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domingo, 9 de novembro de 2008

E depois da morte? Existem muitas respostas para isso, que variam principalmente de acordo com as religiões

Espiritismo é uma religião que veio da europa e foi criada por um homem chamado Allan Kardec. Para os espíritas, quando a pessoa morre, pode virar um espírito de luz, que faz o bem, ou das trevas, que faz o mal. Essa alma pode tanto reencarnar em outro corpo, quanto continuar entre os vivos.

Candomblé

A religião criada por negros no Brasil acredita que, depois da morte, a alma não vai para longe aguardar julgamento. Ela continua próxima da família, atrapalhando ou ajudando quem ficou. Quando alguém morre, faz-se uma trouxa com os objetos que o morto usava e as pessoas se desfazem deles em um ritual.

Muçulmanos

No islamismo, religião que tem muitos seguidores no oriente médio, acredita-se que todo mundo depois da morte será julgado pelo que fez na vida e pode ir para o céu ou para o inferno. As pessoas que morreram são banhadas, levadas até a cova em um caixão e enterradas enroladas apenas em um pano branco de algodão.

Católicos

Nessa religião, a vida é uma só. Assim como no islamismo, depois da morte, a alma aguarda o julgamento pelas coisas boas e más que fez e pode ir para o céu ou para o inferno. Em Portugal, são comuns as ′carpideiras′, mulheres contratadas para chorar pelo morto. No interior do Brasil também existe esse costume.

Indígenas

Varia de comunidade para comunidade. Para os Kaingang, índios do Brasil, os mortos transformam-se em um mosquito ou em uma formiga preta, que incomoda. Por isso, devem ser afastados em um ritual complexo, que envolve música e dança. É um processo com várias etapas, até que quem se foi se distancie de vez.

Hindus e budistas

Eles estão principalmente na Ásia. Na Índia, quando alguém morre, é queimado ao ar livre à beira do Rio Ganges, na frente da família, para que todos se lembrem que o corpo é passageiro. Para budistas do Tibete, a vida é algo que passa rápido e as pessoas podem morrer e reencarnar (voltar em uma outra vida).

Judeus

Para os judeus, as pessoas mortas devem retornar o mais rápido possível. Por isso, o caixão é feito com material barato e tem aberturas no fundo. É proibido ver o corpo e enterrar objetos preciosos. Essa é a forma da religião lembrar que todos são iguais na morte. A família fica de luto por 30 dias.

FONTE: JORNAL A TARDE

Pai de Santo acusado de matar esposa é preso

O pedido de prisão preventiva do pai-de-santo Marco Antônio Martins Xavier, 35, foi aceito pelo juiz Cláudio Pantoja, sob acusação de homicídio. Ele está detido desde sábado passado acusado de ter matado a esposa Sara Ranielle Alves Brito, 18 anos e grávida de quatro meses.

Denúncias da comunidade levaram a Polícia Civil de Juazeiro à prisão de Marco Antônio, que enterrou o corpo da esposa sem registro de óbito e sem que a família dela soubesse de sua morte. Com ordem judicial, o corpo foi exumado e o DPT colheu material para exames em Salvador com prazo de dez dias até a conclusão que pode atestar a causa da morte de Sara e a paternidade do filho.

Marco Antônio, dono de terreiro de candomblé, negou a autoria da morte de Sara. Ele, que tem passagem pela polícia por porte ilegal de arma de fogo e tráfico de drogas, foi transferido para o presídio de Juazeiro onde aguardará decisão da Justiça. A polícia prossegue as investigações para descobrir os motivos da morte de Sara que foi novamente enterrada domingo passado, desta vez pela família.


FONTE: Jornal A TARDE.

"O candomblé virou moeda forte no jogo político-eleitoral"



FOTO: Marco Aurélio Martins | Folha Imagem

João José Reis | Mostra como um ex-escravo se fez sacerdote e conseguiu ocupar um lugar na sociedade baiana do século XIX



Há três décadas, João José Reis, 56 anos, aguça suas lentes de pesquisador para encontrar, na frieza dos arquivos, relatos de quem se armou de força e engenho para atravessar a escravidão, seja por meio da revolta, da alforria ou de valores e práticas sócio-culturais. Em Domingos Sodré, um sacerdote baiano, que acaba de sair pela Companhia das Letras, o historiador demonstra mais uma vez sua habilidade para cativar tanto acadêmicos quanto leitores, já revelada em Rebelião escrava no Brasil A história do levante dos malês (1986) e A morte é uma festa (1991), entre outras obras. Ele alia rigor de pesquisa, agudeza da interpretação e fôlego narrativo para contar como um ex-escravo se firma na sociedade baiana do século XIX. A biografia de Sodré serve de fio condutor para traçar o painel de uma época e, particularmente, reconstituir parte dos primeiros anos do candomblé. Nascido e criado na Ribeira, em Salvador, Reis diz que se tornou historiador "graças a uma sucessão de encontros e escolhas felizes". A inspiração para estudar história veio de um professor de pré-vestibular, Alberto Goulart Paes Filho, que, por sua vez, o apresentou a Katia de Queirós Mattoso, "primeira mestra em transformar pesquisa em texto". Com sua ajuda, conseguiu uma bolsa para estudar história na Ucsal, curso que realizou em paralelo ao de ciências sociais na Ufba. Pela frente, encontrou outros mestres, como Johannes Augel e Stuart Schwartz - com auxílio do último, defendeu o doutorado na Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos. Reis é hoje professor do Departamento de História da Ufba e, entre outras atividades, integra a linha de pesquisa Escravidão e invenção da liberdade, que há mais de uma década reúne regularmente pesquisadores da casa e de diversas outras instituições. Desse grupo, já saíram dezenas de dissertações de mestrado, teses de doutorado, livros, artigos e a produção da revista AfroÁsia, do Centro de Estudos Afro-Orientais Ceao. Leia abaixo os principais trechos da entrevista de Reis concedida por e-mail à jornalista Josélia Aguiar, para o Cultural.

A TARDENo prefácio, o senhor conta um pouco como ′descobriu′ Domingos Sodré ao pesquisar em arquivos. Em que instante se deu conta de que ele seria o condutor dessa parte da história social do candomblé?

João José Reis | Acontece comigo. Meus livros sobre a Revolta dos Malês e a Revolta da Cemiterada nasceram de assuntos maiores. Domingos era para ser personagem de um artigo, que escrevi e publiquei, mas comecei a encontrar novas fontes que me permitiram ampliar sua biografia e a fazer conexões com biografias de outros personagens. E o artigo evoluiu para o livro. A história do candomblé não é assunto novo pra mim. Desde 1988, publico artigos sobre o tema. Estou para retomar, em parceria com Jocélio Telles dos Santos, meu colega na Ufba, o projeto de uma história social do candomblé ao longo do século XIX, para a qual já escrevemos alguns capítulos.

AT | De ex-escravo, Domingos Sodré se torna feiticeiro e figura de certa influência. O que sua trajetória de vida nos revela dessa sociedade?

JJR Revela que não era uma sociedade absolutamente fechada à mobilidade social, o que não é bem uma novidade para os iniciados. Mas era uma sociedade escravista em que a maioria dos africanos desembarcados como escravos morria como escravos. E para aqueles que conseguiam alforria, a mobilidade não era ilimitada. Havia barreiras raciais e étnicas intransponíveis, e eu as discuto no livro. O africano liberto, por exemplo, não podia participar em nenhum nível do jogo político oficial, não podia votar nem ser eleito, mesmo se fosse rico, como alguns poucos eram. Havia, inclusive, barreiras legais contra a ascensão econômica do africano. No livro, eu mostro, através da trajetória pessoal de Domingos e outros libertos, como os africanos negociaram a superação de algumas dessas barreiras, formando alianças sociais muitas vezes com a ajuda de suas habilidades rituais.



AT | Quais foram as maiores dificuldades para recontar a história de Domingos Sodré? Em vários trechos, o senhor ′imagina′ aquilo que não poderia ser respondido pela inexistência de documentação. De certo modo, confirma o que nos diz Carlo Ginzburg, para quem é possível fazer história com imaginação - e não, obviamente, com invenção?

JJR É isso mesmo. A dificuldade é que a gente não encontra dados para tudo na vida do personagem. A imaginação do historiador entra, não para substituir o dado, mas para propor possibilidades. A imaginação é também mobilizada para interpretar os dados que temos. Num e noutro caso, ajuda o conhecimento acumulado sobre o tema, a época, o lugar, enfim, sobre o contexto histórico objeto do exercício imaginativo.



AT | Uma obra como esta exige domínio de certas técnicas narrativas. Como nasce o escritor dentro do historiador?

JJR Em primeiro lugar, eu não escrevo apenas para especialistas, nem neste nem em livros anteriores. Os aspectos puramente conceituais raramente aparecem em meu trabalho como discussão teórica pura, o que guardo para o debate acadêmico com colegas e alunos. Não quer dizer que, quando escrevo, evito o debate de idéias, o bate-bola com os autores da área e coisas do gênero. Este livro não é apenas descritivo, é interpretativo, conceitual, mas os conceitos fazem parte da própria narrativa. Deixo que o leitor os descubra se quiser, se não lhe bastar desfrutar de uma boa história. O gênero biográfico, por outro lado, ajuda a engajar o leitor porque se aproxima do romance, o que é mais difícil ao se escrever história econômica da escravidão, por exemplo, que exige gráficos e tabelas. A prosa ficcional é feita de personagens com nome, endereço, embates, atitudes, decisões, desafios, perdas e ganhos, amores e dissabores. Domingos Sodré tem tudo isso, e ainda por cima ele existiu.



AT | Por que, na Bahia, o candomblé alcançou maior prestígio que nas demais regiões do País? Foi apenas por uma questão de maior contingente demográfico negro?

JJR O prestígio do candomblé, no sentido de aceitação social e proteção legal, é fenômeno relativamente recente. Há 30 anos, os terreiros tinham que se registrar na Delegacia de Jogos e Costumes. A partir de então, o candomblé virou moeda forte no jogo político-eleitoral, na economia regional (o turismo), na representação identitária (os movimentos negros) - e seu prestígio vem aumentando. Mas foi também ao longo desse período que a religião viu crescer um adversário poderoso nas igrejas evangélicas. Incidentes de intolerância religiosa, de violência verbal e física contra o povo-de-santo são veiculados toda hora na imprensa. Mesmo os poderes políticos ainda não se acostumaram com a idéia de que candomblé é religião com o mesmo estatuto das demais. A Prefeitura há alguns meses demoliu um templo de candomblé e vem assediando o venerável terreiro da Casa Branca para pagar IPTU, quando templo religioso, pelo que sei, é isento deste imposto. Então não diria que a batalha da aceitação e, portanto, o prestígio do candomblé na Bahia sejam ponto pacífico, ainda.



AT | Quais foram os caminhos encontrados pelos negros para a ′invenção da liberdade′ - título, aliás, de um livro organizado pelo senhor em 1988? Algum predominou? Algum foi mais bem-
-sucedido?

JJR A invenção da liberdade começava no interior da escravidão mesma, na conquista de espaços às vezes muito pequenos de respiração, até coisas maiores como manutenção da família unida, a celebração de crenças ancestrais, a liberdade dos batuques e a conquista da alforria. A invenção da liberdade estava também em atitudes mais abertamente rebeldes, a fuga, a formação de quilombos, as revoltas, o protesto abolicionista. A invenção da liberdade se projeta para além da abolição, para as estratégias através das quais indivíduos e coletividades reconstruíram suas vidas para enfrentar novos obstáculos à sua plena cidadania. E como o passado insiste em se renovar, a invenção da liberdade continua nos dias de hoje na mobilização por ações afirmativas, na defesa das cotas para ingresso nas universidades, na disputa político-eleitoral e na negociação cotidiana com patrões, patroas, policiais, fiscais, professores e outros poderes disseminados pela sociedade e o Estado.



AT | Este tema, o da ′invenção da liberdade′, é ainda pouco explorado por historiadores?

JJR Cada vez mais e a partir de diferentes ângulos, conforme acabo de indicar. A resistência e a negociação se tornaram paradigmas fundamentais dos estudos sobre a escravidão e o pós-abolição. Há gente na área se esforçando para descartar a resistência, o que me parece um movimento tipicamente conservador. Alguns falam em negociação, os mais ortodoxos só vêem acomodação. Há tempos escrevo sobre negociação, mas propondo que é a possibilidade do conflito que leva à negociação. É isso que convence o senhor a negociar. Ou você acha que ele negociava porque era bonzinho? A vida é mais complexa do que isto ′ou′ aquilo. É isto, aquilo e algo mais. Domingos Sodré, por exemplo, era contratado por escravos para fazer feitiço contra senhores, mas era ele próprio senhor de escravos.



AT | Há cerca de duas décadas cresceu a quantidade de pesquisas e livros publicados a respeito da escravidão. Recentemente, o mercado editorial colocou à disposição dos leitores muitos livros sobre a África e a cultura afro-
-brasileira, temas que se tornaram obrigatórios nos currículos. Onde a pesquisa mais avançou?
O que já se conseguiu en-
tender melhor ? Há ainda muitas lacunas?

JJR A maior lacuna está em estudos feitos por brasileiros sobre e na África, a partir de pesquisa original. Os livros publicados são, na sua maioria, didáticos e paradidáticos, escritos a partir de fontes secundárias para atender ao mercado criado pela lei que obriga o ensino da história africana nas escolas. Nada contra isso, mas para preencher a lacuna de obras mais aprofundadas, se poderiam criar linhas especiais de financiamento para formar pesquisadores africanistas. E enquanto os resultados dessas pesquisas não aparecem, se poderiam publicar traduções, o que não é feito por não existir mercado consumidor que justifique o investimento. Que o governo então financie os custos de tradução, e receba em troca das editoras mil, dois mil exemplares para serem distribuídos por bibliotecas de universidades, escolas, institutos culturais e de pesquisa. Já a pesquisa sobre escravidão continua em ascensão no Brasil: história econômica, social, cultural, demográfica, estudos sobre tráfico, alforria, família, biografia, resistência, escravidão urbana, rural, abolicionismo. E a Bahia está bem representada no conjunto do Brasil. Já se diz que temos uma ′escola baiana′ de estudos da escravidão. Faltam-nos mais pesquisas sobre
o período colonial baiano, sobre
o interior além do Recôncavo, sobre demografia escrava e economia escravista, sobre o pós-abolição, entre outros temas. Algumas dessas áreas já vêm apresentando resultados em dissertações, teses, artigos e livros, e sei de outras pesquisas em andamento. Mas a maioria dos pesquisadores permanece escrava do século XIX, do Recôncavo e de Salvador. Eu, por exemplo.



AT | É possível já pensar numa obra que interprete a sociedade baiana do século XX com a abrangência daquela feita por Kátia de Queirós Mattoso em relação ao século XIX baiano?

JJR É possível, sim, mas talvez seja melhor idéia pensar em uma obra coletiva, porque o trabalho não será pequeno, se pretender cobrir todo o século XX. As fontes republicanas não estão tão bem organizadas como as do século XIX
e são mais abundantes, pois além dos tradicionais arquivos do Estado e Municipal, tem os arquivos institucionais, militares, policiais, empresariais, particulares, arquivos orais, a literatura, a música,
a iconografia, a imprensa escrita,
o rádio, a TV e agora a internet. Para completar, uma bibliografia republicana crescente, e não apenas
na área específica de história,
que inclui livros, artigos, dissertações e teses. Não sei por que tenho a sensação de ter esquecido alguma coisa...



AT | Em sua vida de historiador, o senhor tem notado aumento ou redução de interesse por história por parte do público comum?



JJR Tenho. No meu tempo de universidade, o quente era ler economistas e sociólogos, Celso Furtado, Antônio Barros, Fernando Henrique, Octávio Ianni etc. A vez agora é da história. Já tivemos verdadeiros best sellers, infelizmen-
te nenhum deles escrito por mim. O interesse vem dos últimos 20 anos, e resulta, em grande medida, da adoção pelos historiadores de uma linguagem menos hermética e de temas mais ao gosto do leitor não-acadêmico. Mas quem melhor aproveita essa fatia do mercado editorial são os jornalistas,
às vezes em obras excelentes, como a série sobre a ditadura, de Elio Gaspari.



AT | O senhor já tem outro projeto em vista? Qual o próximo personagem, ou aspecto da vida baiana, que lhe interessa agora
estudar?



JJR Tenho muitos projetos em andamento, sobre temas variados: fuga de escravos, história social da festa, a greve africana de 1857, continuo interessado nas revoltas escravas, já mencionei o projeto sobre candomblé. Cada tema será um livro algum dia, se eu tiver vida longa. No momento, estou a escrever com Flávio Gomes (UFRJ) e Marcus Carvalho (UFPE) a história de um personagem tão interessante como Domingos, e que talvez tivesse cruzado com ele nas ruas da Bahia. Era nagô muçulmano, prisioneiro de guerra em Oyo, na Nigéria, vendido a traficantes baianos em Lagos, provavelmente, em 1821-22. Na Bahia, foi escravo de um boticário que o treinou como cozinheiro; seguiu com seu senhor-moço para o Rio Grande do Sul, em 1831, onde foi vendido ao chefe de polícia, de quem comprou sua alforria nas vésperas da Farroupilha, em 1835; daí seguiu para o Rio de Janeiro, onde iniciou carreira de cozinheiro a bordo de navios negreiros, um dos quais foi apresado, em 1841, pelos britânicos, por tentativa de tráfico, e levado a julgamento em Serra Leoa. Lá, o nosso personagem freqüentou escolas corânicas durante alguns meses; retornou ao Brasil, depois visitou novamente Serra Leoa para estudos mais prolongados de língua árabe; voltou mais uma vez ao Brasil para se estabelecer no Recife como alufá, adivinho e curandeiro. Em 1853, correram boatos de uma revolta escrava. Este homem foi preso e contou sua história. Seu nome cristão era Rufino José Maria, seu nome muçulmano Abucaré, talvez o que o escrivão de polícia entendeu de Abdu Karin.

FONTE: Jornal A TARDE.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Batuque digital nos terreiros do Eng. Velho da Federação

Terreiros do Engenho Velho da Federação contarão, a partir de agosto, com três infocentros para jovens carentes do bairro, graças a uma parceria firmada com universidades, governo e fundações culturais. O Programa Roda Baiana, que teve mais uma etapa inaugurada ontem, promoverá aulas de informática para estudantes do Engenho Velho, dando continuidade a uma iniciativa - em atividade - que prepara alunos negros para a inserção no ensino superior.

"Esta é a segunda etapa do Roda Baiana, a próxima será a de capacitação profissional para o mercado de trabalho", explicou Karine Limeira, uma das coordenadoras do projeto. Os terreiros do Cobre, Tanuri Junçara e Bogum, das nações Ketu, Angola e Jeje, respectivamente, ganharam seis computadores, cada um, e deverão contar com monitores contratados durante as aulas, em três turnos diários. Os centros terão conexão rápida, com acesso à internet.

Arraigada nas tradições do candomblé, mãe Val, ialorixá do Terreiro do Cobre, vê a chegada da tecnologia digital sem muito estardalhaço. Ela cedeu uma de suas salas para a instalação dos equipamentos, que não deverão comprometer as atividades religiosas da casa. "Será mais uma experiência, dentre tantas aqui no bairro, além de nos possibilitar trabalhar com outros terreiros, nos fortalecer", diz.

Numa comunidade que reúne anualmente caminhadas contra a intolerância religiosa, como gosta de frisar Karine, a união dos terreiros é uma forma de autodefesa. Mães-de-santo e fiéis do candomblé, caracterizados pela cor branca da sexta-feira, se reuniram ontem em torno dos rituais típicos, desta vez por uma causa nobre. "Num bairro como o nosso, onde o jovem é exposto à violência, precisamos mostrar alternativas para ele", disse mãe Val.

não é lan house - Bem-humorada, a makota Valdina de Oliveira Pinto, considerada liderança religiosa do Engenho Velho, preferiu dar logo seu recado. "Isso aqui não vai ser lan house", decretou, dedo em riste e autoridade de matriarca. Para ela, a importância de se "trabalhar para o mercado de trabalho, não somente tirando o jovem da rua e da marginalidade", sobrepõe o uso do computador para a diversão despropositada. Ou seja, nada de jogos de luta e tempo perdido em páginas de relacionamento, como o Orkut.

Responsável pela doação dos computadores, o Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados) pretende trabalhar com software livre, mas o coordenador de inclusão digital da Bahia, Jorge Vasconcelos, admite encontrar alguma resistência, por se tratar de uma configuração diferente da habitualmente implantada nas empresas. "Nosso objetivo é doar outras máquinas consideradas ociosas, beneficiar outros projetos", disse.

"A orientação atual é que empresas públicas doem estas máquinas a entidades filantrópicas ou instituições que tenham um trabalho social importante", esclareceu o coordenador de inclusão digital.

FONTE: Jornal A TARDE

Cristo, Axé e Maomé

No quarto século da nossa era, Agostinho de Hipona escreveu mais ou menos assim: "Ser humilde com quem é arrogante, firme com quem é pusilânime, doce com quem é amargo, decidido com os indecisos, manso com os irados, sereno com os agitados, equilibrado com os angustiados e, ai de mim, amar a todos". Agostinho continua sendo um baluarte da fraternidade. Guimarães Rosa disse que há o mundo do rio e o mundo da ponte. Construo pontes. Não de madeira, concreto ou aço, mas de sonhos. Material eterno e mais nobre.

Na primeira sexta-feira de julho, na missa da Igreja de São Lázaro entraram pessoas ligadas ao candomblé. Duas delas jovens, com roupas novas imaculadamente brancas e limpíssimas. Chegaram silenciosas, pacíficas e humildes e se colocaram de frente para o altar, em posição de prece maometana. Cristo, Axé e Maomé. O clima estava bom e ficou melhor. O silêncio ficou rico, lembrando um verso da minha juventude: "O silêncio infinito do grito de Deus". Passados alguns minutos, saíram tão ungidamente quanto tinham entrado.

O Dalai Lama disse que religião é para unir pessoas, colocá-las em comunhão; caso contrário, não merece este nome. Guerras ditas religiosas, cristãs, islâmicas, judaicas, tribais ou quaisquer outras são expressões do oposto. A religião deve ocupar-se com o Bem, e não com "os bens", como fazem tantas imposturas por aí.

Mudando de assunto no gancho do axé, que significa algo como "graça", o contrário de "desgraça", se não me engano em iorubá, a dívida que a cultura moderna da Bahia tem para com a chamada "axé music" é inestimável. Incluo no pacote a linha afro e a linha, digamos, branca, que de branco mesmo tem pouco.

Entre os muitos benefícios, cito o desenvolvimento da percussão em uma infinidade de levadas diferentes, ricas e criativas, que têm impressionado o mundo, a criação de um imenso campo de trabalho internacional para jovens que, de outro modo, dificilmente teriam uma ocupação decente, a elevação do nível técnico e artístico de uma grande quantidade de músicos (guitarristas, arranjadores, baixistas, tecladistas, saxofonistas, trompetistas, trombonistas e outros), habilitando-os profissionalmente e possibilitando-lhes a aquisição de instrumentos e equipamentos periféricos "de ponta", o que acaba beneficiando o meio musical como um todo.

Percussionistas e outros músicos do chamado "axé" têm atuado como multiplicadores em muitas escolas, centros comunitários, grupos paralelos, estúdios de ensaio e gravação, etc. De outro lado, o núcleo de orquestras juvenis e infantis do Teatro Castro Alves, também com um trabalho brilhante na formação de músicos, via outra linguagem não menos importante, embora mais impopular ainda. Tudo isso com muitas ligações diretas e indiretas com a grande mãe, a Escola de Música da Universidade Federal da Bahia.

FONTE: Jornal A TARDE

Dama do candomblé

Em 18 de outubro de 1998, a comunidade do Ilê Iyá Omin Axé Iyamassê, e por extensão todo o povo-de-santo da Bahia e do Brasil, perdia a iyalorixá Cleuza Millet, primogênita de mãe Menininha do Gantois (1894-1986), que a substituiu no trono sacerdotal daquela casa de 1989 até o já referido ano de sua morte. Iyá Cleuza pertenceu à grande dinastia de mulheres negras que compuseram um dos mais importantes legados religiosos de herança africana no Brasil: o Axé Gantois.

Desde criança, ela demonstrou uma forte personalidade e se construiu como mulher fora de muitos padrões seguidos e impostos a pessoas que tinham a sua condição étnica, sexual e social. Impressionava a todos com a força de suas decisões, determinação e, de certa forma, com as transgressões que cometeu ao longo de sua vida, em nome de muitos avanços que gerou para si e para sua família consangüínea e espiritual. Ela nasceu na Cidade da Bahia, em 1923, e já em finais de 1938, aos 15 anos, chamou a atenção da pesquisadora estadunidense Ruth Landes, que viu na jovem uma outra possibilidade de exercício de feminilidade e de independência em relação ao forte domínio exercido pelos homens desta nossa terra naquelas épocas.

A sua trajetória de vida a fez morar por 18 anos no Rio de Janeiro, onde teve seus três filhos, só retornando a viver no Gantois no começo dos anos 1960, quando começou ao lado da mãe Menininha, então já prestigiosa iyalorixá entre nós, a cuidar liturgicamente do complexo universo religioso daquele candomblé. Além de ebomy e braço direito da mãe, obrigou-se a estudar fazendo o curso técnico de obstetriz, na Faculdade de Medicina da Bahia. Trabalhou também como bancária, e foi, de fato, como havia previsto Ruth Landes em seu livro A cidade das mulheres, um exemplo feminino de independência e rigor litúrgico que deu continuidade aos ensinamentos ancestrais de D. Maria Júlia da Conceição Nazareth, sua tataravó e fundadora do Terreiro do Gantois.

Mãe Cleuza corporificou a imagem das mulheres altivas e determinadas, circunscritas na esfera das religiões afro-brasileiras, inteligentes e políticas, estudadas, que levaram para o sacerdócio suas experiências como cidadãs, impondo-se como mulheres negras do candomblé, dialógicas e proponentes de outras práticas que negassem o forte racismo existente em Salvador e em todo o Brasil. Ela se representa assim ao lado da grande Stella de Oxóssi, e de sua própria irmã caçula, mãe Carmem de Oxaguian, sucessora de Cleuza e atual iyalorixá do Gantois.

Neste mês de julho, precisamente no último domingo (amanhã), o Gantois festeja a orixá Nanã, senhora dos mistérios da vida e da morte, dos lamaçais, orixá que regia a cabeça de Cleuza, e ela como uma das damas soberanas daquela casa, na figura da sua orixá, também é relembrada e saudada por sua comunidade religiosa. Gente-de-santo não morre, sublima-se.

FONTE: Jornal A TARDE

Obá de Xangô nos braços de Olorun

A notícia relâmpago - morte de Caymmi - veio no tapete mágico voador. Perdida na contemplação do pé de damas-da-noite, transportei-me ao velho Opô Afonjá de Mãe Senhora dos grandes e inesquecíveis obás, os ministros de Xangô, já nos braços de Deus-Olorun: Jorge Amado, Miguel Santana, Camafeu de Oxóssi, Dmeval Chaves, Carybé... Agora Dorival Caymmi, o menestrel vanguardeiro.

Mãe Aninha, a fundadora do Axé, auxiliada por Martiniano Eliseu do Bonfim, criara, nos 1930, o corpo de obás: os ministros de Xangô, responsáveis pelos caminhos de seu candomblé de São Gonçalo do Retiro. Quase duas décadas mais tarde, sua filha espiritual Mãe Senhora de Oxum introduziu os "otum" e "ossi" de cada obá de Xangô. Otum significa direita; ossi,
esquerda, o que é freqüente
na complexa hierarquia dos
terreiros. São os assessores imediatos.

São 12 os obás-ministros de Xangô, o orixá da justiça e poder em exercício, o mais popular do panteão das divindades nagôs: obá aré, obá abiodum, obá cacanfô, obá telá, obá odofim, obá xorum, obá aressá, obá onikoiy, obá olubom, obá erim, obá onãxocum, obá arolu. Os primeiros seis são os chamados "obás da direita": com direito a voz e voto e, também, de tocar o xeré, sino sagrado de Xangô. Os demais são os "obás da esquerda", apenas com direito de voz; somente pegam os xerés na ausência dos primeiros. Não confundam os obás da direita e da esquerda com os "otum" e "ossi" de cada obá.

Dorival Caymmi era obá onikoiy, confirmado por Mãe Senhora há mais de quatro décadas. O cantor e ex-ministro da Cultura Gilberto Gil é otum-obá onikoiy: com a morte de Caymmi, ascende ao posto de obá onikoiy. Os obás são escolhidos diretamente por Xangô: os responsáveis pela manutenção da tradição e guardiães dos bons costumes.

Conheci Caymmi no Axé, em meados dos 1980. O venerando obá ficou mais de 15 dias em São Gonçalo, passando a limpo sua vida espiritual. Era comum vê-lo tocando violão perto do velho pé de iroco, vizinho à casa de Xangô. Bati papos gostosos com o impressionante artista que, no terreiro, comportava-se como outro qualquer: especial por ser filho de Xangô e obá de Xangô, não mais do que semente que deu certo perto de cascata de águas límpidas.

Pela manhã, conversando com Mãe Carmem, a ialorixá do Gantois, por telefone, com saudade nos lembramos da famosa canção Oração de Mãe Meninha, cantada pelas grandes vozes da MPB. Mãe Carmem me relembrou que todos os filhos de Caymmi são iniciados no Gantois, no tempo de sua falecida mãe, daí os laços de obá onikoiy com a impressionante comunidade da Federação.

O orun está em festa. São muitos a receberem o menestrel de Xangô: Carybé, Jorge Amado, Camafeu, Mãe Senhora, Mãe Menininha, Carmen Miranda e tantos outros também sementes de primeira ao lado de um manancial de água cristalina. Olorun kossi purê obá onikoiy.

Cléo Martins | Agbeni Xangô do Axé Opô Afonjá

FONTE: Jornal A TARDE

Fiéis unem São Roque e Obaluaê


Fotos Eduardo Martins | Ag. A Tarde

Nunca o sincretismo religioso teve tanta força na festa em homenagem a São Roque e Obaluaê. Pela primeira vez, os rituais afros dividiram o altar com o culto católico durante missa celebrada em comemoração ao dia do santo, ontem, no Santuário de São Lázaro, no bairro da Federação. Toques de atabaques, agogôs e músicas do candomblé deram o tom da festa, na segunda missa do dia, realizada às 9h.

Nos anos anteriores, os adeptos do culto de matriz africana praticavam os rituais do lado de fora da igreja. O pároco Rosivaldo Mota diz que resolveu quebrar a tradição católica que restringia as missas de culto afro às primeiras segundas-feiras de cada mês, mas proibia a celebração no dia dedicado a São Roque, 16 de agosto.

"Fizemos uma pesquisa e constatamos que 99% dos devotos eram a favor da mudança. Estamos na Bahia e é importante aderir às duas culturas", afirma. O pároco diz que pretende seguir a experiência na festa em homenagem a São Lázaro, em janeiro.

Festa - Uma multidão de devotos vestida de branco, em sua maioria, se espremia dentro e fora da igreja que permaneceu lotada durante todo o dia. Muitos se emocionaram com a liturgia e também se embalaram ao ritmo de ijexá. "Está uma coisa linda. A missa de São Roque tem que ter axé. Acho que demoraram muito para unirem os dois cultos", comentou a servente Maria de Fátima Santos, 50 anos, que freqüenta o local há mais de 20 anos.

Com lágrimas nos olhos, a filha-de-santo Maria Augusta Santana, 31, não escondia a emoção. "Essa é uma igreja muito importante para o povo do candomblé. Não era justo que a gente ficasse do lado de fora no dia dele, já que todos somos devotos", disse.

Homenagem - As comemorações em homenagem a São Roque foram iniciadas às 5h, com alvorada e queima de fogos. Ao todo, foram realizadas quatro missas: às 7, 9, 11 e às 15 horas a celebração solene. Às 16 horas uma multidão seguiu em procissão pelas ruas do bairro.

Durante todo o dia, fiéis fizeram fila do lado de fora do santuário de São Lázaro na Federação para tomar o tradicional banho de pipoca. Gente que vinha para fazer pedidos, agradecer uma graça ou simplesmente louvar o santo caridoso que é protetor dos pobres, viúvas e dos órfãos.

O ritual é seguido pelo bancário André Fernandes, 36, há 29 anos. Ele conta que virou devoto de São Lázaro depois que ficou curado das crises de convulsões que nenhum médico soube diagnosticar o motivo. "Fui em vários médicos e nenhum deles resolveu o meu problema. Um medico espírita indicou a minha mãe que me trouxesse aqui para tomar um banho de pipoca e eu fiquei curado", lembra.

Já a professora Amália Conceição Barbosa, 40, diz que toma banho de pipoca apenas para afastar o mau olhado. "O banho traz energia", acredita.

Um dos tabuleiros mais disputados era o da mãe-de-santo, Janete Souza, 54 anos, que faz o ritual há mais de 20 anos. Para atender os devotos ela preparou mais de 30 quilos de milho de pipoca. Uma das mais antigas no local, a mãe-de-santo conta que teve seu pedido atendido por São Lázaro, mas que hoje também é devota de São Roque. "Minha filha ficou curada de um problema na perna depois que eu dei um banho de pipoca na porta desta igreja. A partir daí, nunca mais parei de dar banho".

Origem - A Festa de São Roque é de origem portuguesa, mas possui forte influência dos adeptos do candomblé, que reverenciam Obaluaê, divindade ligada à cura das doenças epidêmicas. Roque nasceu na cidade de Montpellier, no sudeste da França. Era filho de pais nobres. Em 1315, aos 20 anos de idade, os pais de Roque morreram, mas ele decide seguir Jesus Cristo, renegando os bens materiais e distribuindo-os entre os pobres.

Partiu de Montpellier em peregrinação a Roma e, durante o caminho, encontrou cidades infectadas pela peste negra e, como tinha formação médica, se ofereceu como enfermeiro. Contraiu a doença e curou-se milagrosamente. Morreu em 16 de agosto de 1327, aos 32 anos.

FONTE: Jornal A TARDE

Obra de Mestre Didi aquece debate artístico


FOTO ADQUIRIDA EM SITE DE BUSCA GOOGLE

A obra de Mestre Didi conseguiu reunir, em um seminário, realizado na capital baiana, especialistas brasileiros e estrangeiros das mais variadas áreas do conhecimento. Ontem, a dimensão simbólica da criatividade e da linguagem foi o tema dos debates que têm como ponto de partida o uso dos recursos criativos pelo sacerdote dos cultos africanos e um dos mais consagrados artistas brasileiros. Intitulado "Criatividade, âmago das diversidades culturaisa estética do sagrado", o seminário prossegue até hoje, no Hotel Pestana.

A atividade, organizada pela Sociedade de Estudos da Cultura Negra no Brasil ( Secneb), continua a celebração dos 90 anos de Mestre Didi, comemorados em dezembro do ano passado. Um dos debates realizados na manhã de ontem, acompanhado atentamente pelo homenageado, reuniu o escritor e diretor da Fundação Biblioteca Nacional, Muniz Sodré; o articulador junto a ONU e membro da Cátedra Indígena Itinerante, Marcos Terena, dentre outros convidados.

"Este seminário não é para falar sobre qualquer alguém, mas de um respeitado representante do povo nagô na Bahia. Mestre Didi deveria ser reverenciado nacionalmente por ser uma figura tão atuante e dono de uma criatividade que traduz a vivacidade de um povo do ponto de vista litúrgico, artístico, narrativo", disse Muniz Sodré.

Marcos Terena, da etnia indígena terena, originária da região do Mato Grosso do Sul, é também diretor do Memorial dos Povos Indígenas e membro do Comitê Intertribal (ITC). Ele destacou a proximidade entre a visão de mundo africana, que é tema da obra de Mestre Didi, com a guardada pelos povos indígenas.

terra - "Nós entendemos a terra como um lugar do qual somos inquilinos. Não somos donos no sentido de explorá-la, mas sim inquilinos que sabem como cuidá-la. Por isso ela é tão importante para nós, como é para os quilombolas", completa Terena.

Ele destaca que o impacto da colonização opressiva no Brasil começou sobre os povos indígenas e continuou atingindo os africanos trazidos como escravos. "Existem conexões que nos aproxima", acrescentou Terena.

Descóredes Maxilimiliano dos Santos, o Mestre Didi, é filho único de Maria Bibiana do Espírito Santo, a Mãe Senhora, que foi ialorixá do Ilê Axé Opô Afonjá, um dos mais conhecidos terreiros de candomblé de Salvador.

Mestre Didi é descendente da tradicional família Asipa, originária de Oyó e Ketu, cidades do império iorubá e que hoje estão em território pertencentes à Nigéria e República do Benim.

Ele é um alto sacerdote do culto aos ancestrais, dono também de títulos como o que recebeu em 1983: Obá Mobá Oni Xangô, dado pelo rei de Ketu. Por conta de suas atribuições sacerdotais, não se pronuncia em público, fora de um recinto religioso.

"Mestre Didi é um sábio e líder espiritual que tem feito da vida dele uma demonstração de como afirmar sua identidade sem nenhuma forma de agressão. A grande idéia sobre ele é a idéia da tolerância", destaca a socióloga e diretora da Secneb, Maria Brandão, moderadora do debate "Criatividade e a Comunicação Intercultural", que ocorre hoje.

FONTE:Jornal A TARDE

STJ condena Universal a indenizar mãe-de-santo


FOTO:Fernando Amorim / Agência A Tarde

Os herdeiros da ialorixá baiana Gildásia dos Santos e Santos, a mãe Gilda, ganharam mais um round da luta travada com a Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd). O Superior Tribunal de Justiça (STJ) condenou a igreja a indenizar os filhos e o marido da sacerdotisa do candomblé por danos morais.

Segundo profissionais da área de direito, é a primeira vez que o STJ decide sobre uma ação que envolve intolerância religiosa cometida por uma instituição. “O que temos ainda em andamento são processos em que indivíduos isolados cometem o crime. Mas, neste caso, a ação partiu de forma institucionalizada, ou seja, por um órgão pertencente à Iurd, no caso, a Folha Universal”, explica o promotor de justiça Almiro Sena. Ele é o titular da Promotoria de Justiça de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa, criada há 11 anos e de forma pioneira pelo Ministério Público da Bahia.

Pela decisão do STJ, os herdeiros, em conjunto, vão receber pouco mais de R$ 145 mil, cabendo R$ 20.750 para cada um. Segundo um dos advogados dos herdeiros, Maurício Araújo, o valor será corrigido, tendo como parâmetro o ano de 1999, quando aconteceu a ofensa. Desta forma, a indenização ficará em cerca de R$ 400 mil. Ainda cabe recurso de ambas as partes. Neste caso, o julgamento será feito pelo chamado “pleno” do tribunal. A atual sentença foi dada pela Quarta Turma.

O total fixado pelo STJ ficou abaixo da indenização de R$ 1,3 milhão estabelecida na sentença do juiz Clésio Rômulo, da 17ª Vara Cível da Bahia, em 2004. Um ano depois, o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ) fixou um novo valor: R$ 960 mil.

“O valor dado pelo STJ está bem abaixo do que pretendíamos, mas comemoramos a condenação histórica. O STJ reconheceu a intolerância religiosa praticada pela Iurd”, explica Araújo. Segundo o advogado, os herdeiros apresentarão recurso para contestar o valor. “Vamos aguardar a publicação da sentença, que deve ocorrer a partir da próxima terça”, comenta.

Na avaliação de Maurício Araújo, o STJ seguiu uma padronização de valores que costuma adotar. “A meu ver, a indenização poderia ser mais alta por conta da peculiaridade do dano”, avalia Araújo. Em casos de danos morais, a legislação estabelece pisos específicos para evitar situações, como por exemplo, enriquecimento a partir da ação.

A TARDE entrou em contato com a assessoria de comunicação da Iurd, que fica em São Paulo. Foram obedecidas todas as exigências feitas pela assessoria para a obtenção de resposta da igreja – envio de e-mail formal, com detalhamento do assunto. Ao final do prazo, a assessoria informou que a direção da Iurd não deu nenhum tipo de resposta sobre o pedido da reportagem.

LUTA – A origem da ação judicial contra a Iurd foi a publicação, em 1999, de uma foto da mais alta sacerdotisa do terreiro Ilê Axé Abassá de Ogum, localizado em Itapuã, numa reportagem da Folha Universal intitulada "Macumbeiros charlatões lesam o bolso e a vida dos clientes".

Mãe Gilda morreu de infarto em 21 de janeiro de 2000, um dia após assinar a procuração para a abertura do processo. “Minha mãe tinha a saúde fragilizada e piorou depois do choque de ver sua foto na reportagem”, conta a ialorixá Jaciara Santos, filha biológica e sucessora de mãe Gilda no comando do terreiro. Embora considere baixo o valor da indenização concedida pelo STJ, ela afirma que a decisão tem um forte simbolismo.

“Foram nove anos de luta, mas estou feliz por ver a Iurd condenada”, diz a ialorixá, que neste sábado, 20, participa de uma marcha contra a intolerância religiosa no Rio de Janeiro. Ela também participou de uma ação contra a intolerância religiosa realizada nesta sexta-feira, 19, em Salvador.

JURISPRUDÊNCIA – Para a coordenadora local da Koinonia, Jussara Rêgo, a decisão do STJ abre jurisprudência. “Embora a indenização tenha sido baixa, abriu-se a possibilidade de punição para casos semelhantes”, diz. A Koinonia é uma ONG que assessora comunidades como as dos terreiros.

O advogado Samuel Vida, professor da Ufba e da Ucsal, também elogia a decisão. “O reparo que faço é em relação ao valor da indenização. A política de fixação de valores irrisórios pelos tribunais reduz o efeito pedagógico da punição”, diz Samuel Vida, que é coordenador do Afro-Gabinete de Articulação Institucional e Jurídica (Aganju).

A batalha dos herdeiros de mãe Gilda tornou-se um símbolo da luta pela liberdade de culto em todo o Brasil. O dia da sua morte é a data nacional de combate à intolerância religiosa por meio de um projeto do deputado federal Daniel Almeida (PCdoB), que foi sancionado pelo presidente Lula no ano passado. A ação foi inspirada numa lei vigente em Salvador e que partiu da iniciativa da vereadora Olívia Santana (PCdoB).

FONTE: Cleidiana Ramos, do A TARDE

Alvorada dos ojás

No ano passado, nas comemorações do mês da Consciência Negra, surgiu a idéia de no dia do ato da 3ª Caminhada pela Vida e Liberdade Religiosa, organizada pelo Coletivo de Entidades Negras (CEN), fossem amarrados panos brancos (ojás) nas árvores do Dique dos Orixás, como o prefere chamar o povo de candomblé desta cidade. Sem as condições devidas naquele momento, protelamos o ato, mas não o esquecemos.

Montamos uma comissão que, percebendo os avanços da intolerância religiosa no País, resolveu fazer o ato neste 19 de setembro, dia do lançamento da 4ª Caminhada, e com uma tarefa ainda maior: colocar ojás em 21 bairros de Salvador. Daí foi uma batalha para conseguir três mil metros de tecido, montar as equipes com mais de 40 carros e 200 pessoas e varar a madrugada de quinta-feira com este fim.

Babá Pecê, Makota Valdina, Tata Hemetério, Ebomy Nice, Equede Lindinalva de Paula, Maria Leda e sua equipe das baianas, Tata Eurico, Marlene de Exu, Hamilton Ribeiro, mãe Jaciara, Dois Mundos, Iale, Bigode, Hamilton Borges e candidatos a vereador que são do candomblé, como Tâmara Azevedo, Raimundinho Kewanze, Vera Fonseca, Torres e Euclides, destacaram-se no apoio ao ato. O prefeiturável Hilton Coelho também.

A ação política tem fim específico, que é combater a intolerância religiosa e mostrar que amamos tanto as árvores que carregam as energias sagradas, as energias dos nossos ancestrais e as nossas forças, assim como o vento, a água, o fogo e tudo o que tem de sagrado e denominamos meio ambiente, pois somos de uma religião que tem fundamento na natureza.

A cidade amanheceu mais bonita e com um ar de curiosidade. No Abaeté, na orla, Dique, Garibaldi, Bonfim, Paralela, Centro, Vitória, Suburbana e outros locais. Muitos desejaram saber o significado das árvores amarradas com os ojás. Uns afirmaram que era um ato pela paz, e foi. Outros, contra o extermínio de jovens negros e o assassinato de policiais, e foi. Outros para abrir a mente dos políticos com relação a ações sérias para o povo de candomblé. Foi também.

Propomos ao Estado compreender a nossa história e as nossas raízes. É inaceitável demolir terreiros em Salvador, lacrar terreiros em São Paulo, fazer leis que impedem a nossa liberdade de culto no Rio Grande do Sul e tirar a guarda da criança a fim de evitar transtornos psíquicos, como aconteceu no Rio de Janeiro. Sabemos que a liberdade de crença é um direito constitucional.

O que fizemos foi mais um ato de amor do povo de candomblé ao povo de Salvador, da Bahia e do Brasil. Agora fica a questão: que tal nos amar também? Não custa nada e é bom para todo mundo. O amor é uma das melhores ações para melhorar o mundo. Que os orixás, inquices, voduns e encantados para sempre sejam louvados, e que Jeová, Jesus, Alá, Tupã, Buda, os irmãos de luz, também e para todo o sempre.

FONTE: Jornal A TARDE

Santo ou orixá?

Cosme e Damião já eram crescidos quando cuidavam das pessoas. Eles são cultuados desde o século 4, e suas imagens faziam referência a adultos. As atuais, que mostram duas crianças, vêm das mudanças pelas quais as religiões passaram no Brasil. Aqui já foi proibido ser de qualquer outra religião que não fosse o catolicismo.

Para escaparem da perseguição, os negros escravizados no Brasil associavam os seus deuses aos santos católicos. Oxossi era São Sebastião, Iansã era Santa Bárbara, Ibeji era São Cosme e São Damião. Assim, podiam cuidar de suas divindades fingindo que rezavam para santos da Igreja. Com o tempo, as religiões se misturaram, e uma influenciou a outra. Como Ibeji é um orixá criança, os santos viraram meninos. Em algumas imagens, a terceira criança que aparece é Idoú, irmão mais novo do gêmeos. Para o candomblé, três é um número sagrado. Na África, um dos gêmeos é mulher.


FONTE: Jornal A TARDE

Adeptos do candomblé vão às ruas pedir liberdade de culto

Branco para protestar. Na manhã de ontem, militantes em favor da liberdade religiosa e adeptos dos cultos de matriz africana usaram a cor de Oxalá não apenas nos trajes. Vestiram uma parte da cidade, da Praça da Sé à Lagoa do Abaeté, com os tecidos brancos utilizados nos rituais de candomblé, os ojás (colocados em locais sagrados). O objetivo foi exigir respeito e combater a intolerância religiosa, não apenas na cidade, mas em todo o Brasil. Por volta das 9h, o Coletivo de Entidades Negras (Cenbrasil) começou a Alvorada dos Ojás na Praça Municipal, junto à cajazeira centenária que fica ao lado do Memorial das Baianas e ao monumento da Cruz Caída, de Mário Cravo Júnior.

O grupo realizou um ato litúrgico no local. Baianas dançaram e músicos tocaram instrumentos usados nos rituais. "Viemos fazer um pedido aos nossos ancestrais, de força para resistir e lutar pela liberdade de religião", explicou Marcos Rezende, coordenador do Cenbrasil, conselheiro da Secretaria Nacional dos Direitos Humanos e ogã do Terreiro Ilê Axé Oxumaré.

Também foi lido manifesto contra a intolerância e pela liberdade de culto, assinado por representantes de mais de mil terreiros de Salvador e outros 40 municípios baianos. O documento relembra o caso de Mãe Gilda. A demolição do Terreiro Oyá Unipó Neto, no bairro do Imbuí, em fevereiro, foi outro caso de agressão ao povo-de-santo citado pelo manifesto.

Marcos Rezende, que fez greve de fome em protesto quando o terreiro foi demolido, disse que este tipo de ataque precisa ser combatido não apenas na época de eleição: "Agora todo mundo fala em respeitar as diferenças entre as religiões, mas, quando a disputa por votos acaba, esquecem das promessas. O mapeamento dos terreiros de candomblé, por exemplo, deveria ser acompanhado da regularização fundiária dos locais, prometida pela prefeitura em regime de urgência. Até hoje o projeto está parado na Câmara de Vereadores", comentou.

O manifesto trata também de assuntos de outros estados. No Rio Grande do Sul, há a discussão de uma lei em defesa dos animais que, segundo o coletivo, inviabilizaria a liturgia dos cultos afro-brasileiros. Em São Paulo, um terreiro com mais de 25 anos foi lacrado pela prefeitura sob a alegação de mudança de zoneamento urbano e de que o barulho dos atabaques incomoda a vizinhança. No Rio de Janeiro, uma mulher adepta de cultos africanos chegou a perder a guarda do filho, porque a presença de imagens religiosas afetaria o desenvolvimento da criança.

A Alvorada dos Ajós também marcou o lançamento da quarta Caminhada Pela Vida e Liberdade Religiosa, que será realizada em 23 de novembro, saindo do Engenho Velho da Federação e indo até o Dique do Tororó.


FONTE:Jornal A TARDE

20/09/2008|

terça-feira, 16 de setembro de 2008

XIRE DE OSUN

O Ilè Alaketù Asé Òsún Iyámí Ipondá na pessoa do Babalorisá Mauro
T'osun
tem a satisfação de convida-lo para os Festejos de Iyámí Osun a
realizar-se
no dia 11 de Outubro, na ocasião será servido um jantar a todos os
convidados as 19hs, com ínicio do Sirè previsto para as 21hs.
Tradicionalmente O Ilè Alaketú Asé Òsún Iyámí Ipondá traz nossa Rainha

Ipondá no Ritual do Adegan ( A entrega dos 16 Ekodidés), na sequencia
de
ricos rituais Iyámí Osun prossegue com a entrega do pote de Obi, a
escolha
dessas pessoas se dá de forma aleatória e sem prévia escolha, Osun na
sua
sabedoria majestosa entrega a quem ela espiritualmente veja a
necessidade
de se ter tal Asé !
Realmente tem sido todos os anos surpreendente o número de pessoas das
mais
diversas partes do Brasil que vem para os Festejos de Osun, no último
ano
vários antropólogos do exterior vieram estudar tal ritualística no Egbé
de
Osun, e sairam maravilhados com tanta originalidade na forma de culto
do
Orisá Osun no Asé do Baba Mauro.
Tendo sido o Babalorisá Mauro Tosun o primeiro a introduzir tal Ritual
no
estado do Rio de Janeiro, e hoje muito se alegra em ver tal Ritual
propagado em quase todo o Brasil, por sua vez no ano de 2003 a então
Iyalorisá Wanda de Osun trouxe o Asé de Òsún Osogbò Nigéria delegando
entao
os direitos do Baba Mauro T'osun realizar tal Ritual em seu Egbé com
direito de entregar a outros Babas e Iyas de Òsún este Asé.
Os intervalos desta rica Festa se dá com maravilhosos aperitivos, doces
e
quitutes da nossa culinária baiana ...

É habitual pessoas de outros Egbés virem e se instalarem no Asé dias
antes
dos Festejos, participando desta forma dos rituais que antecedem a
Osun,
como os Preceitos do Orisá Otin, Erinlé, Logun Edé e Sango !

E pedido a todos do nosso Culto que venham em trajes brancos,
respeitando
tradicionalmente a dona da casa, Òsún !

O Asé Iyámí Ipondá situa-se à Rua Expedicionário Wilson Viana Barbosa,
321
- Bairro Colubandê - Município de São Gonçalo.

Para chegar em nosso Egbé vindo pela Ponte Rio-Niterói siga seEsta
mensagem

domingo, 13 de julho de 2008

YORÙBÁ seu significado e vocábulos

As palavras em yorùba têm vários tipos de acentuações, para definir o significado e a pronúncia das mesmas.
- No alfabeto Yorùbá não existem as letras "C, Ç, V, X e Z".
- As cinco vogais, a, e, i, o, u, têm o mesmo som que no português.
-Existem duas vogais modificadas, que são o "e"e o "o" com um ponto sob as mesmas, que por problema técnico substituiremos por um traço, que são pronunciadas como se fossem a nossa "é" como ouvida em : média, rédia,reta e, nossa "ó" como ouvida em: nó, voto, pó.
- No caso das consuantes notar que:
"g" tem sempre um som áspero, como em: gol.
"j" é sempre suave, como em: dia ( como se pronunciasse djia ) .
"h" sempre tem o som distinto como um som aspirado, mas nunca mudo.
""p" e "gb" possuem sons que não existem na língua portuguêsa, só ouvindo.
O "s" com um ponto sob o mesmo é pronunciado como se fosse o "ch" ou o "x" .
Os acentos não são empregados como no português.
O circunflexo indica uma contração de duas vogais e uma sílaba longa.
Os acentos agudo e grave são, simplesmente, marcas de intonação ( subir e descer da voz ).
VOCABULÁRIO
ÀBÁDÀ - para sempre
ABÁNIDÁRÒ - simpatizante
ABATÀ - trilha, caminho
ABE - navalha, canivete, bisturi
ABÉBÈ - leque de OSUN
ABÈSE - uma pessoa que não presta para nada
ABIAMO - mãe de muitos filhos
ÀBÍKU - a criança que supostamante voltou à vida depois de morta para uma mãe e nasceu outra vez
ABÍWO - chifrudo.( Gíria: "corno" )
ABOYÚN - mulher grávida
ABUKÉ - corcunda, relativo a OSSAYIN
ABÚRÒ - irmão ou irmã mais velha
ADÁDO - solitário, nostálgico
ADÉ - coroa, diadema
ADÉBO - sacrificador de animais para divindade, Ogan
ADÉLEBÒ - mulher casada que mora com o marido
ADIE - galinha, ave doméstica
ADÍDÚN - sopa consistente
ADÍFA - sacerdote de IFÁ
ÀDIMÓ - abraço
ADIMÚLÀ - o Deus todo poderoso, salvador
ÀDÓ - cabaça delgada
ÀDUFÉ - bem amado, admirado por rivais
ADÙNÀ - adversário
ÀDUNÍ - admirado por todos
ADÚPÉ - obrigado
ADÚRÀ - oração, súplica, resa
AFÀIYA - encanto, feitiço, bruxo
AFÁRÍ - barbeado, pessoa de cabeça raspada
AFÉ - prazer, deleite
AFEFE - vento
ÀFIMÓ - calúnia, falsa acusação
ÀFISIRÈ - brincar, divertir
AFORÍJÌ - perdão
ÀGBÀ - mais velho
AGBÁDA - vestimenta, vestido, roupa, vestimenta eclesiástica
ÀGBADO - milho, canjica
ÀGBÁIYE - o mundo todo, o universo
ÀGBÁNRERE - rinoceronte, unicórneo
ÀGINISO - catasol, caramujo. Os cultuadores da divindade OS são proibidas de usarem a palavra "ÌGBÍN" para designarem Catasol, portanto eles usan "AGINISO". U dos secretos animais moluscos que usa nos rituais da divindade OSUN
AGIYAN - formigueiro
AGORO - lebre, coelho
ÀGUTAN - ovelha
ÀIBU - inteiro, todo
ÀIDIDÉ - estar sentado ou deitado
ÀIMÒ - ignorância
ÀÀJÀ - adjá
AJÁ - cachorro
AJABÒ - comida feita com quiabo amassado. Oferenda à SÀNGÓ
ÀJANAKÚ - elefante
ÀJAO - morcego
ÀJAPÁ - tartaruga, cágado
ÀJÉ - feiticeiro, bruxo; bruxa, feiticeira
ÀJODUN - aniversário
ÀKÉTÉ - chapéu
AKÍLO - adeus, despedida
AKO - prostituta
ÀLÀ - roupa branca
ALÁMO - aadivinho, vidente
ALÁYA - homem casado, marido
ÀLE - amante, concumbina, namorado
ALÉGBÀ - jacaré
ALÙMON GÀJÍ - tesoura
AMÒN - barro
ÀNAMÓ - batata doce
ANTÈTÈ - grilo
APÀKO - bambu
ÁPÁÒKÁ - jaqueira
ARÁBÌRIN - parente mulher
ARÁIYE - povo, humanidade
ARÁKONRIN - parete omen, irmão
AREMO - primogênito
ÀRÈMO - criança grande, menino ou menina
ÀROBÁDE - coincidência
ARÚWA - agora
ÀSÁLÙ - pedir proteção a alguém
ASÁN - vaidade, orgulho
ÀSE - amen
ASO - roupa, paramento
ASO INURA - toalha
ASO FUNFUN - roupa branca
ASO ODÚN - roupa de festa
ÀTÀ - cumeeira
ATALÈ - genjibre
ATÃRE - pimenta da costa
AWO - culto
ÀYA - esposa, mulher
ÀYABA - rainha, mulher do rei. Termo honorífico dado às divindades femininas da cultura yorubana
ÀYINRÍN - azul claro
BABA - pai, mestre
BABANLÁ - avô
BÀBUJÁ - fazer um pequeno corte
BÀNTÉ - avental
BÀRABÀRA - apressadamente, rapidamente
BARALÈ - ser cauteloso, precavido
BÁRÉ - manter relacionamento amigável cm alguém
BÁREBÁRE - pouco a pouco, passo a passo
BÉBÈBÉ - aos pouquinhos
BORÍ - alimentar a cabeça, oferecer alimento, sacrifício ao ÒRÌSÀ que protege uma pessoa
BÓROBÒRO - disparate, tolice, conversa tola
BÓTÍ - calmamente
BUBURÚ - malvado, perverso, mau
BURÚ - mau, doente
DÁDÓ - morar sozinho, viver isolado
DÁKE - ficar silencioso, permanecer calado
DÁKEJE - ficar quieto
DÁLÈ - iniciar uma ligação ou concubinato com alguém
DÁLÉJÓ - julgar, censurar
DÁSASA - ótimo
DIDUPE - agradecer
DÒBÁLÈ - prostar-se no chão
DÚDU - preto, cor escura
DÚPÉ - agradecer
DÚRÓ - ficar, permanecer, estar em pé
DÚRODÈ - esperar
ÈBGÓN - irmão mais velho
EBO - sacrifício
EBORA - um homem forte, aquele que é notável, um mito poderoso
ÈÈWÒ - proibição, quizila
EFUN - giz, cal, pemba
EGBÉ - comunidade
ÈGBO - canjica
EIYE - pássaro, ave
EJA - peixe
ÈJÈ - sangue
EJÒ - cobra, serpente
EJÓ - problrma, assunto, caso, falta
ÈKÉ - mentira, falsidade
ELÉDÈ - porco, suíno
ELÉKE - mentiroso, mexeriqueiro
ÈLIRI - camundongo, rato
ENÍ - esteira, capacho
EPO - azeite de dendê
ERÈ - jibóia
ÈSE - gato
ESIN - cavalo
EWÈ - folha,folhagem
EYELÉ - pombo
EYIN - ovo
FÁRI - raspar os cabeça da cabeça com navalha
FUNFUN - branco
FURU - silenciosa e rapidamente
GBÉRÉ - incisão
GÉDE - cortar fora
GÚGÚRÚ - pipoca
IDAKÉ - repouso
IGBÍN - grande caracol comestível
IGBÓ - mato
ILÉ - casa
ÌPADÉ - reunião, encontro
ISU - inhame
ITAN - história, conto
ÌRÙKÈRÈ - ornamento, cauda de búfalo usada pelos sacerdotes ou reis; espanador
IRUN - cabelo
ÌSÁPE - palmas, bater palmas com outras pessoas
ÌYÁLA - cozinheira-chefe
ÌYÁ - mãe
IYÒ - sal
JÀKÓ - macaco
JÓKO - assentar, ficar, tomar assento
JÒJÒLÓ - recém-nascido
JÓKO - assentar, ficar, tomar assento
KÁBÍYÈSÍ - saudação ao rei
KÉKÈKÉ - pequeno
KÒNKÒ - sapo-boi
KÚYÈ - esquecido ( que tem memória jalha )
LATIJÓ - antigamente, há muito tempo atrás
MÀLU - boi, touro, vaca
MÉJI - dois, casal, par, gêmeos
MO JÚBÀ - meus respeitos
MÒNRÌWO - folhas da palmeira dendezeiro
MUTÍ - beber qualquer líquido tóxico
NIDAKÉ - quieto, silencioso
NÍDURO - ereto, em pé
NÍTÌJÚ - acanhado, envergonhado, modesto
OBÀ - rei
ÒBE - faca, canivete
OBEDÒ - verde
OBIRIN ou OBORIN - mulher, esposa, fêmea, feminina
ÒBO - macaco
ÒBÚKO - bode
O DÀBO - adeus
ODEBÒ - verde
ODIDE - papagaio
ÒDO - porco
ODU - destino
ÒFÉFE - azul claro, azul celeste
OFÒ - encantamento
ÒGEDE - encantamento
ÒJÁ - pano branco
OKO - marido
OKOLÁYÀ - casal, marido e mulher
OKONRIN - homem, macho
ÒKÚ - defunto
OKÙNRIN - masculino
OLÓBÌRI - marido, aquele que tem uma mulher
OLÓJUMETI - pessoa falsa, traiçoeira
OLÓMI - aguado
OLÙBÓ - aquele que mantém, sustenta ou alimenta um outro
OLÙFÉ - pessoa amada, um amante
OLÚWO - olhador
OMI - água, suco, sumo
OMIRÓ - água salgada, água do mar
OMI-IYÒ - água salgada, água do mar
OMOBIRIN - menina, filha
OMODE - criancice, meninice, infância, juventude, mais novo
OMOKONRIN - menino, rapaz, moço
OMORE- parente
ÒNI - jacaré, crocodilo
ONÍJÀ - pessoa dada a discurssões, lutador, brigão
ONÍPÈ - advogado, defensor, acusador
ONÍSOKÚSO - pessoa tagarela, um fofoqueiro
OPÓ - viúva
ÒPOLO - sapo, rã
ÒRÉ - amigo
ORÍKÌ - nome de família
ORIN - cantigas
ÒRÌSÀ - ( pronuncia-se ÓRICHÁ )
ÒRÓMBO - laranja
ÒRUKA - anel
ÒRUN - céu, núvem, firmamento
OSÉ - machado de SÀNGÓ( pronuncia-se ÔXÊ )
ORÍ - cabeça
OTÍ - bebida alcoólica ou tóxica
ÒSIKA - pessoa malvada
OWÓ - dinheiro
ÒWÚ - algodão
OYÈ - título, cargo
OYIN - mel
PÁLAP'`ALA - disparate, coisa sem sentido
PÈLÉPÈLÉ - moderamente, cautelosamente
PÉPEIYE - pato
PUPA - vermelho, avermelhado
SÉ ÌPATÉWÓ - aplaudir
SAWORO - guizo
SÉRÉE - símbolo que SÀNGÓ carrega nas mãos( pronuncia-se XÉRÉ )
TAKÉTE - manter-se afastado de, evitar
TÉRÉ, TÉRÉTÉRÉ - em pequenas quantidades
WÚRÀ - ouro
YAKO - ser macho, diferente
YANKAN - vermelho-sangue
YÈHAN - amigo, parente
YÈYÉ - mãezinha, "queridinha "
YIÁ - mãe, senhora

As folhas dos Òrixás

ORIN EWÈ ( Cantigas de Folhas ):
A fi pa burúrú ( Nós usamos para matar complicações )
Etiponlá wa fi pá burúrú ( Erva-tostão nós usamos para matar complicações )
A fi pá burúrú ( Nós usamos para matar complicações )
Etiponalá wa fi pá burúrú ( Erva-tostão nós usamos para matar complicações )
Ita ifá ifá owó, ita omo ( Pitangueira atrai dinheiro, pitangueira atrai filho )
Etiponlá wa fi pá burúrú ( Erva-tostão nós usamos para matar complicações )
ABILZEIRO: - ÌRÓKÒ, OXUM
ABRANDA FOGO: - ÈXÙ
ABRE CAMINHO: - ÒGÚN e ÒXÓÓSÌ
ACÁCIA FUREMA: - ÒXÓÒSÍ
AGAPANTO: - ÒÒXÀÀLÀ, NANÀ, OBALUWAIYE
AGRIÃO: - ÒGÚN
AGONIADA: - OMOLU
ÁGUA DE LEVANTE: - XÀNGÓ, YEMONJA e ÒÒXÀÀLÀ
AGUAPÉ: - YEMONJA E ÒXUN
AKÓKÓ: - ÒSÓNYÌN e ÒÒXÀÀLÀ
ALAMANDA: - OMOLÚ
ALCAPARREIRA: - OXUMARÉ
ALECRIM: - ÒXÓÒSÍ
ALECRIM DO CAMPO: - ÒXÓÒSÍ e ÒSÓNYÌN
ALFACE: - EGUN
ALFAVACA: ÒXÓÒSÍ
ALFAVAQUINHA: - ÒGÚN, ÒSÓNYÌN, ÒXÓÒSÍ, YEMONJA, OYA e ÒXUN
ALFAVACA ROXA: - NÀNÁ, XÀNGÓ, OMOLÚ
ALFAZEMA DE CABOCLO: OXÓSSI, OMOLÚ
ALGODÃO: - ÒÒXÀÀLÀ
ALTÉIA: - YEMONJA, OXUMARÉ
ALUMÃ: - XÀNGÓ, OXUM,ÒGÙN, OBALUAIE
AMENDOEIRA: - ÒSÓNYÌN e ÈXÙ
AMENDOIM: - ÒSÓNYÌN
AMOR DO CAMPO: - ÒXUN
AMOREIRA: - ÈXÙ e ÈGÙN
ANGELICÓ: - XÀNGÓ, OXUMARE
ANGELIM: - ÈXÙ e NÀNÁ
ARASSÁ DA PRAIA: - YEMONJA e YEMONJA
ARASSA DE COROA: - OXÓSSI
ARASSA DO CAMPO: - OXÓSSI
ARIDAN: - ÒSÓNYÌN
ARNICA: - ÒGÚN
AROEIRA: - ÒSÓNYÌN e ÈXÙ
AROEIRA BRANCA: - XÀNGÓ
AROEIRA ROXA: - XÀNGÓ
ARREBENTA CAVALO: - ÈXÙ
ARROZINHO: - YEWÀ
ARRUDA MIÚDA: - ÈXÙ e ÒXÓÒSÍ
ASSA-PEIXE: - ÈXÙ, OBÁ, NÀNÁ, ÒXUN, OMOLÚ
AVENCA: - NÀNÁ
AZEDINHA: - XÀNGÓ, OXUM
AZEVINHO: - ÈXÙ
AVINAGUEIRA: - ÈXÙ
BABA DE BOI: - OBALÚWÀIYÉ
BABOSA: - ÒXUN, OMOLÚ
BANANEIRA: - OXUM
BAMBU: - OYA, ÉGÚN
BARBA DE VELHO: - ÌRÓKÒ
BARBA DO DIABO: ÈXÙ
BARDANA: - ÈXÙ
BATATA DOCE: - ÒXÙMÀRÈ
BAUNILHA-DE-NICURI: - ÒSÓNYÌN
BEIJO VERMELHO: - XÀNGÓ
BELADONA: - ÈXÙ
BELDROEGA: - ÒGÚN, ÒXUN, ÒÒXÀÀLÀ , ÒSÖNYÌN , e ÈXÙ
BELDROEGA VERMELHA: - OMOLÚ
BEM-ME-QUER: - ÒXUN
BETE CHEIROSO: - XÀNGÓ e ÒÒXÀÀLÀ
BICO DE PAPAGAIO: - XÀNGÓ
BOLDO: - ÒÒXÀÀLÀ
BOMINA: - OMOLÚ e OYA
BREDO SEM ESPINHO: - ÒGÚN, ÒXÓÒSÍ, XÀNGÓ,YEMONJA, OYA e NÀNÁ
BRILHANTINA: - ÒXUN
BRINCO DE PRINCESA: - ÈXÙ
BROTO DE BEIJÃO: - NÀNÁ
BUCHEIRA: - ÒSÓNYÌN
CABELO DE MILHO: - OXÓSSI
CACTUS ( todos ): ÈXÙ
CAFÉ DO MATO: - OMOLÚ
CAIÇARA: - ÒSÓÓSÍ
CAJAZEIRA: - ÒGÚN
CAJUEIRO: - ÌRÓKÒ e ÈXÙ
CAMARÁ: - OXUM
CAMÉLIA: - YEMONJA
CAMOMILA: - OXUM
CAMPARÁ VERMELHO: - XÀNGÓ
CAMBOATÁ: - ÒGÚN
CANA-DE-AÇUCAR: - ÈXÙ
CANA DE MACACO: - ÈXÙ
CANA DO BREJO: - YEWÀ, ÒGÚN, YEMONJA, NÀNÁ e ÒXÙMÀRÈ
CANA FITA: - ÒXÓÒSÍ
CANELA DE MACACO: - ÒGÚN, YEMONJA, OYA, ÒXUN e ÒSÓNYÌN
CANELA DE VELHO: - OMOLÚ
CANENA COIRANA: - OMOLÚ
CANJERANA: - ÈXÙ
CANSAÇÃO: - ÈXÙ e XÀNGÓ
CAPEBA: - ÒXÓÒSÍ, XÀNGÓ, YEMONJA, ÒXUN, OYA e NÀNÁ
CAPIM LIMÃO: - ÒGÚN e OXÓSSI
CAPIXABA: - ÒGÚN
CAPIXINGUI: - OMOLÚ
CASTANHA DO PARÁ: - XÀNGÓ
CAROBINHA DO CAMPO: OMOLÚ
CARQUEJA: - ÒXÓÒSÍ e ÒGÚN
CARRAPATEIRA: - ÒSÓNÌYN
CARRAPICHO: - ÈXÙ,OXOSI, LOGUEDE
CASUARINA: - OYA
CATINGUEIRA: - ÈXÙ
CAVALINHA: - XÀNGÓ OXUMARÉ
CEBOLA: - ÒXUN
CEBOLA DO MATO: - OMOLÚ
CEDRINHO: - NANÃ
CELIDÔNIA: - ÒSÓNÌYN
CHAPÉU DE COURO: - ÒGÚN
CHOCALHO DE CHANGO: - XÀNGÓ
CIPÓ CABOCLO: - OXÓSSI
CIPÓ CRAVO: - OXÓSSI
CIPÓ CHUMBO: - ÒGÚN, ÒSÓNYÌN, OXUM, OMOLÚ
CIPRESTE: - NÀNÁN
COLONIA: - ÌRÓKÒ, YEMONJA, ÒXUN e ÒÒXÀÀLÀ
COMIGO-NINGUÉM-PODE: ÈXÙ
CONDESSA: - YEMONJA
COQUEIRO DE IRI: OXÓSSI
COQUEIRO DE VENUS: - ÒXÙMÀRÈ
CORDÃO DE FRADE: - ÒGÚN, OMOLÚ
CORDÃO DE SÃO FRANCISCO: - OMOLÚ
CORREDEIRA: - ÈXÙ
CRISTA DE GALO: - XÀNGÓ, ÌRÓKÒ e ÒGÚN
CRIZANTEMO: - OMOLÚCUNANÃ: - ÈXÙ
DANDÁ DA COSTA: - ÒGÚN
DANDÁ DO BREJO: - YEMONJA
DENDEZEIRO: - ÒSÓNYÌN, ÒÒXÀÀLÀ
DRAGOEIRO: - ÒGÚN
ERITRINA: - XÀNGÓ
ERVA CAPITÃO: - ÒXUN
ERVA-CIDREIRA (MELISSA ): OXUM
ERVA CURRALEIRA: - OXÓSSI
ERVA GROSSA: - XÀNGÓ
ERVA DE PASSARINHO: - OMOLÚ, ÒGÚN, ÒXÓÒSÍ, ÒXÙMÀRÈ, OYA , ÒSÓNÌYN e NÀNÁ
ERVA DE SÃO JOÃO: - XÀNGÓ
ERVA MOURA: - OMOLÚ
ERVA PRATA: - XÀNGÓ, YEMONJA e ÒÒXÀÀLÀ
ERVA PREÁ: - ÈXÙ
ERVA DE SANTA LUZIA: - YEMONJA, ÒXUN
ERVA-DE-SANTA MARIA: - OXUN
ERVA TOSTÃO: - ÒGÚN, OYA, XÀNGÓ e ÒSÓNYÌN
ERVA VINTÉM: - ÒSÓNYÌN
ESPADA DE SANTA BÁRBARA: - OYA
ESPADA DE SÃO JORGE: - ÒGÚN
ESPINHEIRA SANTA: - OMOLÚ
ESPINHO CHEIROSO: - ÒSÓNYÌN
EUCALIPTO: ÒGÚN
EWEBI: - ÒÒXÀÀLÀ
FEDEGOSO: - ÈXÙ e XÀNGÓ
FIGUEIRA PRETA: - ÈXÙ
FIXO: - ÒSÓNYÌN
FOLHA DA COSTA: - YEMONJA, ÒXUN, ÈXÙ, NÀNÁ e XÀNGÓ
FOLHA DA FEITICEIRA: - ÒXUN
FOLHA DE BICHO: - ÒÒXÀÀLÀ, ÒGÚN, XÀNGÓ e YEMONJA
FOLHA DA FORTUNA: - ÒXUN, ÒÒXÀÀLÀ, NÀNÁ, XÀNGO e ÈXÙ
FOLHA DE FOGO: - OYA e XÀNGÓ
FOLHA VINTÉM: - ÒXUN e ÒÒXÀÀLÀ
FUMO: - ÒSÓNYÌN
FUNCHO: OXALÁ
GAMELEIRA BRANCA: - XÀNGÓ e ÌRÓKÒ
GARRA DO DIABO: - ÈXU
GERVÃO ROXO: - OMOLÚ
GITÓ: - ÒSÓNÌYN
GOIABEIRA: - ÒGÚNe OXÓSSI
GRAVIOLA: - YEMONJA, OXUN, OXUMARE
GROSELHA: - ÒXÓÒSÍ
GRUMIXAMEIRA: - ÒGÙN
GUABIRA: - ÒSÓNÌYN
GUACO: - ÒÒXÀÀLÀ e OXÓSSI
GUARABU: - ÒGÚN
GUANDO: - OXUN
GUARAREMA: - OMOLÚ
GUAXIMA ROSA: - OXÓSSI
GUINÉ: ÒGÚN, OYA e OXÓSSI
HELICÔNIA: - ÒGÙN
HISSOPO: - OXÓSSI
HORTELÃ BRAVA: OMOLÚ
HORTELÃ DA HORTA: - OYA
INGAZEIRO: - ÒXÓÒSÍ,OXUMARÉ
INHAME: - ÒÒXÀÀLÀ
INHAME ACARÁ: - XÀNGÓ
IPÊ AMARELO: - OXUN
IRIRI: - ÌRÓKÒ
IVITINGA: - ÈXÙ
JABORANDI: - OYA e OYA
JABOTICABEIRA: - ÒGÙN
JACATIRÃO: - OXÓSSI
JAMBO: - ÒXUN e ÒGÙN
JAMELÃO: - ÈXÙ
JAQUEIRA: - ÌRÓKÒ e XÀNGÓ
JASMIM: - YEMONJA
JASMIM MANGA: - ÒXÓÒSÍ
JARRINHA: - ÒXUN, NÀNÁ, YEMONJA, OYA e XÀNGÓ
JATAI: - ÒGÙN
JATOBÁ: - ÒGÚN
JENIPAPO: - OMOLÚ
JEQUIRITI: - ÒSÓNYÌN
JITIRINA: - ÒÒZÀÀLÀ
JUAZEIRO; - ÈXÙ
JUCÁ: ÒGÚN
JURUBEBA: - ÈXÙ, ÒSÓNYÌN e OXÓSSI
LACRE: - IYA
LÁGRIMA DE NOSSA SENHORA: - YEMONJA, ÒXÓÒSÍ, ÒSÓNÌYN
LARANJEIRA DO MATO: - ÈXÙ
LEITEIRA: - XÀNGÓ
LIMÃO BRAVO: - ÒGÚN
LÍNGUA DE GALINHA: - OYA, NÀNÁ e ÒSÓNYÌN
LÍNGUA DE VACA: - ÒGÚN , ÒXÓÒSÍ, OXUMARÉ
LOSNA: - ÒGÚN
LOURO: - ÒÒXÀÀLÀ, OYA
MACAÇA: - YEMONJA, ÒXUN e ÒÒXÀÀLÀ
MACAÉ: - NÀNÁ
MACONHA: - ÈXÙ
MÃE BOA: - ÌRÓKÒ, YEMONJA, NÀNÁ, OXUM
MALMEQUER: - ÒXUN, OYA, ÒGÚN e ÒSÓNYÌN
MALVA BRANCA: - ÒXUN, YEMONJA e ÒÒXÀÀLÀ
MALVA CHEIROSA: - XÀNGÓ
MALVA DO CAMPO: - OXÓSSI
MALVARISCO: OXÓSSI
MALVA ROSA: - OYA
MAMÃO BRAVO: - ÈXÙ
MAMOEIRO: - ÒÒXÀÀLÀ
MAMONA: - OMOLÚ , ÒSÓNYÌN e ÈXÙ
MAMONA VERMELHA: - ÒSÓNYÌN
MANACÁ: - NÀNÁ e ÒÒXÀÀLÀ
MANGUEIRA: - ÒGÚN e ÈXÙ
MANJERICÃO: - ÒXUN, XÀNGÓ e ÒÒXÀÀLÀ
MANJERICONA: - OXUM
MANJERONA: - OMOLÚ e ÒÒXÀÀLÀ
MANJERIOBA: - ÈXÙ
MARACUJÁ-CAIANO: - OYA
MARAVILHA BONINA: - OYA
MARIA MOLE: - ÈXÙ
MARIA PRETA: - NÀNÁ
MARIAZINHA: - ÒXÙMÀRÈ
MARICOTINHA: - YEMONJA
MATA CABRAS: - ÈXÙ
MATA PASTO: - ÈXÙ
MELÃO DE SÃO CAETANO: - NÀNÁ, XÀNGÓ
MELANCIA: - YEWÀ
MELISSA: - ÒXUN
MILAME: - ÒXUN e ÌRÓKÒ
MILHO: - ÒXÓÒSÍ
MOLOLÔ: - OMOLÚ
MORANGUEIRO: - ZÀNGÓ
MULUNGU: - XÀNGÓ
MURICI: - ÒXÓÒSÍ
MUSGO: - OMOLÚ
MUSGO DA PEDREIRA: - XÀNGO
MUSGO MARINHO: - YEMONJA
MUSSAMBE: - ÈXÙ
MUTAMBA: - ÒXUN, OYA, ÒXÙMÀRÈ, NÀNÁ, ÒGÚN e XÀNGÓ
NARCISO: - ÒSÓNÌYN
NEGA MINA: - OYA, XÀNGÓ
NICURIZEIRO: ÒXÓÒSÍ
NOZ MOSCADA: - ÌRÓKÒ,XÀNGÓ
OBI: - ÒSÓNYÌN
OGBO: - ÒSÓNYÌN
OJUORO: - YEWÀ
ORA-PRO-NOBIS: - ÈXÙ
ORIPEPE: - ÒXUN
ORIRI: - ÒXUN
OXIBATA: - ÒXUN e YEMONJA
PAINEIRA: - ÒÒXÀÀLÀ,OMOLÚ
PALMEIRA AFRICANA: - ÈXÙ
PAPO DE PERU: - YEMONJA
PANACEIA: - XÀNGÓ
PARA-RAIO: - XÀNGÓ e OYA
PARIETÁRIA: - YEMONJA, OYA, ÒXUN, XÀNGO e ÒXÙMÀRÈ
PARIPAROBA: - OXÓSSI
PATA DE VACA: - YEMONJA
PATIÓBA: - ÒSÓNYÌN
PAU D'ALHO: - ÈXÙ
PAU PEREIRA: - XÀNGÓ
PAU ROSA: ÒGÚN
PAU SANTO: - ÈXÙ
PÉ DE PINTO: - ÒGÚN
PENTE DE OXUMARÉ: - ÒXÙMÀRÈ
PEREGUN: - ÒSÓNYÌN, ÒGÚN, OYA e ÒXÓÒSÍ
PERPÉTUA: - ÈXÙ
PESSEGUEIRO: - XÀNGÓ
PICÃO DA PRAIA: - ÈXÙ
PIMENTA DA COSTA: - ÈXÙ
PIMENTA MALAGUETA: - ÈXÙ
PINHÃO BRANCO: OYA e ÈXÙ
PINHÃO ROXO: - OYA e ÈXÙ
PITANGATUBA: - OXÓSSI
PITANGUEIRA: - ÒSÓNYÌN e ÒXÓÒSÍ
PIRI-PIRI: - ÒGÚN
PIXIRICA: - ÈXÙ
POINCÉTIA: - ÒGÚN
PORANGABA: - ÒGÚN
QUARESMA: - NÀNÁ
QUABRA-PEDRA: - ÒSÓNYÌN
QUIABEIRO: - XÀNGÓ
QUIOCO: - ÒXUN
QUITOCO: - OMOLÚ
QUIXAMBEIRA: - ÈXÙ e ÈGÙN
RABUJO: - OMOLÚ
RAMA DE LEITE: - ÒXUN, NÀNÁ, YEMONJA, OYA e ÒXÙMÀRÈ
ROMANZEIRO: - XÀNGÓ
SABUGUEIRO: - OMOLÚ
SAIÃO: - ÌRÓKÒ e ÒXÓÒSÍ
SALSA DA PRAIA: - YEMONJA
SÁLVIA: - OXALÁ
SAMAMBAIA: - NÀNÁ
SANGUE DE DRAGÃO: ÒGÚN
SANGOLOVO ( CANA DO BREJO ): YEWÀ e ÒÒXÀÀLÀ
SANTA BARBARA: OYA
SÃO GONÇALINHO: - ÒXÓÒSÍ e ÒGÚN
SEMPRE VIVA: ÈXÙ
SENSITIVA (DORMIDEIRA): - OYA, XÀNGÓ
SETE SANGRIAS: - OMOLÚ
SUSPIRO ROXO: - XÀNGÓ
TAQUARAÇU: - XÀNG;O, ÈGÙN
TAIOBA BRANCA: OYA, ÒXUN, NÀNÁ, ÒXÙMÀRÈ, YEMONJA,XÀNGÓ
TAJUJÁ: - ÈXÙ
TAMARINDEIRO: XÀNGÓ
TAMIARANGA: - ÈXÙ
TANCHAGEM: - ÒGÚN
TAPETE DE OXALÁ: - ÒÒXÀÀLÀ
TAPIXIRICA: - ÈXÙ
TAYUYA: - ÈXÙ
TINHORÃO ROXO: - ÈXÙ
TINTUREIRA: - ÈXÙ
TIRIRICA (DANDÁ-DA-COSTA): - ÈXÙ
TRAVESCÂNIA ( BROTO DE FEIJÃO PRETO ): - NÀNÁ
TROMBETA: - OYA
UMBAÚBA: ÒGÚN, YEMONJA e XÀNGÓ
UMBU: - OXALÁ
URTIGA: - ÈXÙ
URUCUN: XÀNGÓ
VASSOURINHA DE RELÓGIO: - ÒXUN
VELAME: - OMOLÚ
VENCE DEMANDA: - ÒGÚN, XÀNGÓ e ÒÒXÀÀLÀ
UNHA DE VACA: - YEMONJA
VIUVINHA: - Pertenca a todas Yabá.
XIQUEXIQUE: - ÈXÙ e XÀNGÓ.
OBSERVAÇÃO: As folhas de OXOSI podem ser usadas para OXUN e as de OBALUAIE para NANA e vice-versa.

Iniciação

São diversos os caminhos que levam uma pessoa a iniciar-se no Candomblé. Muitas porque foram escolhidas pelo Òrìsà e têm que ser iniciadas, outras porque assim o quiseram, com a concordância dos Òrìsàs, por amor a Religião.
O primeiro degrau é passar pelo ritual de BORÍ ( oferenda a cabeça ) sendo denominados à partir dessa data como ABÍYÁN. O ABÍYÁN poderá ficar a vida inteira nesta condição se o Òrìsà assim o desejar ou deverá ser iniciado imediatamente em decorrência da manifestação física do Òrìsà, conhecida como "bolar no santo ". Através do jogo será previsto a data do início do processo, determinado pelo Òrìsà do iniciado e pelo Òrìsà da casa, etc... . Esse processo durará no mínimo sete anos.
O ABÍYÁN ficará no ILÉ ÒRÌSÀ por três semanas ou mais, dependendo da qualidade do santo. Descansará, passará por limpeza física e espiritual, através de banhos, rituais e sacrifícios. De dentro do quarto sagrado ( RONKÒ ) só sairá para cerimônias em outros aposentos do ILÉ ÒRÌSÀ ou matas, mar, cachoeiras, rios, etc... . Nesta etapa o ABÍYÁN passa a ser denominado de IYAÓ. Aprende como comportar-se junto aos mais velhos, as rezas, as danças, etc... . Decorrido os dias e terminado os rituais, é chegada a hora da cerimônia pública.
Na primeira saida se apresentará vestido e pintado de branco com ÌKÓODÍDE amarrado na cabeça por palha da costa e baterá o PAWÒ para os locais sagrados do ILÉ e o DÓBÁLÈ ou YÌNKÁ para a ÌYÁLÒRÌXÀ ou BABALÒRÌXÀ.
Na segunda saida se apresentará com roupas e corpo coloridos. Nesta ocasião será escolhido uma pessoa de outro ILÉ ou nação para que peça ao Òrìsà que revele o nome ( ORÚKO ) do iniciado.
Na terceira saida se apresentará com a roupa característica do Òrìsà, lembrando seus atributos e histórias, comemorando-se, assim, o novo nascimento, através de danças e rituais.
Durante o período do recolhimento foi colocado no pescoço do IYAÓ o ÌLÈKÈ ( quelê ) que só poderá ser removido após 12 ( doze ) semanas, ocasião em que o grito com o qual o Òrìsà se anuncia será conhecido. Durante este período será respeitado e evitado todos os prazeres da vida normal, além de uma série de ÈÈWÒ ( proibição ).
Posteriormente a retirada do ÌLÈKÈ, haverão obrigações de um ano, três anos, cinco anos, se for o caso, e finalmente a confirmação final da iniciação aos sete anos, ocasião em que se tornará EEBONMI ( mais velho ) e em cerimônia pública poderá receber o conjunto de símbolos, denimonado DEKÁ, e estará apto a abrir seu ILÉ ÒRÌSÀ, caso tenha sido revelado o caminho no jogo dos búzios. Caso contrário, permanecerá no ILÉ e deverá receber cargo para atuar junto a ÈGBÉ ( comunidade ) .

ODÙS

OLÓÒRUN, o Deus todo poderoso, criou 16 ODÙS principais, 16 destinos possíveis. Cada um dêles desdobrou-se em 16, chamados OMO-ODÙ, totalizando 256 ODÙS. Os principais vão deliniar situação, objetivo, virtude e defeito. Êles foram criados para dar corpo aos adjetivos bom, mau, feio, bonito, forte, fraco, triste, alegre e assim por diante, influenciando no comportamento de tudo que tem vida. Cada um dêles tem uma explicação definida:
1 - OKANRAN - a insubordinação
2 - EJI-OKÓ - a dúvida
3 - ETÁ-OGUNDÁ- a obstinação
4 - IROSUN - a calma
5 - OXÉ - o brilho
6 - OBARÁ - a riqueza
7 - ODI - a violência
8 - EJI-ONÍLE - a intranquilidade
9 - OSSÁ - a lienação
10 - OFUN - a doença
11 - OWANRIN - a pressa
12 - EJI-LAXEBORÁ - a justiça
13 - EJI-OLOGBON - a meditação
14 - IKÁ-ORI - a sabedoria
15 - OGBÉ-OGUNDA - o discernimento
16 - ALAFIA - a paz.
OLÓÒRUN ao criar os 16 destinos possíveis, objetivou proporcionar personalidade a tudo que êle deu vida.
Criou a terra, a água, o ar e o fogo, os quatro elementos da natureza. Os elementos provenientes destes quatro elementos, formam as demais coisas vivas.
Cada elemento principal esta ligado a quatro ODÙS, que estão assim distribuidos:
- Terra: IROSUN, OBARÁ, EJI-LAXEBORÁ e IKA-ORI;
- Água: EJI-OKÓ, OXÉ, OSSÁ e EJI-OLOGBON;
- Ar: EJIÓNÍLE, OFUN, OGBÉ-OGUNDa e ALAFIA;
- Fogo: OKANRAN, ETÁ-OGUNDÁ, ODI e OWANRIN.


Cada ODÙ com seus objetivos, criaram seus filhos, OMO-ODÙ, 16 para cada um dos 16 principais, o que resulta dizer: 16 caminhos para os 16 destinos criados.
Os seres humanos são regidos por três ODÙS: ORI-ODÙ, o que rege a cabeça, OTU-ODÙ, o do lado direito e OSSI-ODÙ, o do lado esquerdo. Também sofremos influência dos ODÙS-PARIDORES, ODÙS do nascimento. São êles que vão definir nossa vida mostrando o caráter, saúde, sorte, etc..

Jeje Brasil

Djedje (jeje) é uma palavra de origem yoruba que significa estrangeiro, forasteiro e estranho; que recebeu uma conotação pejorativa como “inimigo”, por parte dos povos conquistados pelos reis de Dahomey e seu exército. Quando os conquistadores eram avistados pelos nativos de uma aldeia, muitos gritavam dando o alarme “Pou okan, djedje hum wa!” (olhem, os jejes estão chegando!).
Quando os primeiros daomeanos chegaram ao Brasil como escravos, aqueles que já estavam aqui reconheceram o inimigo e gritaram “Pou okan, djedje hum wa!”; e assim ficou conhecido o culto dos Voduns no Brasil “nação Jeje”.
Dentre os daomeanos escravizados, uma mulher chamada Ludovina Pessoa, natural da cidade Mahi (marri), foi escolhida pelos Voduns para fundar três templos na Bahia. Ela fundou: um templo para Dan; “Ceja Hundê”, mais conhecido como o “terreiro do Ventura” ou “Axé Pó Zehen” (pó zerrêm) em Cachoeira de São Felix; um templo para Hevioso “Zoogodo Bogun Male Hundô” em Salvador e um templo para Ajunsun que não se sabe porque não foi fundado. Esse é o segmento jeje-mahi do povo Fon.
O templo de Ajunsun/Sakpata foi fundado mais tarde pela africana Gaiacu Satu, em Cachoeira de São Felix e recebeu o nome de Axé Pó Egi, mais conhecido por Corcunda de Ayá. São os Jejes Savalu ou Savaluno. Sakpata era rei da cidade Savalu/África, segundo alguns historiadores, Sakpata foi o único rei que preferiu o exílio a se render aos conquistadores de Dahomey. O dialeto dos savalus também é o Fon.
No Maranhão encontramos a Casa das Minas fundada por Maria Jesuína, segundo informação de Sergio Ferreti. Creio que esta casa dispensa comentários, pois é com certeza a mais conhecida casa de jeje do Brasil. Esse é o segmento do povo Jeje-Mina.
Ainda no Maranhão encontramos a casa Fanti-Ashanti fundada por Euclides Menezes Ferreira. Esse é o segmento jeje-Fanti-Ashanti do povo Akan vindo de Ghana.
No Rio de Janeiro, foi fundado pela africana Gaiaku Rosena, natural de Allada, o “Terreiro do Pó Dabá” no bairro da Saúde, que foi herdado por sua filha Adelaide do Espírito Santo, mais conhecida como Mejitó que transferiu a casa de santo para o bairro Coelho da Rocha.
Depois veio Antonio.Pinto de Oliveira. “Tata Fomutinho” que fundou o Ceja Nassó, no bairro de Santo Cristo, depois mudou-se para Madureira na Estrada do Portela, depois para São João de Meriti onde finalmente se estabeleceu na Rua Paraíba.
Dizem os mais velhos, que Mejitó, ajudou muito Tata Fomutinho no começo de sua vida de santo aqui no Rio de Janeiro.
Tata Fomutinho deixou uma legião de filhos, netos e bisnetos. Dentre esses, meu pai Jorge de Yemanja que fundou o Kwe Ceja Tessi, Pai Zezinho da Boa Viagem que fundou o Terreiro de Nossa Senhora dos Navegantes, Tia Belinha que fundou a Colina de Oxosse e Amaro de Xangô que é aquele tio que está sempre disposto a nos atender e nos ajudar com suas memórias e conhecimentos.

Fonte: http://www.kwecejaneji.org/index.ASP

O ESPAÇO SAGRADO Ataliba Fernando Costa*

A sacralização do espaço remonta, é certo, aos primórdios do aparecimento na Terra dos seres humanos modernos (Homo sapiens) isso na era Cenozóica, período quaternário.O Homem é considerado como uma das últimas espécies a surgir no planeta, e na sua curta trajetória sobre a superfície deste planeta apenas ele possui as ideais condições e capacidade para agir sobre o meio e manipular objetos, Aguiar ao dissertar sobre as capacidades humanas afirma que o Homem diferencia-se das demais espécies animais, visto que só o Homem é dotado de imaginação e inteligência simbólicas. Trataremos então a seguir de manipulações do Homem sobre o meio, e a sacralização não só do espaço, mas também do momento, de um certo momento que capturado e representado pode trazer presságios para um ato ou uma vida. Comentaremos sobre as mais antigas representações conhecidas, as gravadas nas paredes das cavernas, representações conhecidas como arte rupestre; além de muito estudadas em nossos dias, trazem algumas incógnitas que ainda não foram plenamente elucidadas. Uma delas, refere-se à dificuldade de precisar a idade desses desenhos. No entanto, alguns pesquisadores afirmam que desenhos como esses datam de períodos anteriores ao Neolítico.Relevando os problemas de exatidão da idade dessas representações, a arte rupestre prima por nos fornecer, como salienta Brézillon, "informações sobre a fauna e o gênero de vida das populações representadas". Estas formas primitivas de representação, feitas nas paredes das cavernas, usando de pigmentos extraídos da natureza e entalhes feitos com ferramentas de pedra, como muitos pesquisadores como Brézillon, Hauser, Garcia, Motes e outros puderam observar, não tinham nenhuma intenção ornamental estética, e sim um caráter místico, onde as imagens ali presentes representavam, para o Homem pré-histórico, amuletos; presságios positivos em suas empreitadas, uma vez que se encontram em salas ocultas, de difícil acesso; nunca em lugares expostos à apreciação, como mostra Hauser. Sobre todo el hecho de que las pinturas estén a menudo completamente escondidas en rincones inaccesibles y totalmente oscuros de las cavernas, en los que hubieram podido de ninguna manera ser una "decoración. Tambien habla contra semejante explicación el hecho de su superposición a la manera de los palimpsestos, superposición que destruye de antemano toda función decorativa; esta superposición no era, sin embargo, necesaria, pues el pintor disponía de espacio suficiente. El amontonamiento de una figura sobre outra indica claramente que las pinturas no eran creadas com la inteción de proporcionar a los ojos un goce estético, sino persiguiendo un propósito en el que lo más importante era que as pinturas estuviesen situadas en ciertas cavernas y en ciertas partes específicas de las cavernas, indudablemente en determinados lugares considerados como especialmente convenientes para la magia. De posse destas afirmações exemplificadas podemos então, concluir que poderiam ser estes ambientes os primeiros templos, lugares sacralizados, que manipulados pelo homem estavam prenhes de magia e energia possibilitadora de presságios positivos. Ainda buscando subsídios nas informações de Hauser, podemos também dizer que se o templo, ou seja, locais onde tais imagens eram impressas, o local representado também continha a energia sagrada, um local sacro santo. Ainda citando Hauser, quando este disserta sobre os autores das tais pinturas rupestres podemos apreender que os executores dessas obras deveriam possuir além das posições de caçador e até mesmo de geógrafo o título de sacerdote, aquele eu distinguia e prendia mentalmente todas as particularidades de um lugar para assim pender no templo de seu clã toda a mítica do lugar. l pintor paleolítico era cazador y debia, como tal, ser um buen observador; debía conocer los animales y sus características, sus habituales paradas y sus emigraciones a través de las más leves huellas y rastros; debía tener una vista aguda para distinguir semejanzas y diferencias. Com essas informações podemos concluir que as representações primitivas são parte das conquistas do Homem, que lenta e gradativamente foi se intelectualizando e criando condições de agir sobre o meio, evoluindo, conseqüentemente, na forma de representar o espaço à sua volta. Os desenhos impressos pelo Homem primitivo, são representações do espaço no qual ele age, e, como não poderia deixar de ser, está cheio de elementos emocionais, um espaço relacionado com as necessidades e interesses do Homem pré-histórico. Dizer que as câmaras das cavernas utilizadas pelo homem como templo, seria o primeiro templo seria um pouco incoerente uma vez que o divino, o sagrado estava, na realidade do outro lado daquelas paredes de pedra. Concluímos sim, que tais câmaras eram na realidade a captura de espaços especiais que deviam ser transformados e sacralizados. Finalizando essa questão da sacralização do espaço podemos afirmar que a categoria Espaço, Paisagem e até mesmo Lugar (unidade elementar) servem como pano de fundo para as atividades humanas, portanto o profano e o sagrado coexistem, e quem transforma e dá caráter profano ou sagrado a um ambiente é o homem que o manipula ao se bel prazer. Citando HARVEY, quando este fala das classificações do espaço, este escreve: O espaço não é nem absoluto, relativo ou relacional em si mesmo, mas pode tornar-se em um ou em outro, dependendo das circunstâncias. O problema da correta conceituação do espaço é resolvido através da prática humana em relação a ele. Em outras palavras, não há respostas filosóficas para questões filosóficas que surgem sobre natureza do espaço. As respostas estão na prática humana.


* Ataliba Fernando Costa é Geógrafo, licenciado pela UFJF, com especialização em geografia e Gestão do território – em curso.AGUIAR, V. T. B. Atlas Geográfico Escolar. Rio Claro: UNESP, 1996. Tese de Doutorado. P. 95.É o que podemos chamar de arte ou escrita primitiva e indígena. São motivos geométricos representações zoomorfas e antropomorfas. BRÉZILLON, Michel. A Arte Rupestre Pós-glacial. IN: LEROI-GOURHA, A. et al.. Pré História. São Paulo: Pioneira/Edusp, 1981. P. 298-307.HAUSER, Arnold. História Social de la Literatura e la Arte .. p. 29.HARVEY, D. A Justiça Social e a Cidade. São Paulo: Hucitec, 1980, p. 5.

A Escolha do Nome de Uma Criança no Benin

A escolha do nome a ser dado à uma criança para o povo Ewe/Fon/Mina, é um dos eventos social e espiritual dos mais importantes. Marca o início do destino da criança aqui na terra.

Do momento da concepção, quando a mãe descobre que está grávida, até seu nascimento, todos os eventos são marcas significativas na vida daquele novo Ser, que muito influenciarão sua passagem neste planeta

Diariamente, sua mãe vai caminhando ao mercado, pegar pequenas poções de água. Esta pequena, porém sutil atividade tem um significado grande, revela o "Se" (alma/espírito) da criança que está para nascer. Está água é oferecida à uma personalidade importante e, desta forma, eles acreditam que a alma da criança se iguala à do antepassado escolhido, que acompanhará está criança em seu nascimento. A culminância destes importantes momentos, o nascimento da criança, é a escolha do nome. Por exemplo, o nome atribuído à criança pode ser baseado no dia da semana que a criança nasceu. A criança é também cuidadosamente examinada por dzoto (alma ancestral), pertencente à cosmologia Ewe. Desta forma, totalmente assistida e acompanhada por seu dzoto, a criança nasce para realizar seu destino aqui na terra.

Do momento em que toma conhecimento deste sagrado momento, a criança é orientada a evitar comer determinados alimentos e lhe é dado amuletos que devem ser usados em seus braços, pescoço e quadril, onde quer que vá; desta forma, os maus espíritos não a perturbarão.

Outras situações bem observadas são: de que forma esta criança sai do ventre de sua mãe, se possuem má formação, marcas de nascimento (sinais), tamanho do corpo, como choram, etc. Todas estas características também contribuem para determinar a personalidade da criança ou mesmo podem revelar sugestões para o seu futuro destino, de sua família e de sua comunidade.

O nome da criança também pode ser dado baseado na ordem de seu nascimento. Por exemplo, um menino que tenha sido o terceiro a nascer em uma família poderá ser chamado "Mensah" ou se for o quinto "Anani". A menina poderá ser chamada de "Mania", "Masa" se for a quarta a nascer ou "Mansa Abla".

A todas as crianças é dado o nome de seu Vodum, aquele que o acompanhou em seu nascimento ou de quem sua natureza mais assemelha. Mesmo as crianças nascida em circunstâncias excepcionais ou inferiores, também recebem o nome de seu Vodum. Por exemplo, as crianças nascidas com má formação física ou mental, anões, são chamados "Tohosou", espíritos de antigos ancestrais de Dahomey, que apresentavam as mesmas deficiências.

Crianças nascidas de maneira incomum, algumas de vezes até "engraçadas", também podiam ser nomeadas de acordo com as circunstâncias. Por exemplo, se uma mãe esta trabalhando em uma estrada, ou a caminho do mercado, se for menino pode se chamar "Alifoe" (homem do caminho) ou "Aliposi" (mulher do caminho) se for uma menina.

Se o pai da criança morrer antes de seu nascimento, se for menino pode ser chamado "Apedo" (a casa está vazia) ou "Apedomesi" se for uma menina. Se for o último a nascer pode ser nomeado "Agosu" e "Agosa" se for uma menino, "Agosi" ou "Agosivi" se for uma menina.

Se a criança for filha de pais muito pobres pode ser chamada "Lavagnon" (as coisas vão melhorar) ou "Agbsi" (nas mãos de Deus), ou ainda "Agbebavi" (você compensa toda a vida que choramos).

Crianças que nascem com uma propensão a atrair espíritos negativos devem ser chamadas "Abalo" ou "Aboki" que significa, mover os espíritos ruins para longe.

Finalmente, quando a criança é apresentada ao bokono, já tem um nome do espírito (família totem) de sua família sanguínea, de sua linhagem. Tradicionalmente, na cultura Ewe, é a avó ou o avô quem escolhe o nome da criança, na falta desses, outra pessoa poderá dar os nomes desde que receba uma inspiração e mantenha a tradição de nomes, circunstâncias incomuns, dias da semana, etc. para ele é muito importante e significativo para todo cumprimento de sua vida espiritual e material na Terra.

Atualmente, devido a grande mortalidade infantil, os beninenses esperam suas criança completarem três meses de vida para dar início as cerimônias na qual a criança se tornará um membro oficial da família.


Centro Cultural Ceja Neji

COMIDA DE SANTO

Explorando o assunto Comida de Santo, pode-se encontrar na literatura alguns textos. Fazendo-se agora um resumo e algumas colocações. Nina Rodrigues, em seus estudos, ao abordar à arte da culinária africana, achou difícil precisar, devido ao estado atual dos costumes, à quais grupos pertenceriam determinadas comidas. Já Manuel Querino assinalava que a contribuição dos grupos bantos, angolanos e jejes eram maiores que as dos nagôs, contrariando a tese dos que insistiam na sua predominância. Nos terreiros, esta cozinha, marcada por uma série de preceitos e interdições, vai aparecer relacionada diretamente aos deuses através das chamadas comidas do santo. Assim, cada um deles irá receber em dias especiais (ou não) pratos de sua preferência. Não se trata, porém só de comer e sim o que se come, o que não se come, quando se come, com quem, participam de um todo integrado que diz respeito a códigos imprescindíveis dentro da culinária dos deuses. E mais ainda, esta comida dentro da dinâmica dos terreiros é um dos veículos de vital importância para a transmissão e distribuição de axé. Seja essa comida reelaborada a partir de técnicas e maneiras predominantemente banto, jeje ou yorubá, esse negros modificaram as refeições do reino como já exposto. Outro fato que deve ser considerado é a falta de mantimentos num país desde o começo assolado pela fome. Da nova terra, o português ao lado das caças e muitos frutos, só pôde aproveitar a mandioca e o milho que eram alimentos básicos para o sustento e o qual era oferecido aos negros. Adotar os mantimentos da terra, ao lado de importar tantos outros como, por exemplo, o gengibre, arroz, inhame, banana, coco, dendê, foi à solução encontrada pelos portugueses para suprir a falta de alimentos. Cascudo (1970) diz que ao fim do séc XVIII os produtos americanos já estavam tão difundidos na África portuguesa que participavam das refeições nos negros, escravos ou livres.Os ingredientes africanos vindos da áfrica, como o quiabo, o inhame, erva-doce, gengibre, gergelim, amendoim, melancia, dendê e outros foram entrando aos poucos no Brasil de acordo com as exigências do tráfico ou da população aqui estabelecida. Não é possível, no entanto, se pensar nesta cozinha e nem em uma outra somente a partir de tais elementos. Ela é mais do que um conjunto de matérias naturais que podem ser adaptados e substituídos. Esse próprio fato obedece a uma certa ordem inscrita nos mais remotos tempos, fazendo com que a comida não perca seu sentido nem se afaste da visão do mundo que ela representa. O que dá identidade à determinada comida não é a origem dos vários ingredientes combinados, mas a maneira como estes elementos são combinados. E estas maneiras obedecem a determinados ritos que lhe dão sentido e, como tais, apresentam-se como algo criativo. Assim, é completamente arbitrário buscar precisar datas para essa culinária, entendendo esta como algo parado, fechado, se o próprio tempo se incumbiu de dinamizá-la.As condições de possibilidade para se pensar uma cozinha africana não podem ser pensadas em nível cronológico, assim como não podem prescindir desse tempo. Elas vão acontecendo, se dando, de acordo com o tipo de situação servil ou livre e o lugar em que vivia o africano, variando, desde o primeiro momento em que dividiu a cozinha com as africanas cozinheiras, até quando pôde, ante as novas condições suscitadas pelo processo histórico, negociar um tabuleiro. O processo de criação das comidas africanas também se deve a importância dos jejuns e das festas regulados pelas igrejas ( outra questão complexa que não cabe abrir aqui). Os africanos tiveram também que adaptar às vezes sua alimentação, a hora e quantidade que se podia comer impostas pela igreja. Todavia, quando puderam providenciar seus próprios alimentos. é muito provável que tenham lançado mão do conhecimento acumulado e das várias experiências trazidas de suas terras, já somadas a tantas outras.Tudo isso que foi colocado pelos autores não se trata de um retorno à África, mas fazer com que comida se faça africana, ou seja, remonte a histórias e passagens, visões de mundo associadas aos ancestrais, princípios universais ou antepassados, aos primórdios dos tempos quando estes fundaram a humanidade, constituíram as cidades e criaram os diferentes grupos. Visões de mundo juntadas a inúmeras outras experiências históricas constituídas no Novo Mundo. É este fazer que faz com que tal comida seja comida de santo.A comida de santo diferencia-se, assim, daquela do dia a dia. Uma coisa é cozinhar um inhame e dividi-lo em pedaços e come-lo no café da manhã. Outra é preparar esse mesmo inhame para Oxalá, quando variam desde o tamanho, a forma das raízes, os procedimentos observados para sua feitura e por fim, as palavras ditas para encantar a comida. Fazer um feijão no azeite não é o mesmo que preparar um Omolocum. Neste nada pode se escapar, se escolhe bem os grãos, pois Oxun liga-se à fecundidade. Os deuses comem comida mais elaborada. Embora os ingredientes sejam os mesmos, mudam o tratamento que estes recebem. E a forma como estes são tratados expressa seu sentido através de um ritual onde nada é por acaso. Assim, Exu pode comer de tudo com já dizia um de seus mitos. Ogun pode receber feijoada, uma vez que as carnes gordas lhe pertencem. E Oxossi por se ligar a terra, recebe todos os frutos dados pelo Novo Mundo.

Gonzegan Carla de Tobosi
FONTE: Faces da Tradição Afro-Brasileira – CNPq
Santo Também Come - Raul Lody

quinta-feira, 10 de julho de 2008


FESTA DE XANGÔ


O ILÊ ASÉ OJÚ ONIRÊ ,CONVIDA:
FESTA DE XANGÔ
DIA 12 DE JULHO
A PARTIR DAS 20 H.
situado na Rua caviúna Pq jacarandá-Embu nº 123
maiores informações tel: 4244-78874203-5760

terça-feira, 8 de julho de 2008

DICA

site em ingles que fala sobre todas as religões. Não tem nada relevante sobre Candomble, mas serve para quem quiser conhecer as religiões do mundo.
Querendo aprender um pouco mais, não pestaneje e vá lá.

http://www.religioustolerance.org/