda, limpeza corporal e espiritual, agradecimentos ou simplesmente agrados e comemorações.
É uma ferramenta infalível de comunhão do homem com as divindades e com todos os moradores do Orum.
Contudo, quando ofertamos ebó, existe a necessidade da ajuda de certas divindades que têm o papel específico de servir de intermediadoras entre a entrega e a aceitação no Orum.
É ai que surgem Osetuwá (Òsètuwá) e Exú Ojixebó (Èsù Òjisè-ebó), recptores e destinadores.
Eles levam nossas súplicas e oferendas e as entregam aos seus destinatários, o que permite que aquilo que é ofertado tenha como consequencia o alcance da graça pedida.
Por isso, quando a pessoa decide fazer um ebó, precisa ter plena certeza do que realmente deseja, ter a convicção de que o que deseja não prejudicará ou agredirá a outros.
Precisa fazer os preceitos de bom grado, com o coração limpo e, principalmente, com muita fé.
É somente por meio da fé que conseguimos nos comunicar com os poderes criados po Olorum.
Em determinados momentos da vida do ser humano, o ebó é exigência imprescindível para trazer equilíbrio.
Por exemplo: quando o abiã vai ser recolhido para a sua feitura; quando o desequilíbrio e a desarmonia estão prejudicando as pessoas física e espiritualmente; desavenças e guerras no dia-a-dia, e outras várias necessidades.
Os ebós produzem uma perfeita sintonia, trazendo harmonia entre os homens e também entre estes, e o ambiente ao seu redor, e variados são os tipos de ebós que nos auxiliam.
Porém, existe um que é principal e primordial, e que deve ser perseguido por todos: "querer vencer", isso significa saber enfrentar os obstáculos, derrubá-los e persistir em todos os momentos de nossa vida.

sábado, 5 de janeiro de 2019

ORI

“Ori é o Orixá que pode escolher o melhor para o humano. Sem Ori não podemos cultuar Orixá”
Por: José Antônio de Almeida
- Toluaye-
ORI O ORI O ORI MI O! SE RERE FUN MI! MEU ORI! SE ALEGRE COMIGO!
Para termos idéia quanto a importância e precedência do ORI em relação aos demais ORISA, um Itan do ODU OTURA MEJI, ao contar a história de um ORI que se perdeu no caminho que o conduzia do ORUN para o AIYE, relata: “… OGUN chamou ORI e perguntou-lhe, “Você não sabe que você é o mais velho entre os ORISA? Que você é o líder dos ORISA?’…”. Sem receio podemos dizer, “ORI mi a ba bo ki a to bo ORISA”, ou seja, “Meu ORI, que tem que ser cultuado antes que o ORISA” e temos um oriki dedicado à ORI que nos fala que ” KO SI ORISA TI DA NIGBE LEYIN ORI ENI”, significando, “… Não existe um ORISA que apóie mais o homem do que o seu próprio ORI…”.
Quando encontramos uma pessoa que, apesar de enfrentar na vida uma série de dificuldades relacionadas a ações negativas ou maldade de outras pessoas, continua encontrando recursos internos, força interior extraordinária, que lhe permitam a sobrevivência e, inclusive, muitas vezes, mantém resultados adequados de realização na vida, podemos dizer, “ENIYAN KO FE KI ERU FI ASO, ORI ENI NI SO
Da mesma forma que o ORI de Afuwape sobreviveu, O seu sobreviverá. Ele será favorável a você. Tudo de que você precisa, Tudo o que você quer para a sua vida, É ao seu ORI que você deverá pedir. É o ORI do homem que ouve o seu sofrimento…”
O que é então ORI, de que a natureza é constituído e qual o seu papel na vida do homem? Em primeiro lugar, acredita-se que o corpo humano é constituído de duas partes: a cabeça e o suporte – ORI e APERE. Acredita-se que este corpo adquire existência na medida em que recebe de OLODUMARE o sopro vivificador – o EMI.
Este sopro foi o agente do processo da criação em seu primeiro momento e tem sido o responsável pela geração e continuidade de toda a vida no universo. Este modelo descrito e de entendimento abrangente para todas as formas de vida é repetido no ser humano.
A cabeça e o seu suporte, ORI-APERE são formados a partir dos elementos matrizes, enquanto o ORI-INU, interior, representa, na sua constituição, uma combinação de elementos, porções de matéria-massa que é particularizada durante o processo de modelagem de cada ORI. Ele é único e, por conta disso, particulariza e dá individualização à existência.
Essa combinação “química” definirá parte das relações do homem com o mundo sobrenatural e a religião, na medida em que determina o seu ELEDA, ORISA – símbolo do elemento cósmico de formação, a que chamamos, adiante, de IPORI, daquele ORI-INU em particular.
No Brasil vimos, com certa frequência, o ELEDA ser chamado de ORISA-ORI, simplificação da relação aqui exposta. ELEDA segundo Juana Elbein dos Santos em Os Nagô e a Morte, “se refere à entidade sobrenatural, à matéria-massa que desprendeu uma porção da mesma para criar um ORI, consequentemente Criador de cabeças individuais…”
Segundo a autora também, “A espécie de material com o qual são modelados os ORI individuais indicará que tipo de trabalho é mais conveniente, proporcionando satisfação e permitindo a cada um alcançar prosperidade. Indica também as interdições – EWO – aquilo que lhe é proibido comer, por causa do elemento com o qual o seu ORI foi modelado”.
Ou seja, os EWO representam a proibição de que o indivíduo “coma” alimentos que contenham a mesma “matéria” da qual foi retirada uma porção para modelagem do seu ORI. A não observância da interdição traduz-se por uma disfunção energética de consequências profundamente negativas para o equilíbrio do indivíduo, seja do ponto de vista orgânico, seja do ponto de vista do mundo emocional, seja quanto as suas condições de realização do “programa” particular de existência.
Falamos até aqui sobre a natureza e a constituição do ORI. Agora, qual o seu papel na vida do homem? O conceito de ORI está intimamente ligado ao conceito de destino pessoal e à instrumentalização do homem para a realização deste destino.
Um Itan do ODU OGUNDA MEJI, nos dá a exata dimensão da matéria quando nos relata sobre a correspondência entre o ORI e o homem e a relação de causa e efeito existente nesta correspondência:
“… ORI, eu te saúdo!”. Aquele que é sábio, Foi feito sábio pelo próprio ORI. Aquele que é tolo, Foi feito mais tolo que um pedaço de inhame, Pelo próprio ORI…”
NI”, ou seja, “as pessoas não querem que você sobreviva, mas o seu ORI trabalha para você”, trazendo, essa expressão, um indicador muito importante de que um ORI resistente e forte é capaz de cuidar do homem e garantir-lhe a sobrevivência social e as relações com a vida, apesar das dificuldades que ele enfrente.
Esta é a razão pela qual o EBORÍ, forma de louvação e fortalecimento do ORI utilizada em nossa religião, é utilizado muitas vezes, precedendo ou, até, substituindo um EBO. Isso se faz para que a pessoa encontre recursos internos adequados, esta força interior de que falamos, seja à adequação ou ajustamento de suas condições frente às situações enfrentadas, seja quanto ao fortalecimento de suas reservas de energia e consequente integração com suas fontes de vitalidade.
É importante dizer que é o ORI que nos individualiza e, por conseqüência, nos diferencia dos demais habitantes do mundo. Essa diferenciação é de natureza interna e nada no plano das aparências físicas nos permite qualquer referencial de identificação dessas diferenças. . Sinalizando essa condição, talvez uma das maiores lições que possamos receber com respeito a ORI possa ser extraída do Itan ODU OSA MEJI, que reproduzimos a seguir e que é a resposta que foi dada por IFÁ para Mobowu, esposa de OGUN, quando ela foi lhe consultar:
“ORI BURUKU KI I WU TUULU. A KI I DA ESE ASIWEREE MO LOJU-ONA. A KI I M’ ORI OLOYE LAWUJO. A DIA FUN MOBOWU TI I SE OBINRIN OGUN. ORI TI O JOBA LOLA, ENIKAN O MO KI TOKO-TAYA O MO PE’RAA WON NI WERE MO. ORI TI O JOBA LOLA, ENIKAN O MO.” TRADUÇÃO “Uma pessoa de mau ORI não nasce com a cabeça diferente das outras. Ninguém consegue distinguir os passos do louco na rua. Uma pessoa que é líder não é diferente E também é difícil de ser reconhecida. É o que foi dito à Mobowu, esposa de OGUN, que foi consultar IFÁ.
Tanto esposo como esposa não deviam se maltratar tanto, Nem fisicamente, nem espiritualmente. O motivo é que o ORI vai ser coroado E ninguém sabe como será o futuro da pessoa.” Para os yorubá o ser humano é descrito como constituído dos seguintes elementos: ARA, OJIJI, OKAN, EMI e ORI. ARA é corpo físico, a casa ou templo dos demais componentes. OJIJI é o “fantasma” humano, é a representação visível da essência espiritual. OKAN é o coração físico, sede da inteligência, do pensamento e da ação. EMI, está associado a respiração, é o sopro divino. Quando um homem morre, diz-se que seu EMI partiu.
ORI é o ORISA pessoal, em toda a sua força e grandeza. ORI é o primeiro ORISA a ser louvado, representação particular da existência individualizada (a essência real do ser). É aquele que guia, acompanha e ajuda a pessoa desde antes do nascimento, durante toda vida e após a morte, referenciando sua caminhada e a assistindo no cumprimento de seu destino. ORI em yorubá tem muitos significados – o sentido literal é cabeça física, símbolo da cabeça interior (ORI INU). Espiritualmente, a cabeça como o ponto mais alto (ou superior) do corpo humano representa o ORI.
Enquanto ORISA pessoal de cada ser humano, com certeza ele está mais interessado na realização e na felicidade de cada homem do que qualquer outro ORISA. Da mesma forma, mais do que qualquer um, ele conhece as necessidades de cada homem em sua caminhada pela vida e, nos acertos e desacertos de cada um, tem os recursos adequados e todos os indicadores que permitem a reorganização dos sistemas pessoais referentes a cada ser humano. Reforçando esta questão temos um oriki que nos diz
“ORI LO NDA ENI ESI ONDAYE ORISA LO NPA ENI DA O NPA ORISA DA ORISA LO PA NIDA BI ISU WON SUN AYÉ MA PA TEMI DA KI ORI MI MA SE ORI KI ORI MI MA GBA ABODI” TRADUÇÃO “ORI é o criador de todas as coisas ORI é que faz tudo acontecer, antes da vida começar É ORISA que pode mudar o homem Ninguém consegue mudar ORISA ORISA que muda a vida do homem como inhame assado AYÉ*, não mude o meu destino Para que o meu ORI não deixe que as pessoas me desrespeitem Que o meu ORI não me deixe ser desrespeitado por ninguém Meu ORI, não aceite o mal.” (* AYÉ – conjunto das forças do bem e do mal) Como foi dito, não existe um ORISA que apóie mais o homem do que o seu próprio ORI: um trecho do adura (reza) feito durante o assentamento de um IGBA-ORI diz: KORIKORI Que com o àse do próprio ORI, O ORI vai sobreviver KOROKORO.

Da mesma forma que o ORI de Afuwape sobreviveu, O seu sobreviverá. Ele será favorável a você. Tudo de que você precisa, Tudo o que você quer para a sua vida, É ao seu ORI que você deverá pedir. É o ORI do homem que ouve o seu sofrimento…” O que é então ORI, de que a natureza é constituído e qual o seu papel na vida do homem? Em primeiro lugar, acredita-se que o corpo humano é constituído de duas partes: a cabeça e o suporte – ORI e APERE. Acredita-se que este corpo adquire existência na medida em que recebe de OLODUMARE o sopro vivificador – o EMI.
Este sopro foi o agente do processo da criação em seu primeiro momento e tem sido o responsável pela geração e continuidade de toda a vida no universo. Este modelo descrito e de entendimento abrangente para todas as formas de vida é repetido no ser humano. A cabeça e o seu suporte, ORI-APERE são formados a partir dos elementos matrizes, enquanto o ORI-INU, interior, representa, na sua constituição, uma combinação de elementos, porções de matéria-massa que é particularizada durante o processo de modelagem de cada ORI. Ele é único e, por conta disso, particulariza e dá individualização à existência.
Essa combinação “química” definirá parte das relações do homem com o mundo sobrenatural e a religião, na medida em que determina o seu ELEDA, ORISA – símbolo do elemento cósmico de formação, a que chamamos, adiante, de IPORI, daquele ORI-INU em particular. No Brasil vimos, com certa frequência, o ELEDA ser chamado de ORISA-ORI, simplificação da relação aqui exposta. ELEDA segundo Juana Elbein dos Santos em Os Nagô e a Morte, “se refere à entidade sobrenatural, à matéria-massa que desprendeu uma porção da mesma para criar um ORI, consequentemente Criador de cabeças individuais…”
No ODU OGBEYONU (Ogbe Ogunda) vamos encontrar ainda, “… Quando acordo pela manhã coloco minha mão no ORI. ORI é fonte de sorte. ORI é ORI!…”. É um oriki dedicado à ORI, mostrando o papel que ORI tem na vida de cada pessoa quanto as suas relações interpessoais, suas relações com as outras pessoas, e as suas condições de realização e progresso em todos os empreendimentos da vida, nos diz: “ORI MI MO KE PE O O ORI MI A PE JE ORI MI WA JE MI O KI NDI OLOWO O KI NDI OLOLA KI NDI ENI A PE SIN LAYE O, ORI MI LORI A JIKI ORI MI LORI A JI YO MO LAYE” TRADUÇÃO Meu ORI Eu grito chamando por você Meu ORI, Me responda Meu ORI, Venha me atender Para que eu seja uma pessoa rica e próspera Para que eu seja uma pessoa a quem todos respeitem Oh, meu ORI! A ser louvado pela manhã, Que todos encontrem alegria comigo” Toda existência no universo da Criação se processa em dois planos: O mundo visível, o AIYE, universo concreto que habitamos, e o mundo invisível, ORUN, onde habitam os seres sobrenaturais e os “duplos” de tudo o que se encontra manifestado no AIYE. Não são, como é possível pensar, mundos independentes ou rigidamente separados. Na realidade podemos afirmar que o AIYE é, antes de mais nada, uma “projeção” da realidade essencial que tem existência e se processa no ORUN.
Como diz a Profa. Dra. Iyakemi Ribeiro, em seu livro “Alma Africana no Brasil: os iorubás”, “Para o negro-africano o visível constitui manifestação do invisível. Para além das aparências encontra-se a realidade, o sentido, o ser que através das aparências se manifesta. Sob toda manifestação viva reside uma força vital: de Deus a um grão de areia, o universo africano é sem costura. (Erny, 1968:19) Universo de correspondências, analogias e interações, no qual o homem e todos os demais seres constituem uma única rede de forças.” É necessário entender, assim, que AIYE e ORUN constituem uma unidade e, enquanto expressões de dois níveis de existência, são inseparáveis e complementares. Essa unidade é simbolizada pelo IGBA-ODU, cabaça formada de duas metades unidas onde a parte inferior representa o AIYE e a parte superior representa o ORUN. No interior, os “elementos
indispensáveis à existência individualizada”. Poderia ser representada por uma figura e sua imagem refletida no espelho – há plena identidade entre elas, uma é apenas a imagem invertida da outra. Podemos dizer nessa figuração que o AIYE é a imagem refletida do ORUN. Essa analogia provavelmente explica a situação conhecida de que os ODU, quando vieram do ORUN para o AIYE, tiveram sua ordem de precedência invertida. Ou seja, muito embora no AIYE considere-se EJIOGBE MEJI como o mais antigo dos ODU, todo Babalawo saúda OFUN MEJI, ou ORANGUN MEJI como é também conhecido, em sua realeza, dizendo: eepa ODU!, Louvando assim sua antiguidade e sua precedência efetiva.
Temos assim que toda existência no AIYE reflete uma realidade anterior existente no ORUN. A existência no AIYE implica em processar-se uma “modelagem” anterior no ORUN, a partir da qual porções de matérias-massas que constituem a base da existência genérica são tomadas em fragmentos particulares e vão constituir a manifestação dessa existência em forma individualizada no AIYE.
Esses elementos matrizes possuem, por consequência, dupla existência: uma parcela presente no ORUN e a outra parcela dando vitalidade ou formação às diferentes partes que formam a “realidade” individualizada de vida. A esses fragmentos particulares retirados da massa genitora chamamos IPORI e é ele, IPORI, que determinará o ORISA que cada indivíduo cultuará no AIYE, condicionando também sua instrumentalização particular na relação com a vida e o repertório possível de escolhas que possa realizar.
A RESPEITO DO DESTINO HUMANO Podemos perceber que a compreensão sobre o papel que ORI desempenha na vida de cada homem está intimamente relacionado à crença na predestinação – na aceitação de que o sucesso ou o insucesso de um homem depende em larga escala do destino pessoal que ele traz na vinda do ORUN para o AIYE. A esse destino pessoal chamamos KADARA ou IPIN e é entendido que o homem o recebe no mesmo momento em que escolhe livremente o ORI com que vai vir para a terra.
ORI desempenha um papel importante para os seguidores de IFÁ. Nele acredita-se que escolhemos nossos próprios destinos. E nós o fazemos mediante os auspícios do ORISA IJALA MOPIN. A esfera de ação de IJALA é junto a OLODUMARE e é ele que sanciona as escolhas de destino que fazemos. Essas escolhas são documentadas pelas divindades que chamamos de ALUDUNDUN. Um verso de IFÁ explica esta questão: ” “Você disse que foi apanhar o seu ORI. Você sabia onde Afuwape apanhou o seu ORI? Você poderia ter ido lá para apanhar o seu. Nós pegamos nossos ORI nos domínios de IJALA, Assim somente nossos destinos diferem”
IJALA é responsável pela modelação da cabeça humana, e acredita-se que o ORI e o ODU – signo regente de seu destino que escolhemos, determina nossa fortuna ou atribulações na vida, como foi dito. IJALA, embora notável em sua habilidade, não é muito responsável e, por isso, muitas vezes modela cabeças defeituosas: pode esquecer de colocar alguns acabamentos ou detalhes desnecessários, como pode, ao levá-las ao forno para queimar, deixá-las por um tempo demasiado ou insuficiente.
Tais cabeças tornam-se assim, potencialmente fracas, incapazes de empreender a longa jornada para a terra, sem prejuízos. Se, desafortunadamente, um homem escolhe uma dessas cabeças mal modeladas, estará destinando a fracassar na vida. Durante sua jornada para a terra, a cabeça que permaneceu por tempo insuficiente ou demasiado no forno, poderá não resistir à ação de uma chuva forte e chegará mais danificada ainda. Todo o esforço empreendido para obter sucesso na vida terrena terá grande parte de seus efeitos desviada para reparar tais estragos.
Pelo contrário, se um homem tem a sorte de escolher uma das cabeças realmente boas, tornar-se próspero e bem sucedido na terra, uma vez que sua cabeça chega intacta e seus esforços redundam em construção real de tudo aquilo que se proponha a realizar. O trabalho árduo trará, ao homem afortunado em sua escolha, excelentes resultados, já que nada é necessário dispender para reparar a própria cabeça. Assim, para usufruir o sucesso potencial que a escolha de um bom ORI acarreta, o homem deve trabalhar arduamente. Aqueles, entretanto que escolheram um mau ORI têm poucas esperanças de progresso, ainda que passem o tempo todo se esforçando.
Sendo estes os pressupostos, retomamos as perguntas: Como saber se a escolha do próprio ORI foi boa ou má? Pode um homem conhecer as potencialidades da própria cabeça ou da cabeça de outrem?
O Jogo divinatório de IFÁ possibilita que a pessoa tome conhecimento dos desígnios do próprio ORI, saiba a respeito do ORISA ou IRUNMALE que deve ser cultuado e conheça seus EWO – proibições quanto ao consumo de alimentos, uso de cores e condutas morais.
Muitas referências são feitas às relações entre ORI e o destino pessoal. O destino descrito como IPIN ORI – a sina do ORI – pode ser dividido em três partes: AKUNLEYAN, AKUNLEGBA E AYANMO.
AKUNLEYAN é o pedido que você fez no domínio de IJALA – o que você gostaria especificamente durante seu período de vida na terra: o número de anos que você desejaria passar na terra, os tipos de sucesso que você espera obter, os tipos de parentes que você deseja.
AKUNLEGBA são aquelas coisas dadas a um indivíduo para ajudá-lo a realizar esses desejos. Por exemplo: uma criança que deseja morrer na infância pode nascer durante uma epidemia para garantir a morte dele ou dela.
AYANMO é aquela parte do nosso destino que não pode ser mudada: nosso gênero (sexo) ou a família em que nascemos, por exemplo. Ambos, AKUNLEYAN e AKUNLEGBA podem ser alterados ou modificados quer para bom ou para mau, dependendo das circunstâncias. Assim o destino descrito como IPIN ORI – a sina do ORI pode sofrer alterações em decorrência da ação de pessoas más chamadas como ARAYE – filhos do mundo, também chamadas AIYE – o mundo ou ainda, ELENINI – implacáveis (amargos, sádicos, inexoráveis) inimigos das pessoas.
Entre estes encontram-se as ÀJÉ – bruxas, os OSO – feiticeiros, os envenenadores e todos aqueles que se dedicam a práticas malignas com intuito de estragar qualquer oportunidade de sucesso humano. Sacrifício e ritual podem ajudar a melhorar as condições desfavoráveis que podem ter resultados destas maquinações maléficas imprevisíveis. Todo ORI, embora criado bom, acha-se sujeito a mudanças. Vimos que feiticeiros, bruxas, homens maus e a própria conduta podem transformar negativamente um ORI, sendo sinal dessa transformação uma cadeia interminável de infelicidades na vida de um homem a despeito de seus esforços para melhorar.
O ORI, entidade parcialmente independente, considerado uma divindade em si próprio, é cultuado entre outras divindades, recebendo oferendas e orações. Quando ORI INU está bem, todo o ser do homem está em boas condições. Como foi dito, nossos ORI espirituais são por eles mesmos subdivididos em dois elementos: APARI-INU e ORI APERE – APARI-INU representa o caráter (natureza), ORI APERE representa o destino.
Um indivíduo pode vir para a terra com um destino maravilhoso, mas se ele ou ela vem com mau caráter (natureza), a probabilidade de desempenho (cumprimento, execução) desse destino é severamente comprometida. O destino também pode ser afetado, então, pelo caráter da própria pessoa. Um bom destino deve ser sustentado por um bom caráter. Este é como uma divindade: se bem cultuado concede sua proteção. Assim, o destino humano pode ser arruinado pela ação do homem. IWA RE LAYE YII NI YOO DA O LEJO, ou seja, – “Seu caráter, na terra, proferirá sentença contra você”. No ODU de OGBEOGUNDA, IFÁ diz: “Um pilão realiza três funções Ele tritura inhame Ele tritura índigo Ele é usado como uma tranca atrás da porta Foi feito um jogo adivinhatório para Oriseku, Ori-Elemere e Afuwape Quando eles foram escolher seus destinos nos domínios de IJALA – MOPIN Foi solicitado para eles que realizassem rituais Somente Afuwape realizou os rituais que foram solicitados. Ele, em consequência, tornou-se muito afortunado. Os outros lamentaram, disseram que se soubessem onde Afuwape escolheria seu ORI, eles teriam ido até lá para escolher os seus também. Afuwape respondeu que, embora seus ORI fossem escolhidos no mesmo lugar, seus destinos é que diferiam.”
A questão que aí se apresenta é que somente Afuwape mostrou bom caráter. Respeitando sua crença e realizando seus sacrifícios, ele trouxe as bênçãos potenciais de seu destino para a efetiva realização. Seus amigos Oriseku e Ori-Elemere falharam em mostrar bom caráter pela recusa em realizar seus rituais e, por isso suas vidas sofreram as consequências.
O nome IPIN está igualmente associado à ORUNMILÁ, conhecido como ELERI-IPIN – o Senhor do Destino e que é aquele que esteve presente no momento da criação, conhecendo todos os ORI, assistindo o compromisso do homem com seu destino, os objetivos de cada um no momento de sua vinda para o AIYE, o programa particular de desenvolvimento de cada ser humano e sua instrumentalização para o cumprimento desse programa.
ORUNMILÁ conhece todos os destinos humanos e procura ajudar os homens a trilhar seus verdadeiros caminhos. Temos, assim, que um dos papeis mais importantes de IFÁ em relação ao homem, além de ser o intérprete da relação entre os ORISA e o homem, é o de ser o intermediário entre cada um e o seu ORI, entre cada homem e os desejos de seu ORI. Apenas como registro, é preciso entender que esse mesmo papel ORUNMILÁ tem na relação com os demais ORISA, sendo o intermediário entre cada um e o seu ORI. E ORUNMILÁ, Ele mesmo, consulta IFÁ!
Nos momentos de crise, a consulta ao oráculo de IFÁ permite acesso a instruções a respeito dos procedimentos desejáveis, sendo considerados bons procedimentos os que não entram em desacordo com os propósitos do ORI.O ser que cumpre integralmente seu IPIN-ORI (destino do ORI), amadurece para a morte e, recebendo os ritos fúnebres adequados, alcança a condição de ancestral ao passar do AIYE para o ORUN. Há a crença na existência de duas áreas ocupadas por espíritos dos mortos: ORUN RERE – o bom “céu”, habitado pelas divindades e ancestrais, e ORUN APAADI – o “céu” de muitas infelicidades, habitado pelos infelizes que sofreram má sorte e pelos maus, julgados pelo Ser Supremo, segundo o ser caráter. Estes últimos ficam condenados à solidão e ao esquecimento, sem direito a lembrança ou a aparecerem em sonhos e visões – morrem totalmente.
ORUN RERE, por outro lado, é prazeiroso e sereno, vivendo os espíritos numa comunidade composta de parentes e amigos. Podem também permanecer junto aos familiares e intervir em suas atividades diárias, sendo-lhes permitido reencarnar em alguma criança nascida no âmbito familiar. A respeito do ORI, resta ainda lembrar que trata-se de uma divindade pessoal, a mais interessada de todas no bem estar de seu devoto. Se o ORI de um homem não simpatiza com sua causa, aquilo que ele deseja não pode ser concedido nem por OLODUMARE, nem pelos ORISA.
Da mesma forma se o caráter de um indivíduo é mau, sua escolha de destino pode não se realizar. Se nossa situação é realmente de um mau destino, e não é uma consequência de nosso caráter ou comportamento, então nosso ORI-APERE precisa ser apaziguado. Oferendas prescritas ou rituais devem ser realizados para nos trazer de volta a um alinhamento saudável.
Considera-se vital para todo homem recorrer a IFÁ, sistema divinatório de consulta a ORUNMILÁ, a intervalos regulares para tomar conhecimento do que agrada ou desagrada o próprio ORI. Enquanto intermediário entre a pessoa e as divindades (entre as quais o próprio ORI) IFÁ não apenas informa sobre os desejos divinos, mas também conduz os sacrifícios ofertados às divindades para que estas possam cumprir seu papel: ajudar os ORI a conduzirem as pessoas à realização do próprio destino.
Se as coisas estão indo mal em sua vida, antes de apontar um dedo acusador para as bruxas, para feitiços ou para seus inimigos, examine sua natureza. Se Você tem por hábito maltratar as pessoas ou não considerar seus sentimentos, não procure qualquer felicidade ou sorte em sua vida, não importando o quanto Você possa ser bem sucedido materialmente.
Se, por outro lado, Você ajuda os outros e dá felicidade a eles, sua vida será cheia, não só de riquezas, mas também de alegria e felicidade. No entanto, lembre-se, é decididamente muito mais fácil alterar seu destino do que sua natureza. “Por toda parte onde ORI seja próspero, deixe-me estar incluído, Por toda parte onde ORI seja fértil, deixe-me estar incluído, Por toda parte onde ORI tenha todas as coisas boas da vida, deixe-me estar incluído. ORI, coloque-me em boa situação na vida,
Que meus pés me conduzam para onde as coisas me sejam favoráveis. Para onde IFÁ está me levando eu nunca sei Jogaram para Assore no início de sua vida. Se há qualquer condição melhor do que aquela em que estou no presente, Que possa meu ORI não falhar em colocar-me nela. Meu ORI me ajude! Meu ORI faça-me próspero!
ORIN ORI
Ori ka f’anjá Ori ô Ori ka f’anjá Ori ká f’anjá Ori ô Ori ka f’ajnjá Ori ká f’anjá alá umbó bàbá lá toloxé Agô ni kekerê kerê kê Agô ni kekerê kerê kê eru janjan
Ori ka f’anjá Ori ô Ori ka f’anjá Ori ká f’anjá Ori ô Ori ka f’ajnjá Ori ká f’anjá alá umbó bàbá la toloxé Ago ni kekerê kerê kê Agô ni kekerê kerê kê eru janjan
Orí ô Ori apere Lé fibô didê lésé orixá Apere ô ori ô orí apere Lé fibô didê lésé orixá
Ori ô Ori xê Awa dá meuá l’apere ô ori ô Ori xê e uá lese orixá Ori gbó apere
Orí gbó mó gbó tijí Orí gbó a pe re Ori gbó mó gbó tijí Ori loman bó inxê
Ori loman Iyemoja mi xekê mi ô Iyemoja mi xekê mi rô Orí ô Iyemoja mi xekê mi ô
Ori mi ô xererê fun mi Ori mi ô xererê fun mi Ori oká unsanu oka Ori ejo unsanu ejô
Afomo opué Ori mi ô xererê fun mi O guégué oló guégué O guégué Ori umbó Ori mi axé um o yê
Oni dôdô ori man i man yin Oni dôdô ori man i man yin Ibá ti kotá lobé fakalé E a um ô loni á fi a jí
Omobá olokó ilé Omobá olokó ilé Omobé yi delê Omobé yi delê o yê Omobá olokó ilé
ORI é o protetor do homem antes das divindades.