VENHA JOGAR BUZIOS

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sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Ações futuras para o povo do axé

Da idéia do babalorixá Sivanilton (Pecê) do Ilê Axé Oxumarê, acolhida pelo Coletivo de Entidade Negras (CEN), surgiu em novembro de 2005 a Caminhada pela Vida e Liberdade Religiosa. Foram anos de muita fé e luta para montar uma atividade política do povo de axé que não ganhasse o caráter lúdico. Todo este esforço foi recompensado este ano com dois gestos significativos e que demonstram amor e respeito de todo o povo do candomblé.

De um lado o CEN despe-se de vaidades e monta a Comissão pela Vida e Liberdade Religiosa, abrindo mão do controle da caminhada para todas as entidades nacionais que tratam da cultura religiosa afro-brasileira. Ao seu tempo, estas entidades reconhecem a importância da atividade para o povo de axé e a consolidam em âmbito nacional a partir de 2009.

Também foi criado um documento que entra para os anais das religiões de matrizes africanas intitulado Carta de Salvador e que é composto de quatro parágrafos, os iniciais copiados abaixo:

"Nós, sacerdotisas, sacerdotes, vivenciadores e simpatizantes da tradição de matriz africana, reunidos nesta cidade entre os dias 20, 21, 22 e 23 de novembro de 2008, para participar da IV Caminhada pela Vida e Liberdade Religiosa e do Seminário Liberdade Religiosa - uma Questão de Direitos Humanos, sobre as bênçãos de Olorum, Nzambi, Mawu Lisa, Deus, vimos de público afirmar que:

Devido à importância político-social que hoje representa a Caminhada pela Vida e Liberdade Religiosa e sua confluência na proposição organizativa das comunidades tradicionais de Norte a Sul, Leste a Oeste do País, decidimos por maioria torná-la oficialmente a Caminhada Nacional pela Vida e Liberdade Religiosa, podendo a mesma abrigar todos os segmentos da tradição de matriz africana no território nacional, passando sua organização para o coletivo de entidades signatárias desta carta."

O documento pontua uma agenda nacional para as religiões de matrizes africanas durante o biênio de 2009/10:

"Devido à importância político-social do recenseamento a ser realizado em território nacional pelo IBGE em 2010 e ao fato de nunca ter sido dada a devida importância ao segmento afro-brasileiro, buscando de fato o estabelecimento do perfil qualitativo e quantitativo da nossa população, definimos pela realização de uma campanha de ação afirmativa nacional protagonizada pelas entidades negras representativas da tradição de matriz africana, em parceria com as demais entidades do movimento social negro, elaborada e criada a partir da realidade vivenciada nas comunidades de tradição. Para esta campanha buscar-se-ão as necessárias parcerias com os órgãos governamentais em todas as instâncias.

As organizações signatárias desta carta aberta têm em comum a luta contra toda e qualquer forma de discriminação, de intolerância religiosa e pressuposto do reconhecimento da humanidade do outro e de seus direitos civis e sociais; estando as mesmas unidas pelo mesmo objetivo em todo o território nacional, exigindo do Estado o cumprimento do seu papel, em relação aos seus direitos."

A Carta de Salvador foi assinada pelo CEN, Nafro, Cetrab, Intecab, Monabantu, Fenacab, Cenarab, AFA, Cedrab, Ciafro, Abam, Acoma, Rede Religiões Afro-Brasileiras e Saúde e por mais de 400 autoridades religiosas de terreiros de candomblé de mais de 10 estados do Brasil que participaram do encontro. Ela é fruto da unidade interna.

A Carta surge no momento em que a intolerância religiosa ronda a sociedade brasileira e os terreiros e que a busca de afirmação dos religiosos de matrizes africanas torna-se nítida através de uma série de parcerias com o Estado. Notamos que o axé, o nguzu, a força vital necessitam jorrar em abundância e compreendemos o momento que vivemos.

Os terreiros são os maiores centros irradiadores dos anseios políticos do povo negro em sua essência mais ancestre. São o ponto focal da resistência com suas raízes fortes e vibrantes de onde brotaram os elementos mais significativos das tradições africanas e sua diversidade no Brasil. Agora, continuamos a pedir bênçãos aos ancestrais e às divindades, arregaçar as mangas e trabalhar, pois este é apenas o começo. Que os orixás, inquisses, voduns e encantados para sempre sejam louvados.

FONTE: A TARDE: On Line.

domingo, 18 de janeiro de 2009

OBRIGAÇÕES

Um ano após a feitura, o nascimento no santo , o Yaô deve fazer sua primeira obrigação que tem por significado comemorar esse nascimento e o reforço de seus votos e fidelidade com o Orisá.
São oferecidos um bori e um animal de duas patas.
Os votos serão renovados ao se completar três (03) anos de iniciado. Serão oferecidos um bori e um animal de quatro patas que seja do fundamento do orisá do yaô que está tomando a obrigação.
Aos sete (07) anos de feitura o yaô alcançará a maior idade no santo tornando-se Ebomi (irmão mais velho)e a partir desse momento estará pronto para assumir as funções sacerdotais ,ou seja, tornar-se dono de sua própria casa de Santo. Ele já pode assumir o posto de Babalorixá.
Deká ou obrigação de sete anos, é como se intitula este ritual de passagem.
As obrigações dentro do candomblé, não podem ser adiantas, ou seja, dadas antes do prazo existe a necessidade de ser respeitado o tempo para que sejam realizadas.
Somente a iniciação não assegura que o Yaô, receba o cargo de Ebomi ,ele precisa cumprir todas as etapas descrita anteriormente e mesmo tendo mais de sete (7) anos de iniciado,é necessário que passe por todos os rituais de passagem seguindo a ordem cronológica para deixar de ser um YAÔ e se tornar um Sacerdote.
O Ebomi recebe durante a cerimônia, elementos de fundamental utilidade para que exerça a função sacerdotal, entre estes elementos : Os Búzios e a navalha são importantíssimos para da a ele o direito e assim a obrigação Deká seja completa. Além dos elementos ele passa a ser detentor do fio de grau : RUNGEBE.
Outras duas obrigações são necessárias a este novo Ebomi. As de 14 anos e de 21 anos de santo.

Obrigação de Sete Anos.

A Maioridade dentro do candomblé é atingida quando o adoxu completa os sete anos de iniciado. O Ritual de passagem que se processa é chamado de “OBRIGAÇÃO DE SETE ANOS”( Oyé ou deká). Nesse ritual o adoxu deixa de ser yaô e passa a ser um Ebomi, que quer dizer irmão mais velho, e recebe o seu cargo (OYÉ): seja de sacerdote ,seja de autoridade na comunidade que faz parte.
Um filho de santo quando reconhecido pela comunidade do candomblé como um membro importante pode ser emancipado e assumir essas funções antes de completar sete anos, mas a obrigação não pode ser adiantada. Lembrando sempre que ninguém pode dar o que não tem.
Na obrigação de sete anos, o adoxu recebe uma série de elementos imprescindíveis às funções de um sacerdote,como os búzios, a navalha,as sementes e frutos sagrados os pós de efun,ossun,iorossun, waji,ilu,etc. Tudo é entregue em uma peneira e é o conjunto desses objetos rituais que constitui o DEKÀ.
Quando se trata de um novo Babalorixá , o ideal é que ele receba o Deká em seu próprio terreiro,no dia da inauguração. Então o novo ebomi é apresentado à todos (Egbé) para que se cante o oyé. Todos aqueles que já têm oyé (ijoyé) são convidados a dançar em frente ao novo sacerdote,reverenciando e desejando boa sorte no sacerdócio. Os mais novos são convidados a tomar a benção do “irmão mais velho”.
Completar simplesmente os sete anos de iniciação não assegura a um yaô passar à categoria de ebomi. É necessário que se cumpra todas as obrigações e adquira todos os conhecimentos necessários para se alcançar esse posto.Dessa forma uma pessoa com trinta anos de santo não lhe é assegurada ,mesmo com tanto tempo que foi iniciada, o posto de ebomi e sim ainda é um yaô até o dia que tomar a obrigação de sete (07 ) anos.
Na obrigação de sete anos, o adoxu receberá um fio de contas chamado Rungebe, uma tradição incorporada aos ritos da nação Jeje, grande símbolo de senioridade, o chamado fio de grau. É o único colar que só os ebomis podem usar.
Após essa obrigação de sete anos, é de costume comemorar outras duas: a de 14 e 21 anos de santo.
Mas as obrigações de fato imprescindíveis depois da feitura, são as obrigações de um ano, três anos e sete anos que são sempre comemoradas com grandes Festas.

FIOS DE TEMPO

POR: Guilherme Augusto Rezende Lemos

O Candomblé é uma religião iniciática de caráter progressivo. Sua organização se estabelece a partir de um conceito peculiar de hierarquia onde o que está “acima” não tem, necessariamente, poder sobre o que está “abaixo”, mas vai adquirindo, com o tempo e as “obrigações”, o direito de participar e “ver” aspectos mais profundos do cotidiano religioso obtendo, com isso, mais conhecimento. A ascensão hierárquica se faz pela associação indissolúvel de tempo e conhecimento; tempo sem conhecimento ou conhecimento sem tempo constiuem-se como caminhos desviantes que tornam o indivíduo inadequado à convivência coletiva. Em síntese, a hierarquia no candomblé se estabelece no sentido dos que “sabem” (no tempo) para os que “não sabem” (por terem pouco tempo).
No candomblé o saber sempre se realiza no real, quem sabe, não sabe para si nem por si, sabe a partir da necessidade e para fins. O saber é ao mesmo tempo o segredo, a necessidade e a capacidade de materializar o conhecimento, transmutando mitos em ritos, práticas e objetos. Quanto mais conhecimento tanto mais ritos, práticas e objetos.
Um caminho interessante para se constatar isso é observância sobre o fio de conta que, mais que um adorno, é uma marca e uma fonte de axé. O simples colar ao imergir na devida mistura de folhas quinadas, associada a alguns outros materiais transforma-se numa identificação que remete o indivíduo ao seu lugar na comunidade.
A cerimônia da lavagem das contas é, por assim dizer, a inserção do neófito no universo mítico e místico do candomblé. Ao receber seus primeiros fios de conta, geralmente um fio de Oxalá e outro de seu orixá pessoal, o então abiã se apercebe da importância de Oxalá no conjunto dos orixás. Oxalá é o deus do branco, o pai dos orixás, ou seja, uma energia geradora que antecede, no tempo, os demais orixás. Oxalá pró-cria, abranda, esfria e descansa. Os primeiros conhecimentos acerca deste orixá circunscrevem-se na própria simbologia do branco que, sendo o somatório de todas as cores, traz em si todas as possibilidades de cor. É a energia de onde tudo sai e para onde tudo retorna, por isso o branco é tanto a cor que festeja o nascimento como a que marca o momento da morte. O luto no candomblé é branco, pois representa o retorno do indivíduo à massa informe da ancestralidade. Por isso, necessariamente, o primeiro fio que se recebe é o branco de Oxalá, simbolizando o estado de latência que caracteriza o abiã como um candidato à iniciação. O branco de Oxalá dialetiza o justo descanso com o movimento gerúndio.
No período da iniciação, o iaô, além de fazer jus a uma pequena coleção com os inhãs dos orixás que participam de sua configuração espiritual, recebe algumas contas específicas que o identificam como tal, são elas o mocam, o quelê e os deloguns, nesta ocasião os fios irão “comer” junto com o “santo”, isto é, configurar-se-ão como verdadeiros campos de força.
Após a obrigação de três anos, é comum ao ainda iaô, já com alguma graduação, ser presenteado com alguma conta mais “enfeitada” adquirindo, com isto, o direito de criar para si colares mais rebuscados com missangas um pouco maiores e até alguns poucos corais, primando ainda pela discrição.
Por ocasião da obrigação de sete anos, o agora ebomi, adquire adornos que o identificam como tal: o runjebe, o lagdbá, o brajá, o âbar, o monjoló, os corais, as contas africanas multicolorias e o alabastro. Mais que isto, ganha a liberdade total de criar seus próprios fios, seja no tamanho das contas, na riqueza dos detalhes ou dos próprios materiais a utilizar (ouro, prata, etc.). O ebomi já conhece os seus “fundamentos”, por isto a liberdade.
Entretanto, não termina aí o aprendizado. Até os sete anos, o iaô, é tutelado e educado por seus iniciadores, a partir daí é tutelado pela própria liberdade. Muito embora, parafraseando José Flávio Pessoa de Barros, “a modéstia não seja bem vinda no candomblé”, o bom tom e a justa medida são apreciadíssimos. O ebomi deve ser um exemplo para o iaô, principalmente no que tange ao manuseio de sua própria liberdade e a adequação às situações, dentro e fora da comunidade. A confecção e utilização dos fios de conta deve ser sempre um exercício da criatividade, mas também deve responder à uma estética própria do candomblé que preserva através de seus objetos a sua própria história; inovações excessivas ferem a justa medida e tornam-se inadequadas, posto que os objetos são importantes instrumentos de apoio à manutenção da tradição oral.


Ibá re ô, Egbon mi.(MEUS RESPEITOS AOS MAIS VELHOS)

A finalidade deste texto é orientar as pessoas que não conhecem o candomblé.

Porque se iniciar ou não no candomblé...

A iniciação:


Com a globalização que aí está e a Internet, vai ser muito dificil esconder segredos guardados a sete chaves como vinha sendo feito há uma centena de anos pelos antigos do candomblé.

A finalidade de se guardar esses segredos era justamente para que não caíssem em mãos erradas e fossem usados para fins inescrupulosos, como já está acontecendo.

O candomblé é uma religião iniciática mas nem todos nasceram para ser sacerdotes, gostaria de salientar que essa iniciação só deve ser feita em última instância, só em caso de extrema necessidade, quando não tiver outra alternativa.


A iniciação no candomblé não é uma coisa que se faça levianamente sem observar as consequências provenientes de erros, caso o pai ou mãe de santo não estejam preparados devidamente para isto.


Por que iniciar uma pessoa que não precisa ser iniciada? Só pelo dinheiro? Tem muita gente fazendo isso sem nenhum escrúpulo. São os mercenários de nossa religião que não tem o menor respeito pelo Orixá que dirá pelas pessoas desavisadas que caem em suas mãos.

Sempre que for fazer uma consulta em qualquer casa de candomblé, fique atento, não dê dinheiro algum sem antes confirmar em outros lugares se é isso mesmo que estão dizendo. Se disserem que tem que fazer um ebó, borí, ou iniciação, vá jogar em outros lugares para confirmar a resposta do jogo, se for igual em pelo menos tres lugares diferentes então faça. Caso contrário não faça nada, não gaste seu dinheiro sem saber se é realmente necessário.

Muitas pessoas pensam que é só fazer o santo e já pode ser pai ou mãe de santo, a coisa não é bem assim...
Não é porque a pessoa se iniciou, que obrigatoriamente terá que abrir casa ao completar sua iniciação na obrigação de sete anos.
Não são todos filhos de santo que tem cargo para ser um sacerdote. O sacerdote já nasce com essa missão e em proporção seria 1 em cada 1000 que deveria se preparar para essa árdua tarefa.

O que está acontecendo no candomblé é uma distorção grave, quando se pensa que todo iaô tem que abrir casa. Um absurdo.
Muitos não tem nem fibra e nem capacidade para ser um lider, abrem suas casas e depois de um tempo despacham tudo no rio e vão para as igrejas de crentes como se isso resolvesse o problema.

E os culpados disso são os pais e mães de santo que inventaram essa nova modalidade de ganhar dinheiro, pois cada iaô que o incompetente for tirar, terá que chamar o pai ou a mãe para raspar porque ele não sabe. Pois não conviveu o tempo suficiente na roça para aprender o mínimo necessário e já abriu uma casa.

Mesmo com pais ou mães de santo competentes, é preciso saber que candomblé não se resume às festas de barracão, a festa é só o final da cerimônia, não como muitos pensam que é só chegar na hora da festa para dançar, "candomblé não é só isso".


O candomblé propriamente dito começa uma semana antes de cada festa, com muita gente na casa lavando, passando, cozinhando, limpando e enfeitando, quando você entra no barracão e vê as bandeirinhas no teto da cor do Orixá que está sendo homenageado, alguém teve que comprar, cortar e colar as bandeirinhas e colocá-las no lugar para que o barracão fique bonito.

As anáguas, toalhas brancas, ojás precisam ser engomadas e passadas, (detalhe na maioria das roças é no tanque por não ter máquina de lavar, e se tiver não é usada porque gasta muita luz) isso normalmente é feito pelas ekedis ou pessoas que moram na casa de candomblé, mas e as suas anáguas quem vai engomar? Quem vai passar? É durante o período de abian que muita gente vai aprender a lavar suas roupas, engomar e passar para poder usar na festa.


Se você não sabe lavar roupa ou nunca lavou vai ter que aprender ou pagar para que alguém faça para você. Na maioria das vezes é do que vivem as pessoas que moram dentro de uma casa de candomblé, lavam e passam as roupas dos que não sabem ou não tem tempo para fazer.

Durante a semana diversas obrigações são feitas, de acordo com a determinação do jogo de búzios, Exús, Eguns e os Orixás homenageados. Os bichos tem que ser limpos por alguém e tratados pois será servido uma parte para os Orixás e outra parte para todos os presentes na festa. Você já limpou uma galinha, um pato, um pombo ou um cabrito?

Ah! tem dó?!!!, Tem nojo? ah bom!!! Então pode ir pensando no assunto, na hora de tirar as penas todo mundo tem que ajudar não importa cargo, é uma das coisas que os abians e iaôs podem fazer.

Alguém precisa limpar a casa e deixar impecável para que ninguém saia falando. Isso os abians e iaôs também podem fazer sem problemas, se você nunca varreu sua casa, vai aprender a varrer barracão e quintal que normalmente são enormes.

A comida precisa ser preparada e estar pronta antes de começar a festa para que as pessoas que estavam no fogão possam tomar banho e se arrumar para a dita festa.

Quando chegar num candomblé e notar algumas pessoas com cara de cansadas e cochilando em alguma cadeira, não repare essa pessoa deve estar com todos os ossos do corpo doendo de uma semana de trabalho duro para que você possa ver uma festa bonita.

Se você é leigo no assunto, procure conhecer um pouco mais antes de fazer qualquer coisa.

Não deve se iniciar só porque acha bonito, porque gosta das roupas, porque gosta do ritmo envolvente sem pensar nas responsabilidades e consequências da iniciação.

Não se inicia para depois de um ano chegar a conclusão que não era bem isso que se queria.

Quando você se inicia no candomblé você está criando um vínculo com o seu Orixá, com a casa, com o pai ou mãe de santo, você passa a fazer parte de uma comunidade, por isso deve escolher bem a casa.


Antes de qualquer coisa, acho que a pessoa precisa consultar vários jogos de búzios para saber se todas as respostas de jogo são iguais, não se deve confiar cegamente em ninguém.

Depois de consultar vários jogos já dá para saber se precisa realmente ser iniciado ou não, aí a pessoa precisa escolher a casa e o pai ou mãe de santo que mais lhe inspire confiança, procurar saber quem são seus ancestrais, em que casa ele foi feito, tudo isso para não ter surpresas e aborrecimentos no futuro. Estou dizendo isto porque existem muitas pessoas com casa aberta e nem são iniciados no candomblé e dizem que são. Estou falando de Candomblé !!!

Uma pessoa que não foi iniciada, não pode iniciar outras pessoas, porque não recebeu o Axé de ninguém. E pelo que me consta ninguém pode dar aquilo que não tem.

Mesmo que lhe digam que precisa ser iniciado (fazer o santo), tenha calma e não vá fazendo no primeiro lugar que lhe disseram, procure outros lugares, se informe, o santo não vai te matar se você não fizer imediatamente, se ele é seu Orixá ele quer o melhor para você.

Por isso mesmo existem os abians nas casas de candomblé, são pessoas que participam das festas e algumas obrigações na casa sem a responsabilidade de ser um iniciado.

Para fazer parte do candomblé não pode ser preguiçoso, se está pensando que vai chegar numa roça de candomblé e ficar encostado olhando os outros trabalharem, esqueça, todos trabalham por igual em pról da comunidade, se é uma casa prá todos os filhos, todos os filhos tem que ajudar. E não é ao pai ou mãe de santo que estão ajudando. Quando limpar a roça pense que alguém está fazendo a comida que você vai comer e o que você está fazendo se reverterá em benefício de todos e para que todos tenham um lugar agradável e limpo para ficar.


Durante o período de abian é que você aprende a dançar no barracão, aprende as cantigas, convive com todos da roça e tem a possibilidade de conhecer um por um, nesse período é que você vai descobrir se está no lugar certo, caso não seja poderá ir para outra casa pois ainda não tem vínculo nenhum com o pai ou mãe de santo e nem com a casa.

O Axé é transmitido do pai ou mãe de santo para o iniciado de diversas formas, uma delas é na iniciação através do Adoshu que é colocado na parte superior da cabeça, onde penetrará o Axé ali depositado.
O Axé vai sendo transmitido aos poucos, através das rezas, cantigas, banhos, boris, na feitura, na obrigação de 1 ano, 3 anos, (em algumas nações tem a de 5 anos), 7 anos, 14 anos, 21 anos de santo, daí em diante enquanto o pai ou mãe for vivo.

O certo é permanecer na casa onde se foi iniciado, mas em decorrência de muitos desentendimentos entre pais e filhos de santo tem havido uma constante mudança de casa.
Para os que não sabem...você nunca vai ser tratado em outras casas, como na casa onde você foi iniciado, existe uma diferença, ou seja (você não é do meu Axé), pode ser muito bem camuflado mas que esse sentimento existe, existe....
Na primeira discussão você pode ouvir isso, não digo do pai de santo, mas dos outros filhos da casa com certeza.

Depois da morte:

Quando um iniciado morre esse Axé depositado precisa ser retirado antes do enterro através de uma outra cerimônia e dependendo do tempo de iniciação a cerimônia do Axexê vária de 1 a 7 dias.

Então quando uma pessoa pretende se iniciar no candomblé, já deve estar ciente que sua família terá que arcar com as despesas da cerimônia do Axexê após sua morte, caso não tenha deixado dinheiro para esse fim.

São cerimônias caríssimas tanto a iniciação como o Axexê, lógico que as despesas terão que ser custeadas pelo iniciado ou por sua família. Se você não tem o dinheiro o Orixá sabe disso e não vai pedir aquilo que você não pode dar. Normalmente ele espera o tempo que for necessário, desde que ele veja que você está guardando nem que seja um centavo por mês.

O que acontece com mais frequência é a pessoa se iniciar (fazer o santo) sem saber desses detalhes e só depois de alguns anos de feito é que vai descobrir que quando morrer estará deixando um compromisso para a família que muitas vezes nem sabe do que se trata.

Quando o iniciado não fez a obrigação de 7 anos ou seja ainda é um iaô, na maioria das vezes nem é feito o axexê individual, só é feita a primeira cerimônia, isso se a família permitir que se faça.

E muitos, mesmo tendo obrigação de 7 anos a família que não faz parte do candomblé não permite que se faça as cerimônias necessárias.

Esse é um dos maiores problemas que os pais e mães de santo enfrentam quando morre algum filho de santo, ter que fazer as cerimônias e encontram obstáculos em virtude da família do filho de santo não conhecer a religião e não permitir e nem arcar com as despesas das mesmas.

Outro caso, esta semana recebi uma mensagem de uma pessoa que tendo um parente falecido há uma semana, e que era feito no santo. Ele não sabia o que fazer com os assentamentos que estavam em um quarto dos fundos da casa onde mora. Segundo a pessoa, já tinha ido procurar um pai de santo e este cobrou R$ 14.000,00 para ir despachar os assentamentos, o triste é que a família não tem nenhum dinheiro. E agora José?


A parte que se refere a casa de santo, o pais e mães de santo fazem, jogam os búzios e o que for determinado será feito com relação ao Orixá do filho de santo, será despachado ou ficará na casa.

Para os filhos de santo nessas situações são feitos axexês coletivos sem a ajuda da família, cumprindo a obrigação da casa reverenciando todos os que já morreram.

Quando o falecimento é de um pai ou mãe de santo é muito mais complicado.

Todos os filhos da casa se reúnem e chamam um outro pai ou mãe de santo mais velho que saiba fazer a cerimônia do axexê.

Logicamente esse pai ou mãe de santo cobrará por seus serviços. Normalmente os pais de santo já deixam um dinheiro reservado para essa finalidade. Caso não tenha deixado, as despesas com os materiais, bichos, bem como o serviço do pai ou mãe de santo contratado terão que ser pagos pelos filhos de santo da casa.

É uma cerimônia trabalhosa e cansativa que dura 7 dias e quem estiver no primeiro dia não poderá sair da roça até que termine tudo. E não termina por aí... tem o axexê de mês, de 3 meses, 6 meses, 1 ano e daí por diante....

Além disso, todos os filhos da casa terão que tirar a mão do pai de santo falecido, seja com a pessoa que herdar a casa ou com outro pai ou mãe de santo de sua escolha.

Por isso antes de pensar em fazer o santo, pense bem, mas pense mesmo em tudo o que escrevi acima.

Só se inicie no candomblé em caso de extrema necessidade, deixo bem claro que esta é a minha opinião.

Cada um deve saber onde amarrar seu burro, o ditado é velho mas ainda é válido.

AUTORA: Jurema D'Oxum

FONTE: http://br.geocities.com/jurema.geo/links/artigo3.html

Candomblé de Angola

Religião afro-brasileira, de origem banto, que compreende as nações de Angola e Congo (Cassanges, Kikongos, Kimbundo, Umbundo e Kiocos), e se desenvolveu entre os escravos africanos que falavam a linguagem Kimbundo e Kikongo e são facilmente reconhecidos pela maneira diferente de cantar, dançar e percutir seus tambores.

Na hierarquia de Angola o cargo de maior importância é para homem Tata Nkisi (tata de inquinces) e para mulher Mametu Nkisi (Mametu de inquices), que correspondem ao Babalorixá e a Yalorixá dos Yorubás, e o Deus supremo é Zambi (Nzambi) ou Zambiapongo (Ndala Karitanga).

O Candomblé de Caboclo é uma modalidade desta nação, e cultua os antepassados indígenas. Há uma nação que faz parte do Batuque do Rio Grande do Sul que descende de Angola, que é a Cabinda.

Os rituais da nação Angola começam com o Massangá, que é o batismo na cabeça do iniciado, feito com água doce e Obi; Bori com sacrifício de animais para o uso do sangue (menga); ritual de raspagem, conhecido como feitura de santo; ritual de obrigação de 1 ano; ritual de obrigação de 3 anos, onde muda o grau de iniciação; ritual de obrigação de 5 anos, com o uso de frutas, obrigação de 7 anos, quando o iniciado recebe seu cargo, é elevado ao grau de Tata Nkisi (zelador) ou Mametu Nkisi (zeladora). Após 7 anos de obrigações, será renovado a cada ano com o rito de Obi ou Bori, conforme o caso, e de 7 em 7 anos se repete as obrigações para conservar o individuo forte, se transformando em Kukala Ni Nguzu, que quer dizer um ser forte. Além dos búzios, outro sistema antigo de consulta é o Ngombo, no qual o adivinhador recebe o nome de Kambuna.

Os principais Nkisi são: Aluvaiá (também conhecido como: Nkuyu Nfinda, Tata Nfinda, Tona e Cubango), Bombo Njila(Bombojira), Vangira(feminino), Pambu Njila, Pambuguera; Nkisi Nkosi Mukumbe, Roxi Mukumbe, Burê; Nkisi Kabila, Mutalambô, Gongobila, Lambaranguange; Nkise Katendê; Nkisi Zaze (Nsasi, Mukiamamuilo, Kibuco, Kiassubangango) Loango; Nkisi Kaviungo ou Kavungo, Kafungê; Nkise Angorô e Angoroméa; Nkisi Kitembo ou Tempo; Nkisi Tere-Kompenso; Nkisi Matamba, Bamburussenda, Nunvurucemavula; Nikisi Kisimbi, Samba; Nkisi Kaitumbá, Mikaiá; Nkisi Zumbarandá; Nkise Wunge; Nkisi Lembá Dilê, Lembarenganga, jakatamba, Kassuté Lembá, Gangaiobanda; Nkisi Nwunji, Nkisi Kaitumbá, Mikaiá, Kukueto; Nkisi Ndanda Lunda; Nkisi Kaiangu; Kariepembe, Pungu Wanga; Kobayende; Pungu Kasimba; Nkita Kiamasa; Nkita Kuna; Lukankazi, Luganbe, Nzambi Bilongo; Mutalambô, Katalombô, Gunza, Nkuyo Watariamba;

Os cargos e divisão do poder espiritual são:
Mam’etu ria Mukixi - Sacerdotisa chefe (Angola)
Nengua ia Nkisi - Sacerdotisa chefe (Congo)
Tat’etu ria Mukixi - Sacerdote chefe (Angola)
Dise ia Nkisi - Sacerdote chefe (Congo)
Tata Kivonda - Pai sacrificador de animais (Congo)
Kambodu Pokó - Sacrificador de animais (Angola)
Muxikiangoma - Tocador de atabaque
Njimbidi - Cantador (Angola)
Ntodi - Cantador (Congo)


FONTE: http://ocandomble.wordpress.com/2008/06/08/nacoes-do-candomble-2/