VENHA JOGAR BUZIOS

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sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Olubajé

Olubajé
Olubajé é a festa anual em homenagem a Obaluaê.
Olugbajé é uma palavra de origem Iorubana e significa: Olu (aquele que), Gba (aceita) Je (comer)
Este ocorre normalmente no mês de agosto nas casas ou terreiros de candomblé. Esta cerimônia de caráter público tem como objetivo propiciar a saúde, no sentido de prolongar a vida e trazer equilíbrio a todos os presentes. Nos dizeres de MLL Teixeira ( A encruzilhada do ser -1994), Olubajé é um “grande ebó coletivo”. Todos, iniciados ou não, podem usufruir deste benefício, desde que, nos dizeres do povo de santo, estejam com “o coração limpo”.
Diz um Itan, que Xangô um Rei muito vaidoso, deu uma grande festa em seu palácio e convidou todos os Orixás, menos Obaluaê, pois as suas características de pobre e de doente assustavam o rei do trovão. No meio do grande cerimonial todos os outros Orixás começaram a notar a falta do Orixá Rei da Terra e começaram a indagar o porquê da sua ausência, até que um deles descobriu de que ele não havia sido convidado.
Todos se revoltaram e abandonaram a festa indo a casa de Obaluaê. Temendo sua cólera resolvem ir até seu palácio levando suas próprias comidas como sinal de desculpas. Obaluaê recusava-se a perdoar aquela ofensa até que chegou a um acordo; daria uma vez por ano uma festa em que todos os Orixás seriam reverenciados e estes ofereceriam comida a todos.
Um outro Itan conta, que um dia houve uma festa no Orun e todos os orixás foram convidados, todos dançaram, porém quando Omolu foi dançar, todos o ridicularizaram pois dançava apontado suas feridas e de maneira desengonçada, e vendo todos rirem dele, no final de sua dança, apontou para todos os orixás e sobre eles jogou uma praga e conforme os dias foram passando, todos ficaram doentes, a terra se tornou improdutiva. Foi quando, os omo-orixás (filho de Orixá), pediram para que os Orixás intercedesse junto a Omolu para que tudo voltasse ao normal e então eles decidiram fazer um grande banquete em homenagem a Omolu, foi então que vendo-se agradado, retirou a praga e disse que a partir daquele momento, todos os anos deveria ser feito o Olubajé em sua homenagem e além disso que servisse como um ebó para todos os omo-orixás.
É interessante ressaltar que os quatro orixás que compõem a família Jê (alusão ao fato daqueles que seriam oriundos do país do Daomé) encontram-se associados à questão da saúde/bem-estar e equilíbrio. Obaluaiê, o senhor da vida e da morte, o médico dos pobres; Nanã (mãe biológica de Obaluaê), associada a lama original, logo ao nascimento e a morte; Oxumarê (irmão de Obaluaê), o senhor do arco-íris e da fartura, mais também como o grande feiticeiro; Ossaim, o patrono das folhas e dos remédios.
O RITUAL
Em um determinado momento do Candomblé, Iansã entra no barracão à frente de obaluaiê, carregando um balaio de pipocas(doburus),que são distribuídas para as pessoas presentes. Este ritual, representaria a recriação do momento em que o orixá, ainda em África, era alvo de maus tratos por parte do povo ao passar pelas aldeias, que assustado por suas feridas e aparência, o repudiavam expulsando-o. Agora, ele, ao contrário do que recebia, generosamente repartia do seu axé para com aqueles que um dia o repudiaram. Os presentes ao receberem o punhado de doburu/pipoca, cerimoniosamente o passavam-na pelo corpo com o objetivo de se livrar de suas mazelas.
Após,ao som do cântico do olubajé,o Babalorixá ou Yalorixá, traz o cortejo para uma área exterior, seguido pelos filhos,que trazem sobre a cabeça as comidas pertinente a vários Orixás, simbolizando a Vida, (axoxô, pipoca, banana da terra frita, omolucum, mostarda refogada, acarajé, acaça, eboyá, dentre outras) que serão servidas sobre uma folha chamada “Ewe Ilará” conhecida popularmente como mamona assassina, “altamente venenosa” simbolizando a Morte (iku).
Uma filha de Oiá, carrega esteiras de palha.
Os últimos a surgirem são os orixás, terminando o cortejo com o dono da festa, Obaluaiê.
As esteiras são desenroladas e sobre elas é colocado um tecido branco e imaculado. Um após outro, os alguidares e potes são colocados sobre a toalha e formam sobre o chão a grande mesa
Um novo cântico de ritmo lento começa a ser ouvido. Ele marca o início do grande banquete do rei, que perdurará durante todo o tempo em que os convidados estiverem sendo servidos. Durante este tempo, todos os orixás presentes dançam em volta da mesa armada sobre o chão.
“Aráayé a je nbo , Olúbàje a je nbo
Aráayé a je nbo , Olúbàje a je nbo
Aráayé”
TRADUÇÃO 
Povo da terra, vamos comer e adorá-lo, o senhor aceitou comer.
Povo da terra, vamos comer e adorá-lo, o senhor aceitou comer.
As comidas são servidas aos convidados, que comem com a mão. Os participantes devem seguir a orientação de comer, andando, o movimento lembra o andar constante do orixá pelo mundo levando a saúde a quem precisa e, ao mesmo tempo, sua peregrinação como nômade e rejeitado, sem ter um lugar onde se fixar. As mãos não devem ser lavadas, elas serão limpas ao serem esfregadas nos braços, pernas ou cabeça para que o Axé se impregne na pele.
Após todos servidos,é colocado uma bacia ou cesto,para que os restos não consumidos sejam depositados. Antes de ser depositada dentro do cesto ou bacia,os convidados passam a comida, com a folha da mamona fechada, pelo corpo pedindo saúde e prosperidade.
Os alimentos não consumidos dispostos em travessas são retirados e carregados sobre o ombro. Esta oposição entre a entrada dos alimentos sobre a cabeça e sua saída sobre o ombro simboliza a relação de oposição entre vida/morte/saúde/doença.
Após o banquete e a retirada dos alimentos, todos se dirigem para o interior do barracão.
Os atabaques tocam o ritmo especifico do Obaluaê -o Opanijé- que significa “ele mata e ele come” “,com as mãos espalmadas,a cada movimento de braço que avançam e se recolhem,volvem-se para o alto e para baixo.Quando voltadas para cima significa a vida e para baixo a morte.
Os filhos,convidados presentes,louvam o orixá,agradecendo sua presença e pedindo sua benção.
O Olubajé têm como objetivo principal a organização de forças múltiplas capazes de restabelecerem o equilíbrio e o bem-estar dos adeptos. Ao se louvar o Senhor dono da terra, busca-se garantir não só a vida material e a sobrevivência através da refeição comunal, mas também afastar a morte, a doença e o desequilíbrio tanto material quanto espiritual, de todos os participantes, sejam eles adeptos ou não.
(Fontes/Bibliografia: Olubajé ritual de ações terapêuticas e de comensalidades no Candomblé Ana Cristina de Souza Mandarino Estélio Gomberg Reginaldo Daniel Flores; Wikipédia


quinta-feira, 27 de setembro de 2018

ÉGÙNGÙN

 
ÉGÙNGÙN( parte 01)
Considerações gerais:
Èégun
Èègun – Muito poucos sabem que Éègùn é um Orisa comum como qualquer outro.
Porém, só no Brasil o Culto de Èégú ou Egùngùn, é muito mal compreendido, cheio de especulações absurdas, e porque que não dizer; uma verdadeira palhaçada folclórica, cheia superstições, invenções grotescas e intencionalmente macabras.
Mas infelizmente muitos brasileiros amam cultuar o mal, o proibido, o macabro, principalmente o que é cheio de mentiras e vaidades. Desculpem a sinceridade!
Apesar de Sango e Oya serem os reais patronos da sociedade EGUNGUN.
Na realidade, Èégun é um Imolé (Orisa) funfun, intrinsecamente ligado ao Orisa Iku, Iyemonja, Onilé, Eleye e principalmente Obatala, o Orisa dos Bosques sagrados.
Enquanto Sango representa a quentura do Espirito vivo, Oya atua simplesmente com a transportadora dos Espíritos falecidos, entre o Aiye e o Orun.
Mas voltando ao Orisa Èégún, o seu culto é originário da terra Òjè, onde é considerado um Orisa gerador e ao mesmo tempo um protetor em vários sentidos, pois resume em si todos os Ancestrais masculinos da raça humana.
Portanto, Èégun é o Orisa que desponta como o meio de ligação e alinhamento entre os seres humanos vivos e seus ancestrais masculinos, as suas raízes, chamado de Egungun.
O poder mantenedor de Èégun manifesta-se na autoridade, ordem, respeito e reorganização no espaço sagrado que é cultuado.
O seu culto, controla todos os Ègungun Aralé (falecidos), assim protege a comunidade ou casa, contra ataques de espíritos agressivos, maldades, roubos, agressões, evita fofoca em grupos, confusão, perversidade, arrombamento, bagunça e todos os tipos de conflitos.
Portanto, Èègun é o Orisha que personifica a o controle e autoridade de Olorun (Deus). A cor principal de Èégùn é o branco.
Os seus principais símbolos são o Opa-Eegun, Opa-Ishãn, Atori, Agò, Asò-Eku-Èégun, Idá, Gelede-Egungun, Bantè, Akara-Iná (bola de fogo) etc.
Os seus Adimu são: Sarekó, Ekuru, Akara, Olele, Amala, Ajebo, Ejojo, Ewo, Esuru, Odunkun, Agbado, Egbo, muito Oyin por cima de tudo, abobora cheia de Oyin, abobora cheia de Otin, Abobora cheia de Epo, Atare, Obi, Orogbo, Agbado-sisun, Erewa-Sisun, Alapa-Sunsun (abobora cozida).
Os seus Animais são: Agutan, Eiyele, Akuko, Pepeye, Ijapa, Obukó, Elede, Eku, Eja, mas principalmente o Antílope substituído pelo Aguton e o Javali substituído pelo Porco.
O Agan é dos rituais, sempre preparado por uma mulher sacerdotisa de Oya, com o titulo de Adagan ou Iyaagan (mãe do Agan).
Seu festival anual ocorre sempre no outono ou no fim do ano, chamado de Adamu.
Os locais mais adequados para realização do Irubó è Èégùn são: Igbonu (dentro de bosques), Ojubó-Eégùn e diretamente sobre a terra.
Geralmente os seus oferecimentos quando são executados para auxiliar uma pessoa viva, é executado rigorosamente na frente de uma casa e, em seguida deve ser entregue nos fundos da casa, ou diante do seu Ojubó, considerado o trono de Iku., aonde é ofertado Omi tutu, Obi pupa e Obi funfun, Ekuru e Èkó esbagaçados, depois uma grande quantidade Oyin, Eja seco, Eku seco, borrifar bastante Otin, e no final se oferece bastante pedaços Orogbo, sempre deve ser soprado bastante pó de Efun.
Rasga-se tecido de algodão branco e cobre-se tudo. Em seguida, dependendo da cerimonia, sacrifica-se um Akukó ou Obukó à Èsú.
Em seus rituais, antes de tudo se reverencia em primeiro lugar é a Terra, Iyá-Onilé, oferecendo Omitutu, Otin, Epo, Wara e Oyin. Pois Iyaami Oduwa, Edan ou Iyalalé, quando reverenciada no culto de Ègungun ou Sango, ela é rigorosamente chamada de Iya-Onilé ou somente Onilé (dona da terra).
A casa de Èégùn ou Egungun, quando estabelecida em uma sociedade de culto é chamada de Ilesayin (local sagrado de culto aos antepassados.
Mas, a maioria das as oferendas executada dentro do Ilesayin, geralmente é entregue no Mar, por se tratar da casa original de Èégùn e Iku, o útero da terra, de onde tudo tem sua origem.
Mas na falta do mar, pode ser entregue em um rio, por ser um local que possui água, o elemento de origem.
Baba Egungun ou Egun ou até mais conhecido como Egum é um ancestre ( relativamente é um ou vários membros de nossa família que desencarnaram).
Na Nigéria, o culto a Egungun está relacionado aos ancestrais. O povo Yoruba acredita nesta energia porque entendem que não existiria o presente e o futuro, sem a existência do passado.
O culto é um dos mais difundidos em toda a população Yoruba. Na Nigéria são quase 30 milhões de pessoas que cultuam Egungun. Para se ter uma idéia da força desta energia, na Nigéria os três orixás mais cultuados são Egungun, Ogum, e Exu.
Egungun é considerado orixá - ele é a única energia que dá ao homem condições de ser venerado depois de sua morte, dependendo do histórico da vida da mesma.
O culto a Egungun é altamente mágico e secreto, por isso os Olojés (pessoas que tem o poder de manipular a energia de Egungun) são respeitadíssimos.
Todas as pessoas podem se beneficiar da energia de Egungun para solucionar problemas no amor, trabalho, saúde, espiritualidade, etc.
Os nagôs, cultuam os espíritos dos mais velhos de diversas formas, de acordo com a hierarquia que tiveram dentro da comunidade e com a sua atuação em pról da preservação e da transmissão dos valores culturais.
E só os espíritos especialmente preparados para serem invocados e materializados é que recebem o nome Egun, Egungun, Babá Egun ou simplesmente Babá (pai), sendo objeto desse culto todo especial.
Porque o objetivo principal do cultos dos Egun é tornar visível os espíritos dos ancestrais, agindo como uma ponte, um veículo, um elo entre os vivos e seus antepassados.
E ao mesmo tempo que mantém a continuidade entre a vida e amorte, o culto mantém estrito controle das relações entre os vivos e mortos, estabelecendo uma distinção bem clara entre os dois mundos: o dos vivos e o dos mortos (os dois níveis da existência).
Assim, os Babá trazem para seus descendentes e fiéis suas bênçãos e seus conselhos mas não podem ser tocados, e ficam sempre isolados dos vivos.
Suas presença é rigorosamente controlada pelos Ojé (sacerdotes do culto) e ninguém pode se aproximar deles.
Os Egungun se materializam, aparecendo para os descendentes e fiéis de uma forma espetacular, em meio a grandes cerimônias e festas, com vestes muito ricas e coloridas, com símbolos característicos que permitem estabelecer sua hierarquia.
Os Babá Egun ou Egun Agbá (os ancestrais mais antigos) se destacam por estar cobertos com uma roupa específica do Egun — chamada de eku na Nigéria ou opána Bahia, são enfeitadas com búzios, espelhos e contas e por um conjunto de tiras de pano bordadas e enfeitadas que é chamado Abalá, além de uma espécie de avental chamado Bantê, e por emitirem uma voz característica, gutural ou muito fina.
Os Aparaká são Egun mais jovens: não têm Abalá nem Bantê e nem uma forma definida; e são ainda mudos e sem identidade revelada, pois ainda não se sabe quem foram em vida.
Acredita-se, então, que sob as tiras de pano encontra-se um ancestral conhecido ou, se ele não é reconhecível, qualquer coisa associada à morte.
Neste último caso, o Egungun representa ancestrais coletivos que simbolizam conceitos morais e são os mais respeitados e temidos entre todos os Egungun, guardiães que são da ética e da disciplina moral do grupo.
No símbolo "Egungun" está expresso todo o mistério da transformação de um ser deste-mundo num ser-do-além, de sua convocação e de sua presença no Aiyê (o mundo dos vivos). Esse mistério (Awô) constitui o aspecto mais importante do culto.
Egungun, espírito ancestral de pessoa importante, homenageado no Culto aos Egungun, esse culto é feito em casas separadas das casas de Orixá.
No Brasil o culto principal à Egungun é praticado na Ilha de Itaparica no Estado daBahia mas existem casas em outros Estados.
Normalmente chamado de Babá (pai) Egun, Babá-Egun. Também pode ser referido como Êssa nome dos ancestrais fundadores do Aramefá de Oxóssi (conselho de Oxóssi, composto de seis pessoas). Ou Esa espírito dos adoxu e dignitários do egbe (casa).
Na cultura yoruba a morte é encarada com naturalidade, o povo deste território tem uma forma bem clara para definir esse momento ,a morte não representa o fim, ela representa sim o começo de um novo ciclo.
A morte não é o fim da vida, existe um outro mundo paralelo ao nosso, conhecido como orun(céu),que é dividido em nove partes.
Este local para o povo yoruba é a morada dos orisas e dos antepassados, sendo assim o contato entre o orun(céu) e o aiye (terra) acontece de forma constante.
O fato de poder ir e vir é um privilégio, somente espíritos com um caráter exemplar serão escolhidos para serem cultuado como egungun.
Continuar voltando a terra para ver seus descendentes é um prazer, participar da vida da comunidade ou da família possibilita ao individuo eternizar-se,entrar para historia e ser louvado por seus descendentes.
Tenho assistido algumas discussões sobre esse tema com surpresa,a desinformação sobre esse assunto é muito grande,existe uma aura de mistério confundida com mentiras e interesses que distancia muito os iniciados da verdade,imagina-se então o que acontece com o público leigo que ignora completamente a realidade.
Passarei agora a uma analise dos fatos sempre considerando a visão do povo yoruba de forma tradicional e não a conhecida visão afro brasileira.
Não existe egungun do orisa Ogun ou de Osun Ou de Obatala,esse é um erro bastante comum,existe sim um espírito de um ancestral (egungun) que um dia foi feito para um determinado orisa,ou não.
Não existe comida de orisa que se serve para um determinado egungun,existe sim pratos tradicionais de um povo que podem ser servidos ou não,de acordo com a preferência do antepassado.
Não existe interditos de egungun,como sal e cor vermelha, tais interditos deixam de existir no momento da morte do individuo.
É possível sim que um espírito feminino seja homenageado após a sua morte em um ritual de egungun.
È permitido sim a permanência de mulheres nos rituais para egungun,eu não acredito quais seriam os objetivos de tais rituais que não fossem os de manter a família e a estrutura de um povo sem que a presença da mulher deixe de ser fundamental.
Todas as casas que cultuam orisa devem ter sim um assentamento de egungun,todos temos antepassados.
Sim é necessário o culto de egungun e orisa assim como de Iyá-Mi no mesmo local,um ritual se completa com o outro, até por que estamos prestando homenagens a espíritos evoluídos e de grande compreensão, espírito desinformado não merece tais rituais e sim outros.
Uma pessoa com cargo de Babalorisa sim pode ser um iniciado em Egungun,e outros cultos como o de Iya mi e de Baba Oro,sem nenhum problema,como disse anteriormente os rituais se completam pois todos temos antepassados femininos e masculinos .
Uma pessoa deve sim cultuar egungun de sua família,assim como o egungun da família de orisa a qual ela foi iniciada;cultuar um egungun de alguém que não tem nada em comum com vc é no mínimo desperdício para não dizer total desinformação.
Assentamento de egungun sim pode ser feito em casa alugada,quando a pessoa vai mudar para um outro lugar tem um ritual que deve ser feito com uma parte da terra do local,e o assentamento jamais deve ser desfeito e sim transferido.
Toda pessoa um dia pode ser um egungun cultuado sim,o que vai diferenciar quem merece ou não ser cultuado é a finalidade do assentamento,para ser mais claro se eu quero um amigo que vai me orientar,não assentarei o espírito de um qualquer.
Existe sim um odu que autoriza a abertura de um buraco no chão para culto dos antepassados, não mencionaremos aqui por razões óbvias ,mas todo ritual em nossa religião consta dos versos dos odus de Ifa.
Sim um egungun assim como um orisa não necessita de um número exato de animais para ser assentado,acontece que o homem esta tão pretensioso que administra os rituais sem mesmo questionar a divindade e suas preferências.
Quanto a questão da roupa volto a dizer de forma bem clara, quem quiser acreditar em historia de faz de conta que assim o faça, somente quem conhece os rituais de preparação de uma roupa de egungun sabe a importância da mesma na preservação dos membros ali envolvidos.
Quanto ao fato de usar egungun para fazer maldade, eu sei que faz parte da historia humana lançar mão de tudo que é possível para atingir seus intentos, mas é bem verdade que se amamos um egungun e o respeitamos jamais pediremos para interferir em nosso beneficio causando qualquer tipo de dificuldade ao outro,é claro que isso faz parte da formação da pessoa e não de uma religião específica,algumas pessoas não merecem ter o acesso a tais informações mas isso é uma outra história.
Egum ou Egum-gum em Nagô, quer dizer Osso. Mas o seu significado é mais amplo, significando também “alma de pessoa morta”.
Assim, Egum, é o espírito de uma pessoa falecida. Por esta razão, não recebe o mesmo tratamento que um Orixá.
Os Caboclos e Pretos Velhos são Eguns, no entanto, embora espíritos de pessoas falecidas – índios de qualquer tribo ou africanos de qualquer nação.
No Candomblé, os Caboclos são recebidos, reverenciados e respeitados dentro dos terreiros. São espíritos de muita luz, que na sua rusticidade e simplicidade, são possuidores de grande luz espiritual, muita sabedoria e força. Na sua sabedoria, aparentemente ingénua, eles ensinam grandes verdades e dão conselhos sábios e dignos dos mais elevados Mestres.
Estes espíritos, apresentam-se nos terreiros durante as celebrações a eles dedicadas, porque esta foi a forma que escolheram de continuar a sua evolução, ajudando e trabalhando sempre em prol do bem.
Mas, o Egum, propriamente dito, é um espírito de outra categoria. Não desce em missão de trabalho. Muitas vezes, até inconscientemente, são prejudiciais ao próximo. Daí serem imediatamente afastados.
Por esta razão, a casa de Egum é sempre situada fora do terreiro de Candomblé.
Em alguns terreiros de Candomblé, realiza-se anualmente a festa para os Eguns, a alma dos Babalorixás, Yalorixás, ou Filhos de Santo do terreiro, já falecidos. São também nessa ocasião reverenciadas as almas dos Ogãs ou de pessoas que tenham exercido posição de destaque dentro do Ilê.
A Festa de Egum tem por finalidade, não só prestar-lhes uma homenagem, como ajudá-los a ocupar o seu lugar dentro da casa de Egum. Muitas vezes acontece que eles não se “compenetram” da sua condição. Normalmente, só ao fim de sete anos de morte, recebida a homenagem, é que eles ocupam o seu lugar.
A casa de Egum é indispensável em qualquer terreiro, embora possam não o festejar. Mas, devem ser servidos e tratados. É normalmente uma casa pequena, onde são colocados recipientes contendo alimentos. As louças usadas, de um modo geral, são louças quebradas, que simbolizam a vida que se partiu.
Não se faz festa de Egum dentro do terreiro, onde são festejados os Orixás. Estas festas são realizadas ao ar livre. Nessas ocasiões, geralmente, observa-se o fenómeno de materialização de alguns Eguns, daí a seriedade e responsabilidade da cerimónia realizada.
Como em qualquer outra cerimónia, a Festa de Egum também começa pelo Padê de Exú. Em seguida, canta-se para todos os Orixás, oferecendo cada um dos presentes, uma moeda por cada Orixá que é invocado, sendo estas colocadas numa panela de barro que se encontra no centro, e em torno da qual se canta e dança.
Terminados os cânticos para os Orixás, inicia-se então a Festa para Egum. Antes de iniciar os cânticos, todos os filhos da pessoa morta – para quem se vai cantar – devem voltar-se em direcção à casa de Egum e pedir licença a quem a “fez” no Santo.
Durante toda a cerimônia, os Ogês ou Anixás seguram uma vara listada de preto e branco, o Ixã, com o qual procurarão conter os Eguns, em caso de necessidade.
Ninguém pode sair antes de terminar a Festa de Egum, sob pena de poder ser prejudicado por Eguns que se encontrem na proximidade, sendo que isto também constituiria um acto de desrespeito a todos eles. Os Eguns são também os nossos antepassados, que devemos sempre respeitar.
Todos os aspectos do ser, não morrem junto com ele voltam as suas origens, isto é, ao orun, pois pertencem a olorun e só ele pode liberá-las.
Estas forças divinas, animaram os antepassados, os ancestrais, as raízes mães do asé orisá, ao partirem do aiyê e voltam ao aiyê para animar seus descendentes e discípulos.
A ancestralidade confirma a imortalidade, pois a vida continua no orun como ancestrais.do orun a ancestralidade a tudo assiste.no culto de orisá, ancestrais significa:"aqueles que um dia tiveram a energia de vida no aiyê e que cuja energia de vida é repassada as novas gerações, garantindo a continuidade da vida e do culto aos deuses africanos".
"Como conclusão a vida presente depende da vida passada de nossos ancestrais".
Babá Egun ,sob vigilancia do Ojé ,aconselha um fiel prostrado à sua frente.
As tradições religiosas dizem que sob a roupa está somente a energia do ancestral; outras correntes já afirmam estar sob os panos algum mariwo (iniciado no culto de Egun) sob transe mediúnico. Mas, contradizendo a lei do culto, os mariwo não podem cair em transe, de qualquer tipo que seja. Pelo sim ou pelo não, Egun está entre os vivos, e não se pode negar sua presença, energética ou mediúnica, pois as roupas ali estão e isto é Egun.
A roupa do Egun — chamada de eku na Nigéria ou opá na Bahia , ou o Egungun propriamente dito, é altamente sacra ou sacrossanta e, por dogma, nenhum humano pode tocá-la.
Todos os mariwo usam o ixan para controlar a "morte", ali representada pelos Eguns.
Eles e a assistência não devem tocar-se, pois, como é dito nas falas populares dessas comunidades, a pessoa que for tocada por Egun se tornará um assombrado", e o perigo a rondará.
Ela então deverá passar por vários ritos de purificação para afastar os perigos de doença ou, talvez, a própria morte.
Ora, o Egun é a materialização da morte sob as tiras de pano, e o contato, ainda que um simples esbarrão nessas tiras, é prejudicial. E mesmo os mais qualificados sacerdotes — como os Ojé atokun, que invocam, guiam e zelam por um ou mais Eguns — desempenham todas essas atribuições substituindo as mãos pelo ixan.
Os Egun-Agbá (ancião), também chamados de Babá-Egun (pai), são Eguns que já tiveram os seus ritos completos e permitem, por isso, que suas roupas sejam mais completas e suas vozes sejam liberadas para que eles possam conversar com os vivos.
Os Apaaraká são Eguns ,ainda mudos e suas roupas são as mais simples: não têm tiras e parecem um quadro de pano com duas telas, uma na frente e outra atrás. Esses Eguns ainda estão em processo de elaboração para alcançar o status de Babá; são traquinos e imprevisíveis, assustam e causam terror ao povo.
O eku dos Babá são divididos em três partes: o abalá, que é uma armação quadrada ou redonda, como se fosse um chapéu que cobre totalmente a extremidade superior do Babá, e da qual caem várias tiras de pano coloridas, formando uma espécie de largas franjas ao seu redor; o kafô, uma túnica de mangas que acabam em luvas, e pernas que acabam igualmente em sapatos, do qual ,também caem muitas tiras de pano da altura do tórax ; e o banté, que é uma larga tira de pano especial presa ao kafô e individualmente decorada e que identifica o Babá.
O banté, que foi previamente preparado e impregnado de axé (força, poder, energia transmissível e acumulável), é usado pelo Babá quando está falando e abençoando os fiéis. Ele o sacode na direção da pessoa e esta faz gestos com as mãos que simulam o ato de pegar algo, no caso o axé, e incorporá-lo.
Ao contrário do toque na roupa, este ato é altamente benéfico. Na Nigéria, os Agbá-Egun portam o mesmo tipo de roupa, mas com alguns apetrechos adicionais: uns usam sobre o alabá máscaras esculpidas em madeira chamadas de erê egungun ; outros, entre os alabá e o kafó, usam peles de animais; alguns Babá carregam na mão o opá iku e, às vezes, o ixan.
Nestes casos, a ira dos Babás é representada por esses instrumentos litúrgicos.
Existem várias qualificações de Egun, como Babá e Apaaraká, conforme seus ritos, e entre os Agbá, conforme suas roupas, paramentos e maneira de se comportarem. As classificações, em verdade, são extensas.
OS ESPÍRITOS DEUSES - ORO, ELEKU E EGUNGUN
Orô (vós vagais), Eleku (golpeá-lo até a morte) e Egungun (aquele que se senta imponentemente) representam os espíritos de ancestrais mortos.
Alguns ancestrais são chamados de Oro (Vagar), alguns deles de Elekun (aquele que golpeia até a morte) e alguns outros de Egungun (aquele que se senta imponentemente). Uma família pertence ao culto Oro, outra ao culto Eluku e ao Egungun.
As mulheres não devem ver nem Oro nem Eluku. Elas devem simplesmente permanecer dentro de casa e ouvir os barulhos estranhos do lado de fora, de forma que eles desfrutam da melhor parte da peça. Eles vêm os Egungun mas não seguem-nos para seu bosque.
Quaisquer oferendas que eles devem oferecer ou, sempre que eles devem adorá-los, eles podem aproximar-se dos Egungun para dar suas oferendas. Os emblemas reais ou os objetos da adoração estão escondidos no templo ou no bosque.
Alguns dos bons efeitos da cerimônia “Oro”, “Eleku” ou “Egungun” para o público: isto acontece quando as mulheres são confinadas anualmente por sete dias como parte da cerimônia Oro, muitas delas que eram estéreis recebem o poder de serem frutíferas e gerar filhos.
Os maus espíritos, a varíola, a gripe e as pestes são varridas para fora da vila, cidade ou metrópole pela lamentação Oro.
É o Eleku que executa (alguma classe de) criminosos. Tanto os homens quanto as mulheres apreciam as músicas e as canções Eluku.
O Egungun é um outro entretenimento nativo apreciado. Todos os três cultos figuram proeminentemente no enterro de seus devotos eles confortam os pranteadores.
Egúngún e Ésá – Espíritos Ancestrais
O espírito de um antepassado pode ser invocado a fim de assumir a forma material, aparecendo sozinho e falando, trazendo bênçãos e orientações aos que assim desejam. Nessa forma recebem o nome de Egúngún – “Mascarados”.
Para preservar a sua condição de Ará Órun – “habitante do Órun”- o espírito apresenta-se completamente envolvido numa vestimenta denominada agò, feita de panos de diversas cores; abalá – tiras coloridas; bànté e ópá – costurados em conjunto de tal forma que o cobre da cabeça aos pés, mas não ocultando as suas características físicas principais. Daí o nome “mascarado”.
Ele somente vê através de um buraco no tecido, à altura dos olhos e coberto com uma rede denominada Kàfó, mas que esconde a sua identidade. Ninguém, excepto algumas pessoas autorizadas – Òjè – pode chegar perto e tocá-lo.
Na sua comunicação usa de uma voz ardente e grossa, séègì e sempre em linguagem ritual devidamente traduzida pelos Òjé, que se utilizam de uma vareta de madeira denominada ìsan, extraída da árvore Àtórí ou das nervuras do Igi ope, (dendezeiro).
A aparição dos Eguns é cercada de total mistério, diferente do culto aos Orixás, em que o transe acontece durante as cerimônias públicas, perante olhares profanos, fiéis e iniciados.
O Egungun simplesmente surge no salão, causando impacto visual e usando a surpresa como rito.
Apresenta-se com uma forma corporal humana totalmente recoberta por uma roupa de tiras multicoloridas, que caem da parte superior da cabeça formando uma grande massa de panos, da qual não se vê nenhum vestígio do que é ou de quem está sob a roupa.
Fala com uma voz gutural inumana, rouca, ou às vezes aguda, metálica e estridente — característica de Egun, chamada de séégí ou sé, e que está relacionada com a voz do macaco marrom, chamado ijimerê na Nigéria
Babá Egun ,sob vigilancia do Ojé ,aconselha um fiel prostrado à sua frente.
As tradições religiosas dizem que sob a roupa está somente a energia do ancestral; outras correntes já afirmam estar sob os panos algum mariwo (iniciado no culto de Egun) sob transe mediúnico.
Mas, contradizendo a lei do culto, os mariwo não podem cair em transe, de qualquer tipo que seja. Pelo sim ou pelo não, Egun está entre os vivos, e não se pode negar sua presença, energética ou mediúnica, pois as roupas ali estão e isto é Egun.
A roupa do Egun — chamada de eku na Nigéria ou opá na Bahia , ou o Egungun propriamente dito, é altamente sacra ou sacrossanta e, por dogma, nenhum humano pode tocá-la. Todos os mariwo usam o ixan para controlar a "morte", ali representada pelos Eguns.
Eles e a assistência não devem tocar-se, pois, como é dito nas falas populares dessas comunidades, a pessoa que for tocada por Egun se tornará um assombrado", e o perigo a rondará. Ela então deverá passar por vários ritos de purificação para afastar os perigos de doença ou, talvez, a própria morte.
Ora, o Egun é a materialização da morte sob as tiras de pano, e o contato, ainda que um simples esbarrão nessas tiras, é prejudicial. E mesmo os mais qualificados sacerdotes — como os Ojé atokun, que invocam, guiam e zelam por um ou mais Eguns — desempenham todas essas atribuições substituindo as mãos pelo ixan.
Os Egun-Agbá (ancião), também chamados de Babá-Egun (pai), são Eguns que já tiveram os seus ritos completos e permitem, por isso, que suas roupas sejam mais completas e suas vozes sejam liberadas para que eles possam conversar com os vivos.
Os Apaaraká são Eguns ,ainda mudos e suas roupas são as mais simples: não têm tiras e parecem um quadro de pano com duas telas, uma na frente e outra atrás. Esses Eguns ainda estão em processo de elaboração para alcançar o status de Babá; são traquinos e imprevisíveis, assustam e causam terror ao povo.
O eku dos Babá são divididos em três partes: o abalá, que é uma armação quadrada ou redonda, como se fosse um chapéu que cobre totalmente a extremidade superior do Babá, e da qual caem várias tiras de pano coloridas, formando uma espécie de largas franjas ao seu redor; o kafô, uma túnica de mangas que acabam em luvas, e pernas que acabam igualmente em sapatos, do qual ,também caem muitas tiras de pano da altura do tórax ; e o banté, que é uma larga tira de pano especial presa ao kafô e individualmente decorada e que identifica o Babá.
O banté, que foi previamente preparado e impregnado de axé (força, poder, energia transmissível e acumulável), é usado pelo Babá quando está falando e abençoando os fiéis.
Ele o sacode na direção da pessoa e esta faz gestos com as mãos que simulam o ato de pegar algo, no caso o axé, e incorporá-lo. Ao contrário do toque na roupa, este ato é altamente benéfico.
Na Nigéria, os Agbá-Egun portam o mesmo tipo de roupa, mas com alguns apetrechos adicionais: uns usam sobre o alabá máscaras esculpidas em madeira chamadas de erê egungun ; outros, entre os alabá e o kafó, usam peles de animais; alguns Babá carregam na mão o opá iku e, às vezes, o ixan. Nestes casos, a ira dos Babás é representada por esses instrumentos litúrgicos.
Existem várias qualificações de Egun, como Babá e Apaaraká, conforme seus ritos, e entre os Agbá, conforme suas roupas, paramentos e maneira de se comportarem. As classificações, em verdade, são extensas.
A palavra Egúngún significa, exactamente, mascarado, sendo costume usar a forma Egun, que significa: osso, esqueleto.
No Brasil, o culto tem o seu sacerdote mais elevado, o Aláàpini, que em terras yorubá, deve ser um homem monórquido, ou seja, com um só testículo. Esses Egúngún são relacionados com os orixás e nas suas representações públicas, usam os símbolos dos próprios Orixás para evidenciar a sua identidade: Bàbá Agbóulá; Àjímúdá ou Yánsàn. A palavra Babá aí utilizada para definir os Egúngún revela uma forma respeitosa à ancestralidade, aí revivida através da sua manifestação.
Nos ritos religiosos do Candomblé, todas as vezes em que se reverenciam os Orixás uma parte das cerimónias é destinada aos ancestrais da comunidade, nas dependências. São conhecidos como Ésà e são representados pelos títulos que possuíam: Ésà Asika, Ésà Obitiko (Bámgbósé), Ésà Oburo (Oba Sàniyà), Ésà ajadi, Ésà Adiro, Ésà Akésan e Ésà Akáyodé
Os Babá-Egun ou Egun-Agbá (os ancestrais mais antigos) se destacam por estar cobertos de búzios, espelhos e contas e por um conjunto de tiras de pano bordadas e enfeitadas que é chamado Abalá, além de uma espécie de avental chamado Bantê, e por emitirem uma voz característica, gutural ou muito fina.
Os Aparaká são Egun mais jovens: não têm Abalá nem Bantê e nem uma forma definida; e são ainda mudos e sem identidade revelada, pois ainda não se sabe quem foram em vida.
Acredita-se, então, que sob as tiras de pano encontra-se um ancestral conhecido ou, se ele não é reconhecível, qualquer coisa associada à morte.
Neste último caso, o Egungun representa ancestrais coletivos que simbolizam conceitos morais e são os mais respeitados e temidos entre todos os Egungun, guardiães que são da ética e da disciplina moral do grupo.
Porque o objetivo principal do cultos dos Egun é tornar visível os espíritos dos ancestrais, agindo como uma ponte, um veículo, um elo entre os vivos e seus antepassados.
E ao mesmo tempo que mantém a continuidade entre a vida e a morte, o culto mantém estrito controle das relações entre os vivos e mortos, estabelecendo uma distinção bem clara entre os dois mundos: o dos vivos e o dos mortos (os dois níveis da existência)
Os Egungun se materializam, aparecendo para os descendentes e fiéis de uma forma espetacular, em meio a grandes cerimônias e festas, com vestes muito ricas e coloridas, com símbolos característicos que permitem estabelecer sua hierarquia.
O culto principal aos Egungun é praticado na Ilha de Itaparica no Estado da Bahia mas existem casas em outros Estados.
Quanto ao aspecto físico, um terreiro de Egungun ou Egun apresenta basicamente as seguintes unidade:
* um espaço público, que pode ser freqüentado por qualquer pessoa, e que se localiza numa parte do barracão de festas;
* uma outra parte desse salão, onde só podem ficar e transitar os iniciadores, e para onde os Egun vêm quando são chamados, para se mostrar publicamente;
* uma área aberta, situada entre o barracão e o Ilê Igbalé (ou Ilê Awô - a casa do segredo), onde também se encontra um montículo de terra preparado e consagrado, que é o assentamento de Onilé;
* um espaço privado ao qual só têm acesso os iniciados da mais alta hierarquia, onde fica o Ilê Awô, com os assentamentos coletivo, e onde se guardam todos os instrumentos e paramentos rituais, como os Isan pronuncia-se (ixan), longas varas com as quais os Ojé invocam (batendo no chão) e controlam os Egungun.
Segundo a tradição do culto de Egungun, que é originário da África, região de Oyò. O culto de Egungun, é exclusivo de homens, sendo Alápini o cargo mais elevado dentro do culto tendo como auxiliares os Ojés.
Todo integrante do culto de Egungun é chamado de Mariwô.
No Brasil o culto não é difundido como na Nigéria e apesar dos equívocos de alguns pais e mães de santo, na Ilha de Itaparica, existe o culto de Egungun considerado parecido ao da Nigéria.
Em Itaparica o culto é totalmente secreto, talvez esse o motivo de não se ter mutilado através dos tempos, da escravidão aos tempos de hoje.
O culto é equivocado no Brasil pois muitas pessoas dizem que Egun é energia negativa, e isso não é verdade.
O que falta, talvez para as pessoas do Brasil, seria informações sobre Egungun.
O povo Yoruba acredita em reencarnação, pois Egungun está interligando vida e morte: assim que uma criança nasce, eles fazem todo um procedimento para saber o destino da criança, manipulam oráculos, ou então pedem a ajuda de babalawo que através de ifá, sabem se a criança é uma encarnação de algum antepassado.
Constatando-se o fato, é feito o ritual de ikomojade, onde a criança terá um nome e é apresentada para a comunidade com uma festa.
Xangô (Sòngó), é o fundador do culto aos Egungun, somente ele tem o poder de controlá-los, como diz um trecho de um Itan:
"Em um dia muito importante, em que os homens estavam prestando culto aos ancestrais, com Xangô a frente, as Iyami-Ajé fizeram roupas iguais as de Egungun, vestiram-na e tentaram assustar os homens que participavam do culto, todos correram mas Xangô não o fez, ficou e as enfrentou desafiando os supostos espíritos.
As Iyami ficaram furiosas com Xangô e juraram vingança, em um certo momento em que Xangô estava distraido atendendo seus súditos, sua filha brincava alegremente, subiu em um pé de Obi, e foi aí que as Iyami-Ajé atacaram, derrubaram a Adubaiyni filha de Xangô que ele mais adorava.
Xangô ficou desesperado, não conseguia mais governar seu reino que até então era muito próspero, foi até Orunmilà, que lhe disse que Iyami é que havia matado sua filha, Xangô quiz saber o que poderia fazer para ver sua filha só mais uma vez, e Orunmilà lhe disse para fazer oferendas ao Orixá Ikù (Oniborun), o guardião da entrada do mundo dos mortos, assim Xangô fez, seguindo a risca os preceitos de Orunmilà.
Xangô conseguiu rever sua filha e pegou para sí o controle absoluto dos Egungun (ancestrais), estando agora sob domínio dos homens este culto e as vestimentas dos Egungun, e se tornando estremamente proibida a participação de mulheres neste culto, provocando a ira de Olorun, Xangô, Ikú e os próprios Egungun, este foi o preço que as mulheres tiveram que pagar pela maldade de suas ancestrais as Iyami".
Culto aos Egungun é uma das mais importantes instituições, tem por finalidade preservar e assegurar a continuidade do processo civilizatório africano no Brasil, é o culto aos ancestrais masculinos, originário de Oyo, capital do império Nagô, que foi implantado no Brasil no início do século XIX.
No ritual de Egungun, reside um dos maiores mistérios da cultura e ritualística Yorubana e Dahomeana.
O culto ao Egungun, é um culto aos antepassados das pessoas falecidas que eram iniciadas no ritual dos Orixás ou Voduns ou ainda, no próprio ritual de Egun. Este ritual não é uma propriedade africana única.
No Japão, existe uma semelhança no culto aos antepassados também, e que é de prática nacional. É tão sério e popular, que consegue manter a nação unida em torno desta prática.
A única diferença entre estes dois cultos é que no Japão não existe a materialização dos antepassados, enquanto que na Nigéria, no Togo, Benin e Brasil, estas “aparições” são comuns e visíveis a todos os presentes.
É também comum na Nigéria vê-se os Ojés (sacerdotes de Egungun), provocando estas materializações, quando jogam várias roupas (axós – trajes) de Egungun no chão e minutos após, estas começam a inflar e tomar formatos humanos como se corpos existissem dentro de cada uma delas.
Tais fenômenos acontecem em plena luz do dia, na rua e diante dos olhos de todos. O ritual começa no Ojubó (camarinha secreta), com oferendas, local onde as roupas são abençoadas e recheadas dos “axés”(força e poder), do ritual.
Posteriormente, é feita a oferenda de um “agutã”(carneiro), sobre o “gbodô (pilão) o qual será levado à praça pública e invertido no chão, ou seja, colocado de cabeça para baixo.
Após tais atos o Ologbô (sumo sacerdote de Egun) manda distribuir as roupas de cada Egungun que irá se materializar, no chão separadas a cada três metros.
Ato contínuo, começam as cantorias sob o rítimo frenético dos “abados” (abanadores de palha) batidos em bocas de porrões” (grandes vasos de barro com bocas largas), acompanhados por “gans e agogôs” (sinetas de metal).
Tudo isto segue uma ritualística e está rigidamente dentro de uma hierarquia milenar.
Não se pode confundir Egun e Egungun. Eguns são todos os espíritos de pessoas falecidas.
Egunguns são espíritos de sacerdotes e sacerdotisas falecidos, ou seja, pessoas que foram iniciadas no ritual do Orixá ou no próprio ritual de Egungun.
Enquanto no âmbito dos Eguns, existem obsessores, e até mesmo demônios, que viveram e que não viveram, os Egunguns são espíritos antepassados que cuidam em dar continuidade à cultura e às tradições étnicas e tribais, para que seus sucessores (os vivos) tenham a melhor condição de vida possível.
Egungun não aceita a mentira e a depravação e tão pouco a corrupção dos costumes e da ritualística. Por esta razão, pouquíssimas são as “casas” de candomblé de Egungun no Brasil, estando restritas à Ilha de Itaparica, na Bahia, em locais conhecidos por “Amoreira” e “Barro Vermelho”. No final do século XX e agora no século XXI, algumas tentativas de espalhar o ritual já foram feitas.
Algumas com sucesso, outras não.
Há que se ressaltar a homenagem ao grande Alagbá Aliba (Eduardo Daniel de Paula) na condução do ritual de Egun em Amoreira.
Também destaque para Didi (Deoscoredes dos Santos), o Alapini de Itaparica, no seu trabalho de sucessão do falecido Aliba.
Apenas para demonstrar o poder do ritual de Egungun e seus sacerdotes, destacamos da lista de Egungun acima o Babá Bambuxé Adinimodó, que em 1660 foi sumo sacerdote do Quilombo dos Palmares, em Alagoas, e encarregado pelo destino (Odú) de preservar, no Brasil, através dos ensinamentos, a raiz das tradições das diversas tribos africanas, para cá trazidas durante o nefasto tráfico de escravos.
Bambuxé foi a alma , o espírito, o corpo e a mente estratégica e espiritual de Palmares, tendo como assessor o Tata Kaundê e juntos deram muito trabalho às investidas dos soldados e comandantes brancos em embates contra as tropas de Palmares.
Não teríamos esta relação e este conhecimento, não fossem os ensinamentos místicos que Bambuxê nos legou através dos diversos discípulos que consagrou.
Em nossa visita e vivência em Lagos, na Nigéria, fomos franquiados a constatar e assistir alguns rituais de Egungun, realizadas em pleno dia em praça pública, presenciando as materializações de vários Babás e com eles tivemos a oportunidade de conversar, e trocando idéias, concluímos que eles amam os seus descendentes no Brasil, hoje negros, mulatos, mestiços e brancos.
E conforme nos falou Babá Olobogjô e Babá Alapalá não tínhamos ido à África para “catarmos axés” e sim buscar os nossos fundamentos e conhecermos os nossos ancestrais de mais de quatrocentos anos.
Para tanto, nos deram roupas, comida e habitação, além de todo conhecimento possível.
Com todo orgulho, portanto, criamos esta página em homenagem àqueles que nos possibilitaram existir geneticamente, mantendo o conhecimento da ancestralidade, que nos mantém VIVOS.
 
 
ÉGÙNGÙN (Parte 02)
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Tais fenômenos acontecem em plena luz do dia, na rua e diante dos olhos de todos. O ritual começa no Ojubó (camarinha secreta), com oferendas, local onde as roupas são abençoadas e recheadas dos “axés”(força e poder), do ritual.
Posteriormente, é feita a oferenda de um “agutã”(carneiro), sobre o “gbodô (pilão) o qual será levado à praça pública e invertido no chão, ou seja, colocado de cabeça para baixo.
Após tais atos o Ologbô (sumo sacerdote de Egun) manda distribuir as roupas de cada Egungun que irá se materializar, no chão separadas a cada três metros.
Ato contínuo, começam as cantorias sob o rítimo frenético dos “abados” (abanadores de palha) batidos em bocas de porrões” (grandes vasos de barro com bocas largas), acompanhados por “gans e agogôs” (sinetas de metal).
Tudo isto segue uma ritualística e está rigidamente dentro de uma hierarquia milenar.
Não se pode confundir Egun e Egungun. Eguns são todos os espíritos de pessoas falecidas.
Egunguns são espíritos de sacerdotes e sacerdotisas falecidos, ou seja, pessoas que foram iniciadas no ritual do Orixá ou no próprio ritual de Egungun.
Enquanto no âmbito dos Eguns, existem obsessores, e até mesmo demônios, que viveram e que não viveram, os Egunguns são espíritos antepassados que cuidam em dar continuidade à cultura e às tradições étnicas e tribais, para que seus sucessores (os vivos) tenham a melhor condição de vida possível.
Egungun não aceita a mentira e a depravação e tão pouco a corrupção dos costumes e da ritualística. Por esta razão, pouquíssimas são as “casas” de candomblé de Egungun no Brasil, estando restritas à Ilha de Itaparica, na Bahia, em locais conhecidos por “Amoreira” e “Barro Vermelho”. No final do século XX e agora no século XXI, algumas tentativas de espalhar o ritual já foram feitas.
Algumas com sucesso, outras não.
Há que se ressaltar a homenagem ao grande Alagbá Aliba (Eduardo Daniel de Paula) na condução do ritual de Egun em Amoreira.
Também destaque para Didi (Deoscoredes dos Santos), o Alapini de Itaparica, no seu trabalho de sucessão do falecido Aliba.
Apenas para demonstrar o poder do ritual de Egungun e seus sacerdotes, destacamos da lista de Egungun acima o Babá Bambuxé Adinimodó, que em 1660 foi sumo sacerdote do Quilombo dos Palmares, em Alagoas, e encarregado pelo destino (Odú) de preservar, no Brasil, através dos ensinamentos, a raiz das tradições das diversas tribos africanas, para cá trazidas durante o nefasto tráfico de escravos.
Bambuxé foi a alma , o espírito, o corpo e a mente estratégica e espiritual de Palmares, tendo como assessor o Tata Kaundê e juntos deram muito trabalho às investidas dos soldados e comandantes brancos em embates contra as tropas de Palmares.
Não teríamos esta relação e este conhecimento, não fossem os ensinamentos místicos que Bambuxê nos legou através dos diversos discípulos que consagrou.
Em nossa visita e vivência em Lagos, na Nigéria, fomos franquiados a constatar e assistir alguns rituais de Egungun, realizadas em pleno dia em praça pública, presenciando as materializações de vários Babás e com eles tivemos a oportunidade de conversar, e trocando idéias, concluímos que eles amam os seus descendentes no Brasil, hoje negros, mulatos, mestiços e brancos.
E conforme nos falou Babá Olobogjô e Babá Alapalá não tínhamos ido à África para “catarmos axés” e sim buscar os nossos fundamentos e conhecermos os nossos ancestrais de mais de quatrocentos anos.
Para tanto, nos deram roupas, comida e habitação, além de todo conhecimento possível.
Com todo orgulho, portanto, criamos esta página em homenagem àqueles que nos possibilitaram existir geneticamente, mantendo o conhecimento da ancestralidade, que nos mantém VIVOS.
Por: Bàbá Onanlayo