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quinta-feira, 29 de maio de 2008

MÃE ANA RECEBE PRÊMIO "MAMMA AFRICA"

O III Prêmio África Brasil, evento internacional criado e realizado pelo Centro Cultural Africano, que homenageia personalidades, empresas e governos que se destacaram com projetos e ações sociais e contribuíram na inclusão sócio-cultural e ambiental sustentável dos afros descendentes.
Em sua terceira edição, entre os laureados que receberam o troféu “Mamma África”, foi homenageada um ícone dentro do candomblé: Mãe Ana de Ogun.
A cerimônia de premiação realizada no dia 24 de maio, data que antecede a comemoração da Independência da África, no Four Plus Hotel, em São Paulo, também foi marcada por ser o dia do Odu da Iyalorixá homenageada. Junto de suas irmãs de Barco (que foram convidadas especiais): Iyá Beth de Oxalá e Iyá Walquiria de Oxum ,dona Ana recebeu o prêmio na categoria Religião.



A Ekedi Soraia nos disse ,que sua Mãe Ana, estava muito emocionada e agradecida pela homenagem que recebeu: "Mami é uma mulher muito determinada, forte e séria. Para ela o prêmio foi também um presente de Ogun uma vez que o recebeu exatamente no dia do Odu dela",falou.



Nós todos queremos deixar aqui um grande abraço e desejar a IYA ANA DE OGUN que continue sua luta defendendo a todos que precisam de sua ajuda e de seus conselhos. Que seu exemplo dentro do candomblé seja cada vez mais seguido,imitado e divulgado para que o candomblé não perca sua essência.

Adupé!!!


Kiron.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Ekedi Confirmada


No último dia 26 de abril na cidade do Rio de Janeiro, a Ekedi Andréia d Yobá ,filha de Saulo de Osoguian, foi confirmada como Ekedi de Osoguian.

A Festa foi no ILÊ Baba Epe Lode e entre as pessoas mais importantes: dona Oba Aganju ,Detinha de sango (a mais velha do asé engenho velho), Beata de imonja,Marcos de iemonja entre outros.

Andréia ficou tão emocionada que não se conteve: " Já são dez anos que era suspesa; fui raspada e feita de santo. O que aconteceu hoje é uma realização. Estou muito feliz e agradeço a todos que me ajudaram chegar até aqui",finaliza.
Parabéns amiga Ekedi Andréia!!!!!!


segunda-feira, 26 de maio de 2008

Entenda um pouco sobre nações

Os escravos brasileiros pertenciam a diversos grupos étnicos, incluindo os Yoruba, os Ewe, os Fon, e os Bantu. Como a religião se tornou semi-independente em regiões diferentes do país, entre grupos étnicos diferentes, evoluíram diversas "divisões" ou nações, que se distinguem entre si principalmente pelo conjunto de divindades veneradas, o atabaque (música) e a língua sagrada usada nos rituais.
A lista seguinte é uma classificação pouco rigorosa das principais nações e sub-nações, de suas regiões de origem, e de suas línguas sagradas:
Nagô ou Iorubá - Ketu ou Queto (Bahia) e quase todos os estados - Língua Yoruba (Iorubá ou Nagô em Português) - Efan na Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo - Ijexá principalmente na Bahia - Nagô Egbá ou Xangô do Nordeste no Pernambuco, Paraíba, Alagoas, Rio de Janeiro e São Paulo - Mina-nagô ou Tambor-de-Mina no Maranhão - Xambá em Alagoas e Pernambuco (quase extinto).
Bantu, Angola e Congo (Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Rio Grande do Sul), mistura de Bantu, Kikongo e Kimbundo línguas. - Candomblé de Caboclo (entidades nativas índios)
Jeje A palavra Jeje vem do yorubá adjeje que significa estrangeiro, forasteiro. Nunca existiu nenhuma nação Jeje na África. O que é chamado de nação Jeje é o candomblé formado pelos povos fons vindo da região de Dahomé e pelos povos mahins. Jeje era o nome dado de forma pejorativa pelos yorubás para as pessoas que habitavam o leste, porque os mahins eram uma tribo do lado leste e Saluvá ou Savalu eram povos do lado sul. O termo Saluvá ou Savalu, na verdade, vem de "Savê" que era o lugar onde se cultuava Nanã. Nanã, uma das origens das quais seria Bariba, uma antiga dinastia originária de um filho de Oduduá, que é o fundador de Savê (tendo neste caso a ver com os povos fons). O Abomei ficava no oeste, enquanto Ashantis era a tribo do norte. Todas essas tribos eram de povos Jeje[1].(Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo) - língua Ewe e língua Fon (Jeje) - Jeje Mina, língua Mina São Luiz do Maranhão - Babaçuê no Pará - Omoloko, Rio de Janeiro e Minas Gerais (quase extinto).

ILÊ-IFÉ: O BERÇO DO MUNDO

IIê-Ifé : O Berço Religioso dos Yorubas, de Odùduwà a Sàngó
Ilê-Ifé a origem do Mundo A cidade de Ilê-Ifé é considerada pelos yorubas o lugar de origem de suas primeiras tribos. lfé é o berço de toda religião tradicional yoruba (a religião dos Òrìsà, o Candomblé do Brasil),é um lugar sagrado, onde os deuses al chegaram, criaram e povoaram o mundo e depois ensinaram aos mortais como os cultuarem, nos primórdios da civilização. Ilê-Ifé é o "Berço da Terra".
"Em um tempo onde os Deuses e Heróis andavam na terra com os Homens."
OlódùmarèOlódùmarè o ser superior dos yorubas, que vive num universo paralelo aonosso, conhecido como Òrún, por isso Ele é também conhecido como Àjàlórúne Olórun "Senhor ou Rei do Òrún", que através dos Òrìsà por Ele criado,resolve incumbir um dos Òrìsà funfun (do branco), Òrínsànlá, (o grandeÒrìsà) o primeiro a ser criado, também chamado de Òrìsà-nlá e de Obàtálá,de criar e governar o futuro Àiyé : a Terra, do nosso universo conhecido.Ele lhe entrega o Àpò-Iwá (a sacola da existência) o qual contém todas ascoisas necessárias para a criação, e é aclamado como Aláàbáláàse, "Senhorque tem o poder de sugerir e realizar". Como a tradição mandava, paratodos, antes de iniciar a viagem ele foi consultar o oráculo de Ifá, comÒrúnmìlà, outro Òrìsà funfun, e este lhe orientou a fazer algunssacrifícios a divindade Èsù, mas se ele já era orgulhoso e prepotente,mais ainda ficou, se recusou e nada fez, mas foi avisado que infortúniospoderiam ocorrer.
Òrìsànlá, de posse do Àpò-Iwá, põe-se a caminhar pelo Òrún, para chegar à"porta do espaço", até então um vazio, que viria a ser o Àiyé. Ele é oÒrìsà que usa um cajado ritual conhecida como òpásóró, durante o caminho,com muita sede, ele se defronta com o igi-òpé (árvore do dendêzeiro) e como seu òpásóró, perfura o caule da árvore da qual começa a "jorrar o emu"(vinho de palma), e põe-se a beber, a tal ponto, que cai totalmenteembriagado no pé da palmeira e dorme profundamente. O infortúnio começaacontecer.
OdùduwàOutro Òrìsà funfun, o segundo criado por Olódùmarè, por conceito"irmão mais novo" de Òrìsànlá, ficou enciumado, porque Olódùmarè tinhaentregado a Òrìsànlá o Àpò-Iwá, e o estava seguindo pelos caminhos doÒrún, esperando que ele cometesse algum deslize, o que de fato aconteceu.Odùduwà, encontrando-o naquele estado, apodera-se do Àpò-Iwá e leva-o até Olódùmarè, narrando o acontecido, e, por este fato, Olódùmarè delega aOdùduwà o poder de criar o Àiyé e por punição incumbe a Òrìsànlá desomente criar e modelar os corpos dos seres humanos no Òrún, sob suasupervisão e o proíbe terminantemente de nunca mais beber o emu. Odùduwà,então, cumpre a tradição e faz as obrigações, para se tornar o progenitor dos Yorubas, do Mundo : Olófin Odùduwà, o futuro Àjàlàiyé.
Desde então a relação tempestuosa entre Odùduwà e Obàtálá se perpetuou,ora em disputas, discórdias, controvérsias e de outras formas, mas sempremunindo a eterna rivalidade.Odùduwà chegando ao Àiyé, cria tudo o que era necessário e delega poderes às divindades que o seguiram, conhecidos como os Àgbà, para governarem a criação, e volta ao Òrún, e só retornaria quando tudo estivesse realmente concluído. Òrìsànlá, que tinha ficado no Òrún com seus seguidores, já tinha moldado corpos suficientes para povoar o inicio do mundo, vai então para o Àiyé, com seus seguidores, os Funfun; fato que ocorre antes da volta de Odùduwà para o Àiyé. Quando Olófin Odùduwà retorna ao Àiyé, funda a cidade de Ilê-Ifé, e vem a ser o primeiro Oba (rei) do povo yorubano com o titulo de "Oba Óòni", ou seja, o primeiro Óòni de Ifé, e a cidade se torna a morada dos deuses e dos novos seres.
Durante todo este tempo, Odùduwà que já estava casado com Ìyá Olóòkun,divindade feminina, responsável e dona dos mares, tem dois filhos, oprimogênito, a divindade Ògún e uma filha de nome Ìsèdélè. O tempo passa,e Odùduwà, que era uma divindade negra, porém albina, incumbe seu filhoÒgún de ir para a aldeia de Ògòtún, vizinha de Ifé, conter uma rebelião.
Ògún, divindade negra, senhor do ferro, parte para sua missão e realiza ointento, trazendo consigo Lakanje, filha do rebelde vencido. Ora, Lakanjeera espólio de Odùduwà, o Óòni de lfé, portanto intocável, mas Lakanje eramuito bela e extremamente sensual e Ògún não resistiu aos seus encantos ecom ela teve várias noites de amor, durante sua viagem de volta. Chegandoa lfé, ele entrega os espólios da conquista, inclusive Lakanje, a seu paiOdùduwà, que também não resistiu aos lindos encantos da mortal Lakanje epor ela se apaixona e acabaram por casar-se. Ògún nada tinha contado a seupai dos fatos ocorridos e logo após o casamento Lakanje está grávida,desta gravidez nasce um filho de nome Odéde.
Só que o destino foi fatídico, Odéde nasceu metade negro, como a pele deÒgún e metade branco, como a pele do albino Odùduwà, revelando assim, atraição de Ògún para com a confiança do seu pai, esta situação gerou muitadiscussão entre Odùduwà e Ògún, mas a principal foi "quem tinha razão",ou, quem teria mais "genes" no filho em comum, Odéde, e cada um seposicionava com a seguinte frase : "a minha palavra triunfou" ou "a minhapalavra é a correta", que aglutinada é Òrànmíyàn e foi assim que elepassou a ser chamado e conhecido.
Com Lakanje, uma das muitas esposas de Odùduwà, ou com outras, teve ou já tinha mais seis filhos, outros dizem dezesseis, uns, um número maiorainda, enfim, alguns dos filhos destas esposas, geraram as linhagens dosObas Yorubanos, uns foram os precursores de sete das principais tribos, oumais, que deram origem à civilização dos yorubas, e religiosamentefalando, todos os povos do mundo. Os filhos, netos ou bisnetos de Odùduwà, os deuses, semideuses e/ou heróis, formaram a base da nação yoruba, portanto Olófin Odùduwà Àjàlàiyé é aclamado como "O Patriarca dosYorubas".
Obàtálá (Òrìsànlá) ,que também já estava no Àiyé com sua comitiva, masdevido a grande rivalidade com Odùduwà, foi expulso de Ilê-Ifé e funda acidade de Ìgbò e se torna o primeiro Obà Ìgbò chamado também de Bàbá Ìgbò, pai dos ìgbòs. Numa sociedade polígama, Òrìsànlá é um caso raro demonogamia, pois a divindade Yemowo foi sua única esposa e não tiveramfilhos.
ÒrànmíyànApós grandes vitórias, Òrànmíyàn torna-se o braço direito de seu pai emIlê-Ifê, pois seus outros irmãos foram povoar regiões distantes, menosObàlùfan Ògbógbódirin. Odùduwà ordena então que Òrànmíyàn conquiste terras ao norte de Ifé, mas Òrànmíyàn não consegue cumprir a tarefa e saiderrotado e, com vergonha de encarar seu pai, não volta mais a Ifé, comisso funda uma nova cidade e lhe dá o nome de Oyó, tornando-se o primeiroOba Aláàfin de Oyó. Casado com Morèmi, uma bela mortal ,nativa de Òfà ,que se tornou mais tarde uma heroína em Ilê-Ifé, da qual tem um filho, que recebe o nome de Ajaká. Após algum tempo, Òrànmíyàn investe em novas conquistas e volta a guerrear contra a Nação dos Tapas, onde havia sido derrotado, mas desta vez consegue uma grande vitória sobre Elémpe, na época rei dos Tapas. Por sua derrota, Elémpe entrega-lhe sua filha Torosí, para que se case com ele. Retornando a Oyó, Òrànmíyàn casa-se com Torosí e com ela tem um filho, chamado de Sàngó, um mortal, nascido de uma mãe mortal e um pai semideus, portanto com ascendentes divinos por parte de pai.
Após este período com inúmeras vitórias, a cidade de Oyó torna-se umpoderoso império, Òrànmíyàn, prestigiado e redimido de sua vergonha, voltapara Ilê-Ifé, deixando em seu lugar, em Oyó, o príncipe coroado, seu filhoAjaká, que torna-se o segundo Aláàfin de Oyó.
Em uma de suas conquistas, a da cidade de Benin, anterior a fundação deOyó, Òrànmíyàn termina com a dinastia de Ogìso, o então rei, expulsando-oe assumindo o trono, tornando-se o primeiro Obabínín, e inicia suadinastia tendo um filho, chamado Èwékà, com uma mulher do local. Antes dedeixar a cidade, ele torna Èwékà como seu sucessor no trono do Benin.(Atual cidade na Nigéria, antigo Reino do Benin, não confundir com aRepública do Benin, antigo país chamado Daomé.)
Durante sua longa ausência em Ilê-Ifé, Obàlùfan Ògbógbódirin ,seu irmãomais velho, se tornou o segundo Óòni de Ifé, após o reinado de Odùduwà.
Quando Obàlùfan morreu, e ninguém sabia do paradeiro de Òrànmíyàn, o povo de Ifé aclamou Obàlùfan Aláyémore como sucessor direto de seu pai.Quando Òrànmíyàn chega em Ifé, Obàlùfan Aláyémore já reinava como oterceiro Óòni de Ifé, mas com um fraco reinado. Enfurecido com o povo deIfé que haviam aclamado Aláyémore, e que o tinham chamado para combaterpossíveis inimigos, o poderoso guerreiro colérico ,comete variasatrocidades e só para quando uma anciã grita desesperada que ele estádestruindo seus "próprios filhos", o seu povo. Atônito, ele finca no chãoseu asà (escudo) que imediatamente se transforma em uma enorme laje depedra ,num lugar hoje chamado de "Ìta Alásà" ,e decide ir embora e nuncamais voltar à Ifé.
Quando rumava para fora dos arredores de Ifé ,em Mòpá, foi interceptadopelo povo que o saudavam como Óòni de Ifé e suplicavam por sua volta. Eleentão satisfeito e envaidecido ,atende ao povo e finca no chão seu òpá(seu bastão de guerreiro) transformando-o em um monólito de granito (verfoto : Òpá Òrànmíyàn) selando assim o acordo com o povo e volta em umaprocissão triunfante ao palácio de Ifé.
Sabendo disso, Obàlùfan Aláyémore abandona o palácio e se exila na cidadede Ìlárá. Òrànmíyàn ascende ao trono e se torna o 4ª Óòni de Ifé até suamorte. Obàlùfan Aláyémore, retorna do exílio e reassume como o 5ª Óòni deIfé e reina deste vez, com sucesso até a sua morte.
AjakáO Aláàfin de Oyó, o Oba Ajaká, meio irmão de Sàngó, era muito pacifico,apático e não realizava um bom governo.Sàngó, que cresceu nas terras dos Tapas ( Nupe), local de origem deTorosí, sua mãe, e mais tarde se instalou na cidade de Kòso, mesmorejeitado pelo povo por ser violento e incontrolável, mas sendo tirânico,se aclamou como Oba Kòso. Mais tarde, com seus seguidores, se estabeleceu em Oyó, num bairro que recebeu o mesmo nome da cidade que viveu, Kòso e com isso manteve seu titulo de Oba Kòso. Sàngó percebendo a fraqueza de seu irmão e sendo astuto e ávido por poder, destrona Ajaká e torna-se o terceiro Aláàfin de Oyó.
Ajaká, também chamado de Dadá, exilado, sai de Oyó para reinar numa cidade menor, Igboho ,vizinha de Oyó, e não poderia mais usar a coroa real de Oyó. E, com vergonha por ter sido deposto, jura que neste seu reinado vai usar uma outra coroa (ade), que lhe cubra seus olhos envergonhados e que somente irá tira-la quando ele puder usar novamente o ade que lhe foiroubado. Esta coroa que Dadá Ajaká passa a usar, é rodeada por vários fiosornados de búzios no lugar das contas preciosas do Ade Real de Oyó, e estachama-se Ade Bayánni Dadá Ajaká então casa-se e tem um filhoque chama-se Aganju, que vem a ser sobrinho de Sàngó.
Sàngó reina durante sete anos sobre Oyó e com intenso remorso das inúmeras atrocidades cometidas e com o povo revoltado, ele abandona o trono de Oyó e se refugia na terra natal de sua mãe em Tapa. Após um tempo, suicida-se,enforcando-se numa árvore chamada de àyòn (àyàn) na cidade de Kòso. Com o fato consumado, Dadá Ajaká volta à Oyó e reassume o trono, retira então o Ade Bayánni e passa a usar o Ade Aláàfin, tornando-se então o quarto Aláàfin de Oyó. Após sua morte, assume o trono seu filho Aganju, neto de Òrànmíyàn e sobrinho de Sàngó, tornando-se o quinto Aláàfin de Oyó.
Com Aganju, termina o primeiro período da formação dos povos yoruba e após seu reinado se dá inicio ao segundo período, o dos reis históricos. Vimos : "De Ifé até Oyó, de Odùduwà a Aganju, passando por Sàngó."
SàngóO que notamos nesse primeiro período yorubano, é que na realidade, o quese fala de Sàngó, e a sua história nos Candomblés do Brasil, e de outrosacima descritos, é incorreto, levando os fiéis a crer em fatos irreais. Inicialmente, averiguamos que Odùduwà é um Òrìsà funfun masculino e único, é o pai do povo yorubano e não uma simples "qualidade" de Òrìsànlá ou seja, são divindades totalmente distintas, inclusive, não se suportavam,pelos fatos vistos; e que também Ìyá Olóòkun, é um Òrìsà feminino e a Donado Mar, portanto da água salgada, é quem governa os oceanos e não o ÒrìsàYemojá, "Senhora do rio Yemojá e do rio Ògùn", divindade de água doce, emuito menos mãe de Ògún e de outros filhos Òrìsà à ela atribuídos. Notar aacentuação diferente no nome do Òrìsà Ògún e do rio, pois são palavrasdistintas.
Quanto a Sàngó, demonstramos que foi um mortal em sua vida no Àiyé,portanto quando morreu, tornou-se um egún, pois seus pais eram mortais. Oque ocorreu em sua vida, foi que uma de suas esposas, e a única que oacompanhou em sua fuga de Oyó, era a divindade Oya, loucamente apaixonada por ele, e no instante de sua morte ela o pega com o seu poder de Òrìsà e o conduz diretamente a Olódùmarè, e por insistência de Oya, Ele o "ressuscita" como uma divindade, já que em vida, Oya, perdida de amores,ensina-lhe vários segredos dos Òrìsà, principalmente o segredo do fogo quepertencia somente a Oya, que ela lhe ensina e lhe dá este poder e outros,por paixão.
Esta afirmação é facilmente notada, pois Sàngó é a única divindade dopanteão que é assentada de forma material completamente diferente, isto é,em madeira, numa gamela sobre um pilão, sua roupa ritual é composta devárias tiras de panos, coloridas e soltas, caindo sobre as pernas, quelembra perfeitamente o tipo de roupa usada pelos Bàbá Egúngún (ancestrais) e seu animal preferido para sacrifício é também o mesmo dos egún, dos mortos comum, o carneiro; existe também outras minúcias, que aqui não cabe mencionar.
Nos Candomblés, citam Ajaká e Aganju como sendo "qualidades" de Sàngó, que agora sabemos isto não é possível, pois, Ajaká é seu meio irmão e Aganju é filho de Dadá Ajaká, portanto seu sobrinho, notoriamente pessoas mortais e completamente distintas, que fazem parte da família de Sàngó, mas não tiveram a honra de tornarem-se Òrìsà, mas são ancestrais ilustres. Também no Brasil, faz-se uma cerimônia chamada de "Coroa de Dadá" ou "Adê Baiani". que a coroa é levada ritualmente em uma charola durante as festas do ciclo de Sàngó chamada de Banni ou lyamasse, que representa a mãe de Sàngó. Ora, sabemos que quem usou este ade foi, Ajaká, apelidado de Dadá, de quem Sàngó lhe roubou o trono, e que a mãe de Sàngó foi Torosí, filha de Elémpe, rei dos Tapa, e que ela não tem nenhuma importância teológica, somente histórica, por ter sido mãe de um Aláàfin.
Não estamos desmerecendo e nem tampouco desprestigiando o Òrìsà Sàngó, somente tentamos elucidar fatos notoriamente conhecidos na terra dos Yorubas, sob os aspectos histórico, através da tradição oral, e divino que se convergem e se conservam na grandiosidade de Sàngó.
NOTA* : Os mitos e/ou fatos relatados, são baseados em dados religiosos,por vezes dogmáticos, que pertencem ao corpo da tradição oral yorubana.Sob o ponto de vista cientifico, são considerados parcialmente históricos,pois não são dados comprovados por documentos e nem tampouco pelaarqueologia, que pouco investiu, os "pouquíssimos" artefatos que foramachados e datados pelo carbono 14, são de datas recentes, perto dalongínqua História da Civilização Yoruba. No contraponto, em nenhummomento afirmamos que não exista a História dos Yorubas, isto sim, seriaum absurdo afirmar. A tradição oral pode ser contraditória e a cronologiapraticamente inexistente, pela forma cultural dos yorubas mensurarem otempo, mas jamais poderá ser negligenciada e nem tampouco rejeitada.
*Nota do autorAulo Barretti Filho
Junho de 1984

GEOGRAFIA DOS ORIXÁS

Se na África o culto dos orixás está circunscrito a determinadas regiões ou cidades, no Brasil a coisa foi totalmente diferente. Lá, existe uma localidade especificamente destinada ao culto de determinada divindade, contendo a mesma história, sua origem, seus mitos, e seus ritos. Assim, Ifé, na Nigéria é o centro da criação para o mundo nagô-iorubá, é a capital do mundo mítico e mágico negro, é o Iluaiye de que tanto falam os negros da diáspora. Em Ile-Ife está o culto a Oduduwa, fundador dos povos iorubás, assim como Obatala ou Osala, o Deus que criou o homem. Em Oyo está Sango, que foi seu quarto rei e é o deus do fogo e do trovão, sendo um dos seus antecessores, o seu pai Oranyan, que foi o primeiro rei de Oyo. Em Ire, Ogun, deus do ferro e da guerra, invadiu o dominou a cidade tornando-se rei com o nome de Ogun Onire. Em Abeokuta corre a tradição de lá ter nascido Yemoja, bem como a de que Oyo ou Iansã para os brasileiros, ter nascido em Ira. Erinlé, mais conhecido como Inlé e Ibualama, tem o seu culto em Ilobu, além de ter rio com seu nome. De Ilesa recebemos grande herança. De lá veio o culto a Logun Edé, cujo sacerdote mais velho e mais importante do Brasil é o babalorisa. Eduardo Mangabeira, popularmente conhecido como Eduardo Ijesa, hoje com 99 anos de idade. De Ikija, perto de Ijebu surgiu Ososi, que veio a ser o primeiro rei de Ketu, cidade que depois foi dominada, destruída e anexada ao Dahomey, hoje República Popular de Benin. De seu culto nada mais resta a não ser na diáspora, especificamente na Bahia. Osun tem o seu culto principal em Osogbo, além das cidades de Oboto, Akpara, Ipetu, Ijimu, dentre outras. Osala andou muito. Saiu de Ife peregrinando por diversas regiões, tomando nomes diferentes, ao tempo em que se torna rei dos referidos locais. Em Ejigbo tomou o nome de Osagiyan, em Ifon, Orisa Olofun e assim por diante. Também chegou até a Bahia o culto a Iya Mapo, patrona da vagina, por ser através dela que todos os seres humanos vêm ao mundo, daí a sua sacralização. Iya Mapo é muito venerada e cultuada em Igbeti. Existe um itan Ifa ( história de Ifa), pertencente ao odu Osa Meji (10), que conta como foi colocada a vagina no devido lugar da mulher, até então colocada em vários lugares do corpo, menos no que é hoje. Para isso estiveram envolvidos não só o Odu osa meji, mas também Esu e Iyami Osoronga, num ebó feito com duas bananas e um pote, cabendo a Esu a sua localização atual, bem como a do pênisdo homem do qual Esu é o dono. Quem viaja pela Nigéria, encontrará enormes pênis esculpidos em pedra pelas estradas, em reverência a Esu. Na Bahia, o Esu da porteira do Ase Ile Opo Aganju é assentado com grande pênis esculpido em madeira. Ao saírem da África os primeiros negros com destino ao Brasil, aportaram, primeiramente, na Bahia. Foram negros provenientes das mais diversas etnias e regiões de Angola, Congo, Nigéria, Dahomey, todos misturados formando um todo, como se proviessem de uma só região, de um a só etnia. Nesse esquema e independente de ser a Bahia o porto receptor, e distribuidor, os negros provenientes na Nigéria, por exemplo, não podiam acomodar seus hábitos, costumes, tradições e religiões isoladamente, nas diversas regiões do país, primeiro pela condição de cativos, segundo por não haver semelhança quanto à localização do culto, colocando o de Oduduwa e Obatala e Osala, na cidade da Bahia, à semelhança de Ife, o de Sango no Recife, como se fosse Oyo. Uma solução teria que ser encontrada, sendo a primeira um agrupamento desses negros em etnias para efeito de professamento religioso, em seguida, transportar para a Bahia todas as regiões onde se processam o culto, na África, bem como as divindades. Para isso necessitavam de uma área muito grande, com muitas plantações que davam o nome Ioko ou roça, em nosso falar, ou simplesmente uma faixa de terra para construir o Ile Orisa (casa do orixá), o barracão de festa e, na maioria dos casos, também a casa de morada, ficando depois de tudo pronto com a denominação de terreiro, denominação de conhecimento geral, pois nos primórdios da colonização toda faixa de terra em frente a qualquer edificação era chamada de terreiro, daí a denominação existente ainda hoje, de Terreiro de Jesus, dado à praça que fica em frente ao antigo Colégio dos Jesuítas. Uma vez escolhido o local, segundo a vontade do orixá, faz-se a demarcação da roça, cuidando-se logo de cercá-la com plantações de uso litúrgico, sendo mais freqüente o ewe peregun, mais conhecido como folha de nativo. Escolhida a entrada, comumente chamada de porteira, realiza-se aí o primeiro ato religioso na área, que é "assentar a porteira", o qual consiste no assentamento de um Esu, paraguardar toda área. Esse Esu tem o nome de acordo com as suas características ou procedências, como é o caso do Esu da porteira do Ase Opo Afonja, que é um Esu proveniente de Ketu, conhecido por Esu Alaketu ou Bara Ketu. Já os negros de proveniência fon chamam ao Esu de sua porteira e dos mercados de Axi-Legba. Após esse ato religioso vem a construção da casa da divindade à qual a roça vai pertencer. Em seguida, constrói-se a do Esu da roça, para depois se construir as demais casas de outras divindades e o barracão de festa, no qual são feitos uma série de preceitos no chão e, depois de levantadas as paredes, faz-se o preceito final que é o de 'dar comida à comieira". Uma vez pronto, vem a inauguração do que se chama roça, candomblé, axé, casa de santo, terreiro ou ile orisa. Assim tem o sítio sagrado terrestre, mas os atos sagrados vão além do espaço terrestre, realizam-se nos rios (odo), no mar (okun), nas fontes e poços (ibu), nas lagoas (osa), no ar, no firmamento (ofurufu), enfim em todo canto do mundo (aiye), que se fazem necessários. Nesses casos, os fiéis se deslocam de seu sítio sagrado para esses lugares, também sagrados, mas que são de uso de todos. Nos rios se fazem oferendas e ritos para Osun, divindade do rio Osun, com cerimônias nas suas margens, em Osogbo. Yemoja, no rio Ogun, Yewa no rio Yewa, Erinle, no rio Erinle. No mar, Iya Olokun, que é sua dona, tem o seu rito como na Nigéria, onde existem esculpidas suas cabeças. Na Bahia se devota grande respeito a essa divindade. Não se entra no mar sem lhe saudar e pedir licença, dizendo Iya Olokun to to hun , Iya Olokun gba mi o, Iya Olokun ago :Mãe Olokun extremamente respeitada , Mãe Olokun me valha , Mãe Olokun licença, após o que se entrar no mar. Nas lagoas é Iya Olosa quem mora, sendo localizada em determinadas partes chamadas ibu (poço), aí se fazem as oferendas e ritos, procedem-se da mesma forma como Iya Olokun, antes de se entrar na água; apenas substitui-se o nome de Iya Olokun por Iya Olosa. Na Bahia ela é dona do Abaeté, do lago chamado Dique. As ruas, os caminhos, as encruzilhadas pertencem a Esu. Nesses lugares se invoca a sua presença, fazem-se sacrifícios, arreiam-se oferendas e se lhe fazem pedidos para o bem e para o mal, sobretudo nas horas mais perigosas que são ao meio-dia e a meia-noite, principalmente nessa hora, porque a noite é governada pelo perigosíssimo odu Oyeku Meji. À meia-noite ninguém deve estar na rua, principalmente em encruzilhada, mas se isso acontecer deve-se entrar em algum lugar e esperar passar os primeiros minutos. Também o vento (afefe) de que Oya ou Iansã é a dona, pode ser bom ou mal. Através dele se enviam as coisas boas e ruins, sobretudo o vento ruim que provoca a doença que o povo chama de ar do vento. Ofurufu, o firmamento, o ar também desempenha o seu papel importante, sobretudo à noite, quando seu espaço pertence a Eleye, que são os Aje, transformadas em pássaros do mal, como Agbibgó, Elùlú, Atioro, Osoronga, dentre outros, nos quais se transforma a Aje – mãe, mais conhecida por Iyami Osoronga. Trazidas ao mundo pelo odu Osa Meji, as Aje, juntamente com o odu Oyeku Meji, formam o grande perigo da noite. Eleye voa espalmada de um lado para o outro da cidade, emitindo um eco que rasga o silêncio da noite e enche de pavor os que a ouvem ou vêem. Todas as precauções são tomadas. Se não se sabe como aplacar sua fúria ou conduzi-la dentro do que se quer, a única coisa a se fazer é afugentá-la ou esconjurá-la, ao ouvir o seu eco, dizendo Oya obe ori (que a faca de Iansã corte seu pescoço), ou então Fo, fo, fo (voe, voe, voe). Em caso contrário, tem-se que agradá-la, porque sua fúria é fatal. Se é num momento em que está voando, totalmente espalmada, ou após seu eco aterrorizador, dizemos respeitosamente A fo fagun wo lu ( [saúdo] a que voa espalmada dentro da cidade), ou se após gritar resolver pousar em qualquer ponto alto ou numa de suas árvores prediletas, dizemos para agradá-la : Atioro bale sege sege ( saúdo ] Atioro que pousa elegantemente) e assim, uma série de procedimentos são feitos diante de um dos donos do firmamento à noite. Mesmo agradando-a não se pode descuidar, porque ela é fatal, mesmo em se lhe felicitando temos que nos precaver. Se nos referimos a ela ou falamos em seu nome durante o dia, até antes do sol se pôr, fazemos um no chão com o dedo indicador, atitude tomada diante de tudo que representa perigo. Se durante à noite corremos a mão espalmada, à altura da cabeça, de um lado para o outro, a fim de evitar que ela pouse, o que significará a morte. Enfim, há uma infinidade de maneiras de proceder em tais circunstâncias.Dentro do espaço sagrado, ainda se têm os matos rasteiros e os matos fechados, na via pública. Nos primeiros, arreiam-se restos de comidas das divindades e pequenos ebo. Nos segundos os grandes ebo; fazem-se rituais e tiram-se folhas (ervas sagradas), neste caso um ritual de entrada e saída do mato para Ossaniyn deve ser feito para que se possa encontrar o que se foi buscar, bem como o caminho de volta. Há também as árvores sagradas em conjunto ou solitárias pelos caminhos da cidade. São os pés de Iroko, pertencentes à divindade do mesmo nome, os pés de Obi, Atori, Aridan, Akoko, Apakoka, essas três pertencentes a Eleiye, lugar de pouso ou morada. Como se vê, todos os pontos da cidade da Bahia são sagrados, identificam-se perfeitamente os lugares onde Esu faz ponto, no centro ou afastado da cidade, quem cuida dele, assim como o lugar onde há egun (alma) de alguém que negociava, mas que ao falecer o egun ficou guardando o lugar para que outra pessoa não viesse ocupá-lo. Por outro lado, acomodavam-se em determinados locais, unindo-se por etnias. Deste modo, no local hoje chamado Gomeia, que é uma corruptela de Abomey, se reuniam os povos de língua fon, vindos do Dahomey, hoje República Popular de Benin e aí se alastraram em derredor, formando pequenos agrupamentos em função das cidades daomeanas e de suas procedências, como Mahis, Savalu e a própria Abomey, cultuando divindades com Kpo, Ayzan, Sogbo, Sakpata dentre outras. Em outro ponto da cidade onde existe uma baixada chamada Baixa do Bonocô, antes Gunucô (11), que é uma corruptela de Igunnuko, os negros se reuniam a noite para fazer o ritual de Baba Igunnuko, em volta de uma árvore sacralizada, distribuindo egbo (milho branco cozido) enquanto dava meia-noite quando Baba Igunnuko aparecia. Os fiéis que desejassem fazer uma consulta tomavam de uma terrina branca, eko (acaça), vela e dinheiro e pediam o que queriam, para quando ele chegasse respondesse as consultas feitas, de acordo com a terrina que encontravam aos pés da árvore. Ao som de cânticos e toques, Baba Igunnuko dançava de um lado para o outro, e quando avançava para o lado contrário à área do ritual, traziam-no de volta, sempre dizendo Eso, eso Baba (Calma, calma, pai). Essa pequena área que hoje deu nome a todo o vale (Vale do Bonocô), era onde se fazia a maior concentração de negros. Posteriormente em seus limites surgiram vários terreiros como o Ile Ogun Ja, fundado e dirigido pelo famoso babalorisa Procópio Xavier de Souza, nascido filho de Osala, que depois entregou a cabeça de seu filho a Ogun Ja. Com o desenvolvimento urbano da cidade, esse Ile Ogun Ja emprestou sua dominação a toda a área em frente, atualmente chamada Vale do Ogun Ja. Indo mais além da área, encontra-se o terreiro fundado por Dionísia Francisca Regis, hoje conhecido por terreiro do Alaketu, que quer dizer Senhor de Ketu, uma vez que é um bairro na cidade de Ketu, onde mora o rei. No local antes chamado Quinta das Beatas, há uma infinidade de cultos de procedência africana, responsável pelas denominações de várias ruas, entre elas a que se chama Giri giri, nome tirado de um canto de Ososi, um dos deuses da caça. Giri giri se refere à maneira de segurar as rédeas do cavalo, quando se está montado, pois uma das concepções de Ososi é de um rei sempre montado a cavalo. Na localidade secularmente conhecida por Campo Seco, ainda hoje com muitos cultos afro-brasileiros, existe uma rua chamada Beru, corrupela de Gberu, nome próprio personativo, inclusive de um dos reis de Oyo (12). É muito comum ao povo guardar na memória os reis das regiões de onde provieram seus antepassados, sobretudo se esses reis foram divindades. No caso de Oyo, se fala e se reverencia muito Oranyan, Aganju e Sango, o quarto rei coroado em Oyo. Na cidade baixa havia uma área sagrada destinada ao culto de Gelede (máscara), no local conhecido até hoje como Dezendeiros do Bonfim, bem onde está localizada a Vila Militar. Aí se fazia a maior concentração desse ritual. Toda cidade se movimentava. Os mais altos dignatários do culto compareciam e tinham nomes e títulos no culto de Gelede, estando entre os mais famosos Maria Júlia Figueiredo, sacerdotisa do terreiro Ile Ase Iya Naso, a qual além do título de Iyalode, tinha o nome de Erelu, no ritual de Gelede. Muito me falou da cerimônia o falecido Miguel Santana, Ogan de Obaluaiye do Ile Aseiya Naso e Oba Are do Ase Opo Afonja, que muito sabia desse preceito. Esse ritual também se processava na cidade alta, no local até hoje chamada Rua do Tijolo. Aí, quando menina, a famosa Iyalorisa Menininha (Maria Escolástica da Conceição Nazaré) assistiu a esses rituais, Menininha emocionou-se com a recordação, cantou muitas músicas de Gelede, ao tempo em que falou várias coisas que aprendeu.Ainda no centro da cidade, no bairro da Saúde, havia outra concentração de negros iorubás, daí a localidade, com placa oficial de nome cristão Leão Veloso se chamar Nego Tedo e a Constâncio Alves, de Beco dos Nagôs. No bairro da Federação há um antigo recanto sacralizado pelos povos fons do antigo Dahomey, descendentes das cidades de Mahis e Dassa. Aí se instalaram e criaram o culto dos vodun (deus, divindade), com tamanha eficácia e conhecimento geral da cidade, que o local começou a se chamar de Bogun, que é corruptela de vodun. Instalou-se aí o terreiro do Bogun propriamente dito, fundado por africanos e, na rua paralela, havia o terreiro de Pozerren, o qual deu nome a toda área, até então conservado na memória das pessoas mais velhas. Pozerren é corruptela do fon Kpo zeli, o pote com função de tambor e Kpo, a pantera. O terreiro de Bogun existe até hoje, mantendo a tradição de seus fundadores, inclusive a saudação feita nos grandes momentos do ritual Zo gbo do vodoun male houndo (o fogo aceso sobre o vodun não pode afastar os adoradores). O termo Cabula vem do quicongo kabula, que além de ser verbo (14) é nome próprio personativo feminino e também nome de um ritmo religioso (15), muito tocado, cantado e dançando, daí o bairro tomar o nome do ritmo (16) freqüentíssimo naquela área, onde suas matas eram utilizadas pelos sacerdotes quicongos, mais conhecidos como zeladores de nkisi (força mágica, divindade), para dar o grau ao noviço possuído pela nkita, espírito de seus ancestrais. A nkita passa o dia inteiro dentro da mata, somente antes do sol se pôr vai-se embora. Muito perigosa, podendo até causar a morte de quem passar no local, desapercebido. Para advertir a quem passa, costuma-se colocar um mastro com uma bandeira branca, na entrada da mata. Também era área dos povos Congo e Angola a parte baixa do Cabula, que se estendia até o local ainda hoje chamado Ladeira do Bozó, cujo nome vem do quicongo mbóozo (significando feitiço, bruxaria (17)).A rua tomou esse nome em virtude de ali haver um gigantesco pé de Iroko, onde todos arreiam seus bozós ou ebo para os negros de procedência nagô-iorubá. Mais tarde, começaram a chegar os nagôs, que aos poucos foram se alojando pela área, sendo atualmente, o terreiro mais antigo do local o Ase Opo Afonja, fundado e plantado em 1910 por Ob Biyi (Eugênia Ana dos Santos, Aninha).

Extraído do site araketo.hpg.ig.com.

ÀTÚNWA - REENCARNAÇÃO

Há diferentes caminhos para os antepassados voltarem à terra, e um dos mais comuns é que a alma seja reencarnada e nascida como um neto, bisneto, bisneta etc. de um filho ou filha dos antigos pais. Ou seja, processo de ida e vinda se dá entre o meio familiar do qual era oriundo. A isto é dado o nome de Àtúnwa, aquele ou aquela que volta novamente.
O mundo, segundo os yorubá, é o melhor lugar onde vivemos. Isso é contrário ao ponto de vista de algumas tradições religiosas, que consideram o mundo um lugar de sofrimento e dor.
Existe um forte desejo pôr parte do ser vivo, em ver reencarnados seus pais logo depois da morte deles.
Daí a expressão Bàbá/Ìyá á yà á tètè yà o – “Que seu pai ou sua mãe venha logo”. Este desejo é observado quando do nascimento, Ìbí, de uma criança; aos três meses de idade, um bàbáláwo é consultado para saber qual o antepassado que foi reencarnado, se a linhagem paterna ou materna. Esse ritual é conhecido como Mimò orí omo - “Conhecendo o orí da criança” ou Gbígbó orí omo - “Ouvindo o orí da criança”. É verificado o seu òrìsà, seus ewò, tabus, e o tipo de espírito encarnado (Àbìkú etc.) A partir deste conhecimento, um determinado nomes passará a fazer parte de seu nome civil para lembrar constantemente à criança a sua origem.
A reencarnação de um ancestral é conhecida pelo nome de Yíya omo – “Voltar a ser criança ou tornar a encarnar”. Ao se constatar o fato, o nome da criança poderá ser alusivo ao fato. Alguns nomes yorubá evidenciam isto e relacionamos alguns:
Bàbátúndé – o pia voltou, ou seja um ancestral de linhagem paterna; Ìyátúndé – a mãe voltou; Bàbájídé – papai acordou e chegou; Ìyábò – a mãe retornou; Omotúndé – a criança voltou de novo.
Nesta visão da concepção yorubá sobre a reencarnação devemos salientar que , apesar d uma criança ser chamada de Bàbátúndé, o espírito do antepassado ainda continua a viver no mundo espiritual, onde é invocado de tempos em tempos. Em face disso, alguns entendem que, na verdade, há uma reencarnação parcial. Os vivos ficam satisfeitos ao verem parte de seus ancestrais nos filhos recém – nascidos, mas, ao mesmo tempo, são felizes pôr saberem que eles se acham no mundo espiritual, onde têm maior potencialidade no auxílio de seus familiares na terra.
Na tradição do culto a Sàngó há um fato sugestivo sobre este assunto. Bayànnì é vista como a irmã mais velha de Sàngó, que governou Òyó como regente, depois da abdicação ineficaz de Dàda Àjàká, irmão mais velho de Sàngó, governante ineficaz para época. A palavra Bayànnì é uma concentração da expressão Bàbá yàn mi, “Papai escolheu – me”, refere-se à crença de que o ancestral masculino escolheu – a para retornar à vida na forma corporal de Bayànnì. Sendo assim, esta seria a razão da coroa de búzios que usa, um símbolo de continuidade em termos de reencarnação.
Sobre o assunto. Verger faz referência a L. Frobenius quando diz:
“A religião dos iorubá torna – se gradualmente homogênea, e sua atual uniformidade é o resultado de uma longa evolução e da confluência de muitas correntes provindas de muitas fontes. Seu sistema religioso se baseia na concepção de que cada ser humano é um representante do deus ancestral. A descendência é através da linha masculina.
Tomos os membros da mesma família são a posteridade do mesmo deus. Assim família são a posteridade do mesmo deus. Assim que eles morrem, retornam a esta divindade e cada criança recém-nascida representa o novo nascimento de um membro falecido da mesma família. O orixá é o agente da procriação que decide sobre a aparição de toda criança.

Bibliografia Livro: Òrun Áiyé

Autor: José Beniste

Editora Bertrand Brasil

domingo, 18 de maio de 2008

FESTA


Nosso amigo e irmão: Pai Luis de Yemoja vem convidar a todos seus amigos para o lati sire em homenagem a Ogun e Odeque será realizado dia 22 de maio às 16:00h. Na rua jose basilio gama nº65 veraneio ijal jacarei Sp tel:(012)3956-1573!! Desejamos que a Festa Seja odára e que depois possamos divulgar o sucesso dela e a satisfação dos irmãos em louvar : Ogun e Odeque.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

CAMINHADA

Motumbá!



É com uma alegria que venho informar aos irmãos de fé da criação deste Blog.Desejo que as matérias a serem vinculadas tragam prazer em serem lidas.Possa esclarecer questões,tirar dúvidas e divulgar Festas,obrigações,homenagens a pessoas de nossa religião.

O Blog poderá ir se aperfeiçoando de acordo com dicas e opiniões de nossos amigos que venham a acessá-lo.

Deixe sua história.Seu testemunho dentro da religião. Sua opinião que irá nos proporcionar o caminho que seguiremos.

Este blog tem o objetivo de enaltecer ,informar e divulgar eventos.
Em hipótese alguma irá aceitar e noticiará desrespeitos,calúnias e difamações de nenhuma espécie.

Convido a todos a participar desta corrente positiva e venha fazer parte deste "jornal" virtual.

Adupé.



Kiron