VENHA JOGAR BUZIOS

VENHA JOGAR BUZIOS
CONSULTE COM "O CATIÇO" SEU TRANCA RUA. Estamos no bairro Floresta em Belo Horizonte- M.G.

sábado, 17 de outubro de 2009

II Caminhada: Presentes e Candomblé das Yabás

18 de outubro de 2009 as 15 hs
CENTRO CULTURAL DO CANDOMBLÉ

CONVIDA os amigos e irmãos de fé para participarem da II Caminhada das Yabás, que acontecerá neste próximo dia 18 de Outubro de 2009 a partir das 15 hs.

Sua presença fará a diferença na força e na importância que cada um tem na luta para preservar a nossa religiosidade.

PARTICIPEM!!!

Local Concentração: Rua do Bosque - Barra Funda São Paulo-Sp VEJA A LOCALIDADE NO MAPA CLICANDO AQUI

Informações: (11) 3392-5572 / 3392-5583
E-mail: pai.toninho@uol.com.br


FAVOR COMPARECER VESTIDO COM ROUPAS RELIGIOSAS
www.paitoninhodexango.com.br
COMENTE COM SEUS AMIGOS E IRMÃOS DE FÉ SOBRE ESTE CONVITE

APOIO:
WWW.JORNALDOAXE.COM.BR WWW.GUERREIROSDOAXE.COM.BR

WWW.ABRATU.COM.BR WWW.ATUCO.COM.BR WWW.ATUCAG.COM.BR

WWW.ATUCAT.COM.BR WWW.PAIGUIMARAES.COM.BR

WWW.UMBANDAEMFOCO.COM.BR WWW.ATUCI.COM.BR

domingo, 4 de outubro de 2009

Festa de candomblé na Bahia é exposta em fotos em Angola e na França

Mostra será exibida a partir desta quinta-feira em Paris.
Exposição chega a Angola em novembro.

Glauco Araújo



A festa Bembé do Mercado, que celebra anualmente, em Santo Amaro (BA), a abolição da escravatura no Brasil, é tema de uma exposição fotográfica na galeria JM arts, em Paris, a partir desta quinta-feira (24). O trabalho, de autoria do fotógrafo Edgar de Souza, também será levado para Angola, em novembro deste ano. Essa é uma festa tradicional do candomblé, que surgiu em 1889.



Segundo Souza, a mostra de imagens tem o objetivo de mostrar a integração de povos no Brasil, principalmente na Bahia. "A diversidade cultural do africano e também dos portugueses se faz mais aparente em terras baianas. O meu trabalho retrata os negros da Bahia batendo o candomblé e agradecendo a seus orixás."



A exposição conta com o apoio do Ministério da Cultura do Brasil, da Fundação Palmares, da L'Association Viva Madeleine, e de Valérie Anne Giscard d'Istaing, diretora do




Baianas e Pai Poti durante a lavagem de La Madeleine, em Paris (Foto: Divulgação)

Em 2009, o Bembé do Mercado celebrou os 121 anos da abolição da escravatura no Brasil. O evento sempre acontece em meio a atividades culturais, principalmente por ritos religiosos como o candomblé e apresentações musicais.

Segundo Rodrigo Veloso, secretário de cultura de Santo Amaro, a mãe dele, Dona Claudionor Veloso, conhecida como Dona Canô, 102 anos, foi uma das homenageadas na festa do Bembé do Mercado de 2009. Ela é uma das moradoras mais antigas da cidade.



A festa de Bembé (candomblé) completou em maio 120 anos e reuniu cerca de 30 terreiros com várias manifestações tradicionais, como o maculelê, capoeira e samba de roda.




Tradição
Segundo a historiadora e folclorista Zilda Paim, de 90 anos, Bembé é uma corruptela da palavra candomblé e que pela primeira vez se apresentou fora do terreiro, lugar sagrado para se fazer o ritual da seita.

Zilda disse que em todo o dia 13 de maio, logo ao amanhecer, os atabaques são batidos e os balaios era colocados como presente para Iemanjá.


Há uma lenda criada durante a primeira celebração do Bembé, em 1909. Uma praga teria sido lançada sobre a cidade de Santo Amaro. Quem impedisse a realização da festa, que passou a ser anual, sofreria um castigo exemplar dos deuses. Durante 120 anos, em apenas duas vezes a festa não foi celebrada.





Jota Veloso canta na celebração da lavagem de La Madeleine, em Paris (Foto: Divulgação)

fonte: http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL1315881-5598,00.html

Candomblé

O que é o candomblé, como se prepara a festa, quem são os orixás, como funciona um terreiro, os rituais de iniciação, a sabedoria dos búzios e sua origem e misturas.
Os navios negreiros que chegaram entre os séculos XVI e XIX traziam mais do que africanos para trabalhar como escravos no Brasil Colônia. Em seus porões, viajava também uma religião estranha aos portugueses. Considerada feitiçaria pelos colonizadores, ela se transformou, pouco mais de um século depois da abolição da escravatura, numa das religiões mais populares do país.



Por Sílvia Campolim



Quem gosta de cachaça é Exu. Quem veste branco é Oxalá. Quem recebe oferendas em alguidares (vasos de cerâmica) são orixás. E quem adora os orixás são milhões de brasileiros. O candomblé, com seus batuques e danças, é uma festa. Com suas divindades geniosas, é a religião afro-brasileira mais influente do país.

Não existem estatísticas que dêem o número exato de fiéis. Os dados variam. Segundo o Suplemento sobre Participação Político-Social da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 1988, 0,6% dos chefes de família (ou cônjuges) seguiam cultos afrobrasileiros. Um levantamento do Instituto Gallup de Opinião Pública, no mesmo ano, indicou que candomblé ou umbanda era a religião de 1,5% da população.

São índices ridículos se comparados à multidão que lota as praias na passagem de ano, para homenagear Iemanjá, a orixá (deusa) dos mares e oceanos. Elisa Callaux, gerente de pesquisa do IBGE, explica por que, tradicionalmente, os índices dos institutos não refletem exatamente a realidade: Os próprios fiéis evitam assumir, por medo do preconceito. Ela tem razão. A mais célebre mãe-de-santo do Brasil, Menininha do Gantois, falecida em 1986, declarou certa vez ao pesquisador do IBGE que era católica. Apostólica romana.

De seu lado, a Federação Nacional de Tradição e Cultura Afro-Brasileira (Fenatrab) desafia ostensivamente as cifras oficiais e garante haver 70 milhões de brasileiros, direta ou indiretamente, ligados aos terreiros seja como praticantes assíduos, seja como clientes, que ocasionalmente pedem uma bênção ou um serviço ao mundo sobrenatural.

Você pode achar um exagero, e talvez seja mesmo, mas terreiro é o que não falta. Em 1980, num convênio da Prefeitura de Salvador com a Fundação Pró-Memória, o antropólogo Ordep Serra, da Universidade Federal da Bahia, concluiu um mapeamento dos terreiros existentes na região metropolitana de Salvador. Eram 1 200. Hoje são muitos mais, assegura Serra.

Mais recentemente, o Instituto de Estudos da Religião (ISER) verificou que 81 novos centros espíritas (englobando cultos afro-brasileiros e kardecismo) haviam sido abertos no Grande Rio de Janeiro no ano de 1991, e que, em 1992, surgiram outros 83. O sociólogo Reginaldo Prandi, da Universidade de São Paulo, contou, em 1984, 19 500 terreiros registrados nos cartórios da capital paulista.

Onde tem terreiro, tem festa. Por isso, para levar você ao mundo do candomblé, SUPER começa por convidá-lo para uma festa no terreiro. Agora, você conhecerá em detalhes um dos fenômenos mais impressionantes da civilização brasileira.



Para saber mais:

A cara de Zumbi

(SUPER número 11, ano 9)



O barracão está pronto: a festa vai começar



São nove horas da noite. Os tocadores de atabaque, chamados alabês, estão a postos em seus lugares. O público cerca de 40 pessoas aguarda em silêncio, acomodado em bancos rústicos de madeira. Os homens, na fileira à direita da porta. As mulheres, do lado esquerdo. Separados, para evitar um eventual namoro. Afinal, ali não é lugar para isso. Estamos num templo do candomblé, a Casa Branca, em Salvador, Bahia, o pioneiro do Brasil, fundado em 1830.A festa (que pode ser comparada a uma missa católica) vai homenagear Xangô, o deus do fogo e do trovão.

O barracão foi decorado durante toda a tarde. O teto de telha-vã foi escondido por bandeirolas brancas e vermelhas as cores de Xangô. As paredes estão enfeitadas de flores e folhas de palmeira de dendê desfiadas. Vai começar o toque, como é chamada a festa de candomblé no Brasil. Ela é aberta a todos os orixás (deuses, que também podem ser chamados de santos) que quiserem homenagear Xangô.

O que o público vai assistir é parte de um ritual que começou horas antes. Na madrugada, os filhos-de-santo fizeram o sacrifício para o orixá homenageado. Nas primeiras horas da manhã, as filhas-de-santo prepararam a comida. Durante a tarde, foi feita a oferenda aos deuses, e Exu, o mensageiro entre os homens e os orixás, foi despachado. Entenda melhor essa preparação









O calendário litúrgico



Muitas festas não têm dia certo para acontecer.

As festas normalmente estão

associadas aos dias santos do catolicismo. Mas as datas podem variar de terreiro para terreiro, de acordo com a disponibilidade e as possibilidades da comunidade.

De maneira geral, o que importa é comemorar o orixá na sua época.

As principais festas, ao longo do ano, são as seguintes:



Abril: Feijoada de Ogum e

festa de Oxóssi (associado a

São Sebastião), em qualquer dia.

Junho: Fogueiras de Xangô

(associados a São João e

São Pedro), dias 25 e 29.

Agosto: Festa para Obaluaiê

(associado a São Lázaro e São Roque) e festa de Oxumaré (associado a

São Bartolomeu), em qualquer dia.

Setembro: Começa um ciclo de festas chamado Águas de Oxalá, que pode seguir até dezembro. Festa de Erê, em homenagem aos espíritos infantis

(associados a São Cosme e Damião). Festa das iabás (esposas de orixás)

e festa de Xangô (associado a São Jerônimo), em qualquer dia.

Dezembro: Festas das iabás Iansã (Santa Bárbara), dia 4, Oxum e Iemanjá (associadas a Nossa Senhora da Conceição), dia 8. Iemanjá também é homenageada na passagem de ano.

Janeiro: Festa de Oxalá (coincide com a festa do Bonfim, em Salvador), no segundo domingo depois do dia de Reis, 6 de janeiro.

Quaresma: O encerramento do ano litúrgico acontece durante os quarenta dias que antecedem a Páscoa, com o Lorogun, em homenagem a Oxalá.





Ao som dos atabaques, o santo baixa



Fotografar uma festa de candomblé não é tão fácil. Na Casa Branca, é absolutamente proibido. Mas outros terreiros, como o Ilê Axé Ajagonã Obá-Olá Fadaká, em Cotia, região da grande São Paulo, são mais liberais. Nesta casa, podemos bater fotos da cerimônia em homenagem a Xangô. Mas com uma ressalva: a de jamais fotografar de frente um filho-de-santo com o orixá incorporado.

A casa está cheia: 85 pessoas lotam o barracão. Os atabaques começam a falar com os deuses. Os orixás são invocados com cantigas próprias e os filhos-de-santo entram na roda, um a um, na chamada ordem do xirê: primeiro, o filho de Ogum, seguido pelos filhos de Oxóssi, Obaluaiê e assim por diante.

Ao som do canto e da batida dos atabaques, cada integrante da roda entra em transe. O corpo estremece em convulsão, às vezes suavemente, outras vezes com violência. Agora, os filhos incorporam os orixás e dançam até que o pai-de-santo autorize, com um aceno, sua saída, para serem arrumados pelas camareiras, chamadas equedes. Logo depois, eles voltam ao barracão, vestindo roupas, colares e enfeites típicos de seu santo. Ao ouvir seu cântico, cada um começa a dançar sozinho uma coreografia que conta a origem do orixá incorporado.

É quase meia-noite quando os atabaques tocam as cantigas de Oxalá, o criador dos homens. Saudado Oxalá, é hora da comunhão com os deuses: os pratos são servidos aos participantes da festa. O xirê chega ao fim.





Sem música, não existe cerimônia



Tudo acontece sob a batida de três atabaques



Os três atabaques que fazem soar o toque durante o ritual também são responsáveis pela convocação dos deuses.

O rum funciona como solista, marcando os passos da dança. Os outros dois, o rumpi e o lé, reforçam a marcação, reproduzindo as modulações da língua africana iorubá uma língua cantada, como o sotaque baiano. Além dos atabaques, usam-se também o agogô e o xequerê.

São, ao todo, mais de quinze ritmos diferentes. Cada casa-de-santo tem até 500 cânticos. Segundo a fé dos praticantes, os versos e as frases rítmicas, repetidos incansavelmente, têm o poder de captar o mundo sobrenatural. Essa música sagrada só sai dos terreiros na época do carnaval, levada por grupos e blocos de rua, principalmente em Salvador, como Olodum ou Filhos de Gandhi .





As divindades têm defeitos humanos



Em qualquer terreiro, a entrada dos orixás na festa segue sempre a mesma seqüência da ordem do xirê. Depois de despachar Exu, o primeiro a entrar na roda é Ogum, seguido de Oxóssi, Oba- luaiê, Ossaim, Oxumaré, Xangô, Oxum, Iansã, Nanã, Iemanjá e Oxalá.

Segundo a tradição, os deuses do candomblé têm origem nos ancestrais dos clãs africanos, divinizados há mais de 5 000 anos. Acredita-se que tenham sido homens e mulheres capazes de manipular as forças da natureza, ou que trouxeram para o grupo os conhecimentos básicos para a sobrevivência, como a caça, o plantio, o uso de ervas na cura de doenças e a fabricação de ferramentas.

Os orixás estão longe de se parecer com os santos cristãos. Ao contrário, as divindades do candomblé têm características muito humanas: são vaidosos, temperamentais, briguentos, fortes, maternais ou ciumentos. Enfim, têm personalidade própria. Cada traço da personalidade é asso-ciado a um elemento da natureza e da sua cultura: o fogo, o ar, a água, a terra, as florestas e os instrumentos de ferro.

Na África Ocidental, existem mais de 200 orixás. Mas, na vinda dos escravos para o Brasil, grande parte dessa tradição se perdeu. Hoje, o número de orixás conhecidos no país está reduzido a dezesseis. E, mesmo desse pequeno grupo, apenas doze são ainda cultuados: os outros quatro Obá, Logunedé, Ewa e Irôco raramente se manifestam nas festas e rituais.





Deuses e homens sob

o mesmo teto



O terreiro, ou casa-de-santo, é simultaneamente templo e morada. A vida cotidiana dos mortais mistura-se com os rituais dos orixás. A família-de-santo (a mãe ou o pai e os filhos-de-santo, não necessariamente parentes de sangue) divide os cômodos com os deuses.

A divisão do espaço, na Casa Branca, em Salvador, lembra os compounds africanos, ou egbes antigas habitações coletivas dos clãs, usadas principalmente pelos povos de língua iorubá. O cômodo principal é o barracão, o salão onde humanos e santos se encontram nas festas.

Por trás do barracão, há várias instalações comuns a uma residência: salas de jantar e de estar, cozinha e quartos nem todos destinados aos mortais. Há os quartos-de-santo, onde ficam os pejis (altares) e os assentamentos (objetos e símbolos) dos orixás. Aí são feitas as oferendas. Na Casa Branca, os dois únicos orixás que têm quartos dentro da casa são Xangô e Oxalá.

O roncó é um quarto especial onde os abiãs (noviços) ficam recolhidos durante o processo de iniciação. Essa proximidade dos abiãs com os outros membros do terreiro é fundamental: é assim que os iniciados entram em contato com os procedimentos rituais da casa. O fiel do candomblé aprende com os olhos e os ouvidos. Ele deve prestar atenção a tudo e não perguntar nada.

Os terreiros têm também uma área externa, onde estão as casas dos outros orixás. A de Exu, por exemplo, fica perto da porta de entrada.





Sucessão: guerra à vista

A sucessão numa casa-de-santo é sempre tumultuada: basta o pai-de-santo morrer para ter início uma verdadeira guerra entre orixás. Os filhos que não concordam com a indicação dos búzios costumam abandonar o terreiro e fundar sua própria casa. Foi assim que nasceu, no início do século, o Gantois uma das casas mais conhecidas em Salvador. A partir da década de 70, mãe Menininha do Gantois se tornou conhecida no Brasil inteiro, cantada por compositores, como Dorival Caymmi e Caetano Veloso, e venerada por intelectuais, como Jorge Amado. Mãe Menininha morreu aos 92 anos de idade, em 1986. Deixou em seu lugar mãe Creusa.





Por meses, o noviço só come com as mãos



Os filhos-de-santo são os sacerdotes dos orixás, da mesma forma como, na Igreja Católica, os padres são os representantes de Deus. Nem todos, porém, são preparados para receber os santos. Existem os que cuidam dos filhos-de-santo quando os orixás baixam, os que sacrificam os animais, os que tocam os atabaques e os que preparam a comida. Os búzios, usados como instrumento de adivinhação, é que vão dizer qual a função de cada um.

A entrada para essa hierarquia é a indicação do orixá. É o que se chama bolar no santo. A partir daí, o abiã (noviço) tem de se submeter aos rituais de iniciação cerimônias do bori, orô e saídas de iaô.

Um recém-iniciado passa de um a seis meses vivendo dentro de severas restrições. É o tempo de quelê o período em que o abiã usa um colar de contas justo ao pescoço. Enquanto usar o quelê, ele deve vestir branco, comer com as mãos e sentar-se só no chão. Estão proibidas as relações sexuais e os pratos que não sejam os de seu orixá.

Nem todos os terreiros seguem à risca todas as imposições. Mas pelo menos algumas têm de ser obedecidas: é parte do compromisso do abiã com seu orixá e seu pai ou mãe-de-santo. As obrigações não terminam por aí: o iniciado, que agora se chama iaô, terá de cumprir ainda três rituais depois de um ano, três anos e sete anos , com sacrifícios, toques e oferendas. Só depois ele pode se candidatar a ebômi, o degrau seguinte da hierarquia.







A sabedoria da morte e da advinhação

Como toda religião , o candomblé tem sua maneira própria de encarar a morte. Segundo a crença, a alma vive no Orum, que corresponde, mais ou menos, ao céu dos católicos. Ela é imortal e faz várias passagens do Orum para a vida terrena. Cada um tem controle sobre essas viagens: quem tem uma boa experiência em vida, pode escolher um destino melhor, na vinda seguinte.

Aqui na Terra, nada que se refira aos deuses e ao futuro pode ser dito sem a consulta ao Ifá, ou seja o jogo de búzios, conchas usadas como oráculo. O Ifá revela o orixá de cada um e orienta na solução de problemas.

O jogo usa dois caminhos: a aritmética e a intuição. Pela aritmética, é contado o número de conchas, abertas ou fechadas, combinadas duas a duas. Para interpretar todas as combinações possíveis dos bú- zios, o pai-de-santo conhece de cor 256 lendas que traduzem as mensagens dos deuses. Isso não é nada raro no candomblé, onde nada é escrito. Toda a sabedoria é transmitida oralmente.

No outro sistema de adivinhação, o intuitivo, o pai-de-santo estuda a posição dos búzios em relação a outros elementos na mesa, como uma moeda ou um copo d'água. Se o búzio cai perto da moeda, por exemplo, pode indicar que não há problemas com dinheiro. Mas é preciso estar preparado: os orixás vão cobrar pela consulta uma obrigação. Mãe Kutu, que foi formada pela Casa Branca e está montando seu próprio terreiro, diz: Se não vai fazer a obrigação, é melhor nem perguntar aos búzios.





Reza para o santo católico e vela para o orixá



Existem diferentes tipos de candomblé no Brasil, cada um deles saído de uma nação. A palavra nação aqui não tem nada a ver com o conceito político e geográfico, mas com os grupos étnicos daqueles que foram trazidos da África como escravos. As diferenças aparecem principalmente na maneira de tocar os atabaques, na língua do culto e no nome dos orixás.

Os povos que mais influenciaram os quatro tipos de candomblé praticados no Brasil são os da língua iorubá. Os rituais da Casa Branca, em Salvador, e da casa de Cotia, em São Paulo, descritos nesta reportagem, pertencem ao tipo Queto.

A mistura com o catolicismo foi uma questão de sobrevivência. Para os colonizadores portugueses, as danças e os ri- tuais africanos eram pura feitiçaria e deviam ser reprimidos. A saída, para os escravos, era rezar para um santo e acender a vela para um orixá. Foi assim que os santos católicos pegaram carona com os deuses africanos e passaram a ser associados a eles. A partir da década de 20, o espiritismo também entrou nos terreiros, criando a umbanda, com características bem diferentes.

Assim, o candomblé já se incorporou à alma brasileira. Tanto é que o país inteiro conhece o grito de felicidade a sau-dação mágica que significa, em iorubá, energia vital e sagrada: Axé!







Da África ao Brasil, uma boa mistura



A principal diferença entre os vários tipos de candomblé é a origem étnica.



Há quatro tipos de candomblé:

o Queto, da Bahia, o Xangô, de Pernambuco, o Batuque, do Rio Grande do Sul, e o Angola, da Bahia e São Paulo. O Queto chegou com os povos nagôs, que falam a língua iorubá (em

vermelho, no mapa). Saídos das regiões que hoje correspondem ao Sudão, Nigéria e Benin, eles vieram para o Nordeste. Os bantos saíram das regiões de Moçambique, Angola e Congo para Minas Gerais, Goiás, Rio de Janeiro e São Paulo (em amarelo, no mapa). Criaram o culto ao caboclo, representante das entidades da mata.





Candomblé não é umbanda



As duas são religiões afro-brasileiras.

Umbanda é a mistura do candomblé com espiritismo



Candomblé



Deuses: Orixás de origem africana. Nenhum santo é superior ou inferior a outro. Não existe o Bem e o Mal, isoladamente.



Culto: Louvação aos orixás que incorporam nos fiéis, para

fortalecer o axé (energia vital) que protege o terreiro e seus membros.



Iniciação: Condição essencial para participar do culto. O recolhimento dura de sete a 21 dias. O ritual envolve o sacrifício de animais,

a oferenda de alimentos e a

obediência a rígidos preceitos.



Música: Cânticos em língua africana, acompanhados por

três atabaques tocados por

iniciados do sexo masculino.



Umbanda



Deuses: As entidades são

agrupadas em hierarquia, que vai dos espíritos mais baixos (maus)

aos mais evoluídos (bons).



Culto: Desenvolvimento

espiritual dos médiuns que,

quando incorporam, dão

passes e consultas.



Iniciação: Não é necessária.

O recolhimento é de apenas

um ou dois dias. O sacrifício

de animais não é obrigatório.

O batismo é feito com água

do mar ou de cachoeira.

Música: Cânticos em português, acompanhados por palmas e atabaques, tocados por fiéis

de qualquer sexo.





Quem é quem (e quem faz o quê) na hierarquia de uma casa-de-santo



Cada iniciado tem uma função dentro

do terreiro. Nem todos recebem santo.



Abiã

Noviço, primeiro degrau da

hierarquia. Após iniciado, será filho-de-santo.



Iaô

Filho-de-santo,

segundo degrau na hierarquia. Podem ou não receber santo.



Ebômi

Terceiro degrau. Iaô que cumpriu as obrigações de sete anos. Recebe santo.



Iabassê

Quarto degrau. Não recebe. É a responsável pela cozinha do

terreiro.



Agibonã

Mãe criadeira. Também quarto degrau. Cuida dos iaôs durante o ritual de iniciação. Não recebe santo.



Ialaxé

Quinto degrau. Zela pelas oferendas e objetos de culto

aos orixás. Não

recebe santo.



Baba-quequerê

e Iaquequerê

Sexto degrau. Pai ou mãe-pequena. Recebe. Ajuda o pai ou mãe-de-santo no

comando do terreiro.



Baba-lorixá e

Ialorixá

Pai ou mãe-de-santo, chefe do terreiro, último degrau

da hierarquia. Recebe santo e joga búzios.



Ajudantes

sagrados



Pais e mães terrenos dos orixás ficam fora da hierarquia.



Ogã

Filho-de-santo que não recebe.

O Ogã pode ser Axogum ou Alabê, conforme sua tarefa.



Axogum

Ogã responsável

pelo sacrifício de

animais a serem

ofertados aos orixás. Não recebe santo.



Alabê

Ogã tocador dos atabaques e instrumentos

rituais. Não recebe santo.



Equede

Paralela ao Ogã.

Não recebe.

Cuida dos orixás incorporados e de seus objetos.





As diversas fases da iniciação



Primeiro, o santo indica a pessoa a ser iniciada.

Depois, é preciso cumprir outros três passos:



Bolar no santo

É o mesmo que cair no santo. Este é o sinal que indica a necessidade de iniciação de uma pessoa no candomblé. Acontece sem previsão, normalmente numa festa: durante a dança e os cânticos o orixá se manifesta no futurofilho-de-santo, que é agitado por tremores e sobressaltos violentos. Quem já bolou conta que sentiu arrepios, calor, fraqueza e sensação de desmaio. Quando acorda no roncó (o quarto do terreiro reservado à pessoa que bolou), o abiã não consegue se lembrar de nada do que aconteceu.



O bori

É a cerimônia que reforça a ligação entre o orixá e o iniciado. O abiã se senta numa esteira, rodeado de alimentos secos, aves, velas e objetos de seu orixá. Ajudado pelos filhos já feitos, o pai ou a mãe-de-santo sacrifica aves. O sangue é usado para marcar o corpo do noviço e para banhar as oferendas ao orixá.

A cerimônia só termina quando as aves são servidas aos membros da família-de-santo. Depois do bori, o futuro filho-de-santo passa a assistir às cerimônias e a preparar o enxoval (a roupa e os adereços de seu orixá) para terminar a iniciação, com as saídas de iaô.



Orô

Confinado ao quarto de recolhimento (roncó), por 21 dias, o noviço conhece a hierarquia da casa, os preceitos, as orações, os cânticos, a dança de seu orixá, os mitos e suas obrigações. Durante esse tempo ele toma infusões de ervas, que o deixam num estado de entorpecimento e abrem espaço na sua mente para o orixá. A cabeça é raspada e o crânio marcado com navalha: é por esses cortes que o orixá vai entrar, quando for incorporado. No final, o iniciado é batizado com sangue de um animal quadrúpede, sacrificado.

Os iaôs são apresentados à comunidade, como num baile de debutante

Na primeira saída, os iaôs vestem branco em homenagem a Oxalá, pai de todos. Saúdam o pai-de-santo, os atabaques e os pontos principais do barracão e vão-se embora. Na segunda saída, os iaôs voltam com roupas coloridas e a cabeça pintada, segundo seus orixás. Dançam e deixam o barracão, em seguida.

Na terceira saída, os orixás anunciam oficialmente seus nomes. Os iaôs entram em transe e se retiram para vestir as roupas do santo incorporado.







Os doze orixás mais cultuados no Brasil



Cada um deles tem o seu símbolo, o seu dia da semana, suas vestimentas e cores próprias. Como os homens, são temperamentais



Exu

Orixá mensageiro entre os homens e os deuses, guardião da porta da rua e das encruzilhadas. Só através dele é possível invocar os orixás. Elemento: fogo

Personalidade: atrevido e agressivo

Símbolo: ogó (um bastão adornado com cabaças e búzios)

Dia da semana: segunda-feira

Colar: vermelho e preto

Roupa: vermelha e preta

Sacrifício: bode e galo preto

Oferendas: farofa com dendê, feijão, inhame, água,mel e aguardente



Ogum

Deus da guerra, do fogo e da tecnologia. No Brasil é conhecido como deus guerreiro. Sabe trabalhar com metal e, sem sua proteção, o trabalho não pode ser proveitoso.

Elemento: ferro

Símbolo: espada

Personalidade: impaciente e obstinado

Dia da semana: terça-feira

Colar: azul-marinho

Roupa: azul, verde escuro, vermelho ou amarelo

Sacrifício: galo e bode avermelhados

Oferendas: feijoada, xinxim, inhame



Oxóssi

Deus da caça. É o grande patrono do candomblé brasileiro.

Elemento: florestas Personalidade: intuitivo e

emotivo

Símbolo: rabo de cavalo e chifre de boi

Dia da semana:

quinta-feira

Colar: azul claro

Roupa: azul ou verde claro

Sacrifício: galo e bode

avermelhados e porco

Oferendas: milho branco e amarelo, peixe de escamas, arroz, feijão e abóbora



Obaluaiê

Deus da peste, das doenças da pele e, atualmente, da AIDS. É o médico dos pobres.

Elemento: terra

Personalidade:

tímido e vingativo

Símbolo: xaxará (feixe de palha e búzios)

Dia da semana: segunda-feira

Colar: preto e vermelho, ou vermelho, branco e preto

Roupa: vermelha e preta, coberta por palha

Sacrifício: galo, pato,bode e porco

Oferendas: pipoca, feijão preto, farofa e milho, com muito dendê



Oxum

Deusa das águas doces (rios, fontes

e lagos). É também deusa do ouro, da fecundidade,

do jogo de búzios e

do amor.

Elemento: água

Personalidade: maternal

e tranqüila

Símbolo: abebê (leque espelhado)

Dia da semana: sábado

Colar: amarelo ouro

Roupa: amarelo ouro

Sacrifício: cabra, galinha, pomba

Oferendas: milho branco,

xinxim de galinha, ovos,

peixes de água doce





Iansã

Deusa dos ventos e das tempestades.

É a senhora

dos raios e dona

da alma dos

mortos.

Elemento: fogo

Personalidade:

impulsiva e imprevisível

Símbolo: espada e rabo de

cavalo (representando a realeza)

Dia da semana: quarta-feira

Colar: vermelho ou

marrom escuro

Roupa: vermelha

Sacrifício: cabra e galinha

Oferendas: milho branco,

arroz, feijão e acarajé



Ossaim

Deus das folhas e ervas medicinais. Conhece seus usos e as palavras mágicas (ofós) que despertam seus poderes.

Elemento: matas

Personalidade: instável e emotivo

Símbolo: lança com

pássaros na forma de leque

e feixe de folhas

Dia da semana: quinta-feira

Colar: branco rajado de verde

Roupa: branco e verde claro

Sacrifício: galo e carneiro

Oferendas: feijão, arroz,

milho vermelho e farofa

de dendê



Nanã

Deusa da lama

e do fundo dos

rios, associada à

fertilidade, à doença

e à morte. É a orixá mais velha de todos e, por isso,

muito respeitada.

Elemento: terra

Personalidade: vingativa

e mascarada

Símbolo: ibiri (cetro de palha

e búzios)

Dia da semana: sábado

Colar: branco, azul e vermelho

Roupa: branca e azul

Sacrifício: cabra e galinha

Oferendas: milho branco,

arroz, feijão, mel e dendê



Oxumaré

Deus da chuva e do arco-íris. É, ao mesmo tempo, de natureza masculina e feminina. Transporta a água entre o céu e a terra.

Elemento: água

Personalidade: sensível e tranqüilo

Símbolo: cobra de metal

Dia da semana: quinta-feira

Colar: amarelo e verde

Roupa: azul claro e verde claro

Sacrifício: bode, galo e tatu

Oferendas: milho branco, acarajé, coco, mel, inhame e feijão com ovos



Iemanjá

Considerada deusa dos mares e oceanos. É a mãe de todos os orixás e representada com seios volumosos, simbolizando a maternidade e a fecundidade.

Elemento: água

Personalidade: maternal e tranqüila

Símbolo: leque e espada

Dia da semana: sábado

Colar: transparente,

verde ou azul claro

Roupa: branco e azul

Sacrifício: porco, cabra e galinha

Oferendas: peixes do mar, arroz,

milho, camarão com coco



Xangô

Deus do fogo e do trovão. Diz a tradição que foi rei de Oyó, cidade da Nigéria. É viril, violento e justiceiro. Castiga os mentirosos e protege advogados e juízes.

Elemento: fogo

Personalidade:

atrevido e prepotente

Símbolo: machado

duplo (oxé)

Dia da semana: quarta-feira

Colar: branco e vermelho

Roupa: branca e vermelha, com coroa de latão

Sacrifício: galo, pato, carneiro e cágado

Oferendas: amalá (quiabo com

camarão seco e dendê)



Oxalá

Deus da criação. É o orixá que criou os homens. Obstinado e independente, é representado de duas maneiras: Oxaguiã, jovem, e Oxalufã, velho.

Elemento: ar

Personalidade: equilibrado e tolerante

Símbolo: oparoxó (cajado de alumínio

com adornos)

Dia da semana: sexta-feira

Colar: branco

Roupa: branca

Sacrifício: cabra, galinha,

pomba, pata e caracol

Oferendas: arroz, milho branco e massa de inhame







O toque

É o mesmo que festa e se refere à batida dos atabaques, que convoca os orixás. A estrutura da cerimônia, chamada ordem do xirê (brincadeira, na língua iorubá), divide a festa em três partes. A primeira acontece à tarde, com o sacrifício, a oferenda e o padê de Exu. A segunda é a festa em si, à noite, na presença do público, quando os filhos-de-santo incorporam os orixás. E a terceira fase, o encerramento, com a roda de Oxalá, o deus criador do homem.



O sacrifício

Acontece apenas diante dos membros da comunidade de santo e envolve no mínimo dois animais: um, de duas patas, para Exu, e outro, de quatro patas, macho ou fêmea, dependendo do sexo do orixá a ser homenageado. Quem realiza o sacrifício é o ogã axogum, um iniciado no candomblé

especialmente preparado para isso. Os bichos são mortos com um golpe na nuca. Depois, a cabeça e os membros são cortados fora e o animal sacrificado vai sangrar até a última gota antes de ser destinado à oferenda.



A oferenda

Depois do sacrifício, a moela, o fígado, o coração, os pés, as asas e a cabeça são separados e oferecidos ao orixá homenageado num vaso de barro, chamado alguidar. O sangue, recolhido numa quartinha de cerâmica (espécie de moringa), é derramado sobre o assentamento do santo, ou seja, o local onde ficam seus objetos e símbolos. As partes restantes são destinadas ao jantar oferecido aos orixás, ainda à tarde, e aos participantes, ao final da festa pública, à noite.



O padê de Exu

Este é também um ritual fechado ao público. Significa despacho de Exu. É ele quem faz a ponte entre o mundo natural e o sobrenatural. Portanto, é ele quem convoca os orixás para a festa dos humanos. Para isso, é preciso agradá-lo, oferecendo comida (farofa com dendê, feijão ou inhame) e bebida (água, cachaça ou mel). As oferendas são levadas para fora do barracão e a porta de entrada é batizada com a bebida, já que Exu é o guardião da entrada e das encruzilhadas (por isso é comum ver oferendas em esquinas nas ruas e em encruzilhadas nas estradas).

fonte:http://super.abril.com.br/superarquivo/1995/conteudo_114499.shtml

BA: Mãe de Santo até hoje tenta reaver prejuízos de terreiro demolido por prefeitura

Ialorixá busca ressarcimento por danos causados com demolição. Caso completa um ano e sete meses sem mostras de ser resolvido. “Perdi muitas coisas, perdi filhos de santo, teve até gente que morreu”, diz a mãe de santo.





Desde a demolição parcial do terreiro de candomblé Oyá Onipó Neto, localizado no bairro do Imbuí (Salvador), em 27 de fevereiro de 2008, a rotina de Roselice Santos do Amor Divino, a Mãe Rosa, passou a incluir audiências e visitas constantes à Prefeitura de Salvador.

Na próxima quarta-feira (30/09), comparece a uma audiência no setor de meio ambiente do Ministério Público. São tantas que a própria mãe de santo tem dificuldades para determinar com clareza os seus objetivos.

- Olhe, meu filho, é tanta audiência que a gente nem sabe mais direito para que é. Acho que é para eu ter uma garantia que não vão tentar demolir o terreiro de novo - conta a ialorixá.

Na lista de audiências, Mãe Rosa também aguarda o julgamento do recurso da ação que move contra Kátia Carmelo, ex-superintendente de Controle e Ordenamento do Uso do Solo do Município de Salvador, que ordenou à época a demolição do terreiro.

O judiciário deu ganho de causa a Carmelo em primeira instância. “O Juiz entendeu que ela estava certa”, comenta Mãe Rosa, com algum rancor na voz. Paradoxalmente, ainda no ano passado a ex-superintendente chegou a receber uma honraria da cidade de Salvador, a Comenda Maria Quitéria.

- Eu não desejo que ela vá presa. Quero que ela seja punida, me dando de volta tudo o que ela destruiu - comenta Mãe Rosa sobre a ação contra Kátia Carmelo.

A peregrinação pelas diversas instâncias judiciais não se compara, no entanto, com a dificuldade que a Ialorixá tem para negociar o ressarcimento dos prejuízos causados ao terreiro.

O Blog das Ruas já havia feito uma matéria sobre a situação do terreiro Oyá Onipó Neto em 16 de setembro do ano passado. Na época, a mãe de santo foi diagnosticada de depressão porque a prefeitura tinha apenas reparado as paredes do local, sem recuperar nada do patrimônio destruído, como estátuas e roupas dos orixás e vários outros instrumentos utilizados nos rituais. “Só mexeram na casca”, dizia a Ialorixá.

Desde então, as negociações nada avançaram e a municipalidade não aportou mais nada, apesar dos esforços da mãe de santo.

- De promessa, se vive o santo. O prefeito prometeu: “vou ajeitar”, ele disse. Dali pra cá, vi a cara do prefeito naquele dia [cinco de março de 2008, quando o povo de santo fez uma passeata até a prefeitura]. Depois, não vi mais - fala, indignada.

Mãe Rosa conta que, inclusive, a Secretaria Municipal de Reparação, órgão com o qual negocia a reposição dos bens do terreiro, chegou a perder toda a sua documentação.

- Meus documentos sumiram na Secretaria de Reparação. Deram fim. Mas como tenho tudo no Ministério Público, fui até lá e peguei a lista novamente e levei para o novo secretário.

Apesar de ter conseguido uma audiência com o secretário municipal, não conseguiu convencê-lo a repor o patrimônio destruído.

- Ele disse que tem coisa que não poderia dar. Mas eu respondi: “Essa é a minha cultura. Se destruiu tem que recuperar desse jeito”. Não pedi nada, só o que já tinha aqui - afirma Mãe Rosa.

Do secretário Ailton dos Santos Ferreira, ouviu a promessa de uma audiência em breve com o prefeito João Henrique Carneiro. “Ele disse que entraria em contato comigo e nada. Toda vez que eu ligo, ele [o secretário] nunca está”, reclama.

Sem perspectiva de solução para o terreiro e com a questão encaminhando-se para o segundo aniversário, Mãe Rosa desaba:

- Perdi muitas coisas, perdi filhos de santo, teve até gente que morre. Eu tenho que recomeçar tudo de novo.

FONTE: http://iurirubim.blog.terra.com.br/2009/09/28/ba-mae-de-santo-ate-hoje-tenta-reaver-prejuizos-de-terreiro-demolido-por-prefeitura/

PM de Alagoas invade terreiros de candomblé

Em seis ocasiões apenas neste ano, terreiros de candomblé de Maceió foram invadidos por policiais militares, que interromperam os cultos religiosos e ameaçaram confiscar instrumentos, caso as batidas sagradas não fossem interrompidas.

- Isso aconteceu em seis terreiros diferentes, nos bairros de Vergel, Ponta Grossa, Benedito Bentes, aqui em Maceió. Já chegaram a algemar um pai de santo, mas isso foi no ano passado - conta Paulo Silva, presidente da Federação de Zeladores de Culto Afro.



Representantes do povo de santo e da OAB tiveram reunião com o comando da polícia militar de Alagoas

A fim de denunciar os casos de intolerância religiosa e violência policial, vários representantes de entidades ligadas aos cultos afrobrasileiros reuniram-se na sexta-feira passada (24/7) com o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB de Alagoas, Gilberto Irineu de Medeiros.

- Esses episódios são uma afronta ao Estado de Direito. Vão totalmente contra a constituição. São um desrespeito e um cerceamento à liberdade de culto e de crenças. É resultado da ignorância, do despreparo e da falta de conhecimento jurídico, humano e técnico da polícia estadual - brada o advogado.

Por sugestão de Medeiros, foram reunir-se também com o comandante da polícia militar no Estado de Alagoas. No encontro, além de cobrar uma investigação acerca do ocorrido, ficou acertado que as religiões de matriz africanas passariam a integrar a formação dos policiais.

- O comandante acolheu nossas sugestões de incluir o sincretismo religioso e as religiões de matriz africana na formação de praças e de oficiais. Também vai reorientá-los em relação ao tratamento de terreiros. Quanto às denúncias, ele disse para aguardar informações dos comandantes da capital e do interior sobre ações policiais em terreiros - explica o presidente da comissão de direitos humanos da OAB.

"Violência é resultado da ignorância, do despreparo e da falta de conhecimento da PM"

Gilberto Irineu de Medeiros explica que, caso as entidades ligadas ao candomblé tivessem formalizado a denúncia na OAB, a Ordem já haveria acionado o Ministério Público e a corregedoria da polícia militar.

Entretanto, como foi um queixa informal, ambas as partes optaram por um contato com o comandante geral da PM.

- Mas se isso se repetir, a OAB entrará fortemente em ação. Não tenha dúvida que agirei de imediato - garante.


(fotos: Jornal Gazeta de Alagoas [1]; OAB/AL [2])

fonte: http://iurirubim.blog.terra.com.br/2009/07/28/pm-de-alagoas-invade-terreiros-de-candomble/

Pastor é acusado de depredar terreiro de candomblé

Caso, registrado na Massagueira, deve ser investigado pela Delegacia de Marechal Deodoro

A Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Alagoas (OAB/AL), recebeu denúncia, nesta quarta-feira, contra um pastor da Igreja Internacional da Esperança que está sendo acusado de invadir e depredar um templo umbandista, que fica em Massagueira, no município de Marechal Deodoro.

A denúncia foi formulada junto ao presidente da Comissão de Defesa das Minorias da OAB/AL, Alberto Jorge, pela proprietária do terreiro de candomblé, Maria José Alves Vital, que é filha de santo de Erenice Francisca Ferreira de Oliveira, a “mãe de santo Nena”.

Além do pastor, o filho da mãe Nena, José Torres Ferreira de Oliveira Filho, que é evangélico, também participou da invasão e depredação do templo religioso. Alberto Jorge promete fazer um ato público de repúdio, no local onde ocorreu o fato, juntamente com representantes do movimento negro e da religiosidade de matriz africana.

Segundo a denúncia feita por Maria José, mãe Nena morreu no dia 5 de maio. Cinco dias depois, José Ferreira, dizendo-se ser herdeiro da mãe de santo, invadiu o espaço religioso e depredou todas as imagens existentes. Ainda de acordo com a denúncia, José Ferreira só não ateou fogo no local porque houve a intervenção de outras pessoas.

“Neste dia (14 de maio), José Ferreira estava acompanhado de um pastor da Igreja Internacional da Esperança, de posse de uma pá e um pé de cabra, invadindo e destruindo o templo religioso”, disse Maria José.

Crime contra a liberdade de culto religioso

Alberto Jorge disse que o pastor e José Ferreira praticaram crime contra a liberdade de culto religioso. Ele afirmou ainda que pretende ir à Massagueira, no próximo sábado (13), para participar do protesto, marcado para as 9 horas.

O presidente da Comissão de Defesa das Minorias ainda relatou ter comunicado o caso ao delegado Cícero Rocha, de Marechal Deodoro, que já convocou os dois acusados para depor na próxima segunda-feira (15), às 9 horas, na delegacia daquele município.

“O delegado Cícero Rocha, de Marechal Deodoro, determinou a ouvida dos réus para o próximo dia 15 de junho, quando será iniciado o termo circunstanciado, que deverá ser encaminhado ao juiz da Comarca de Marechal para as devidas providências judiciais”, emendou Alberto Jorge.

Fonte: GazetaWeb.com

EMILIANO DEFENDE O CANDOMBLÉ NA CÂMARA FEDERAL

“O deputado federal Emiliano José (PT-BA) fez discurso em defesa do candomblé na Câmara Federal, dia 1º de setembro.
O parlamentar disse que o candomblé é uma religião de muitos preceitos, sendo um deles o profundo respeito e amor pela natureza.
“Para as religiões de matriz africana, é como se a humanidade fosse filha da natureza. E por isso é preciso sempre tratá-la com todo carinho, zelo, devoção. Como não cuidar da mãe? Como maltratá-la? Como desprezá-la? Parece que o candomblé freqüentemente faz essas indagações”.

Segundo o deputado, trata-se de uma relação umbilical, amorosa.
“Lembrando Leonardo Boff, diria que o candomblé, diariamente, repete que é preciso saber cuidar da natureza.
Reclama a presença da natureza para existir, sobreviver.
Reclama a roça, a mata, as árvores, as plantas, as ervas.
Precisa das águas, e de águas limpas para fazer bem os seus preceitos.
Tudo isso configura uma cultura, um modo de estar no mundo.
Essa compreensão sobre o candomblé é que levou o governo da Bahia a dar início aos Encontros pelas Águas com reuniões de mais de uma centena de terreiros”, afirmou.

Encontro pelas Águas

O primeiro Encontro pelas Águas, ocorrido na histórica cidade de Cachoeira, no Recôncavo baiano, entre os dias 23 e 24 de agosto, foi destacado por Emiliano em seu discurso.
Ele participou da mesa de abertura junto a autoridades religiosas do candomblé, do diretor geral do Instituto de Gestão das Águas e Clima (Ingá), Júlio Rocha, e da secretária de Promoção da Igualdade Racial e de Gênero, Luiza Barrios.

Além de destacar o amor do candomblé pela natureza e pelas águas, o parlamentar lembrou que na constituinte baiana, em 1989, exercendo mandato de deputado estadual, conseguiu aprovar artigo na Constituição que consagra o candomblé como religião.
De acordo com ele, até 1975, na Bahia, o candomblé era considerado caso de polícia e tinha que requerer autorização nas delegacias para cumprir os seus preceitos…”

Antonio do Carmo

fonte: http://politicacomdedonafer.tempsite.ws/blog/?p=802

BABA RODRIGO CONVIDA A TODOS