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quinta-feira, 30 de agosto de 2018

ORI

ORI
Por: Efunlase.com
ORI
Uma das divindades mais importantes na compreensão do Culto Yorubá é o Orí. Uma pessoa sem uma cabeça é uma pessoa sem direção. A cabeça é o primeiro a entrar no mundo na maioria dos casos, e é o domicílio de todas as escolhas. Em muitas sociedades africanas, a cabeça é tão importante que ela é adorada como a sede da personalidade e destino do ser humano. A cabeça é considerada o receptáculo de idéias, opiniões, emoções e está ligada ao destino e sorte de cada pessoa. “A origem ou a fonte de todo orí seria o Deus Supremo – Olódùmarè - ou o Grande Orí, do qual todo Orí deriva, visto que ele é, na verdade, o doador de todo Orí “. O conceito de Ifá sobre Orí é a integração do pensamento e da emoção que gera um Orí positivo ou de sabedoria.
O Orí está dividido em Orí Inú que é a Cabeça Interna ou Destino e Orí Òdé que é a Cabeça Física.
ORÍ ÒDÉ – a cabeça externa caracteriza-se pela cabeça física (crânio, cérebro, sistema nervoso central, olhos, ouvidos, etc.) e também pela personalidade e intelecto que resultará da interação daquele corpo com Orí Inú (cabeça interna).
ORÍ INÚ - a cabeça interna é a nossa personalidade divina, ou nosso “eu verdadeiro”, ou nosso “eu supremo ou superior”. Em resumo, nossa alma.
Todos os òrişá têm que respeitar a vontade e o livre arbítrio de Orí. Sempre, quando se inicia um culto, os devotos têm que tocar a terra com a testa como um ato de respeito ao primeiro Orí, a ancestralidade e a onilé de onde o orí foi formado e moldado por Ajalá, Obàtálá. Orí é o Deus portador da individualidade de cada ser humano. Representa o mais íntimo de cada um, o inconsciente, o próprio sopro de vida em sua particularização para cada pessoa. Orí é cultuado como uma Divindade e é única e individualizada, devendo ser cultuado e tratado. A habilidade do Orí de receber o Aşé (poder) do òrişá é uma função da ressonância interior do Orí em si. O Aşé de um òrişá que existe no Orí de um individuo pode atrair a força desse òrişá através de uma experiência chamada incorporação (transe) ou intuição forte, que se dá a partir de um processo iniciático.
Tão importante é a cabeça em muitas sociedades africanas que ela é adorada como a sede da personalidade e destino do homem
ALIMENTO A CABEÇA - BORÍ
À cerimônia de equilíbrio do Orí dá-se o nome de Borí (bó = alimentar, Orí = cabeça => alimentar a cabeça, alimentar a alma, fortalecê-la). Borí – alimentar o Orí é um ritual que tem por finalidade a restauração do equilíbrio entre Orí Òdé (cabeça física) e Orí Inú (alma, o eu superior). Tendo Orí status de òrişá, responde no oráculo. Todas as oferendas que alimentam o Orí são ditadas pelo oráculo - mas sempre com o consentimento do próprio Orí - na qualidade e quantidade adequadas ao momento e situação. A energia de um òrişá só é fixada se o Orí permitir. Como todas as possibilidades de sucesso ou fracasso dependem do Orí, o Borí é o rito especial que propicia a sua positividade. A sua finalidade é, através de manipulação do aşé, proporcionar ao Orí, o ponto de equilíbrio ideal para a sua auto-realização. Na religião yorubá o Orí é preparado para atuar com discernimento nos constantes conflitos com que se deparam o espírito – Ori Inú – e a matéria – Ori Òdé, no decorrer da sua existência terrena.
MAIS:
Orin orí: ORÍ ENI, OUN NI ÀWÚRE ENI
BI MO JI LOWURO, MA GBA ORÍ MI MU
ORÍ ENI, OUN NI ÀWÚRE ENI.
CANTIGA DE ORÍ: SOMENTE O ORÍ DE UMA PESSOA QUE PODE ABENÇOA-LA
TODA VEZ QUE ME LEVANTO PELA MANHA, ABRAÇO MEU ORÍ
SOMENTE O ORÍ DE UMA PESSOA, PODE ABENÇOA-LA.
ORÍ IRE ORI MI ÀSE ORÍ IRE O
ORÍ IRE ELÉDÀ MI ÀSE ORÍ IRE.
ORÍ DE SORTE, MEU ORÍ QUE A SORTE ACONTEÇA 
ORÍ DE SORTE, MEU ELÉDÀ QUE A SORTE ACONTEÇA.
ORÍ MI 
ELÉDÀ MI, SEBI OMO WIPE
OMODE NI MI, GBEJA O FÚN MI JA O
MEU ORÍ, 
MEU ELEDA, SOU CRIANÇA, NÃO SEI LUTAR
SOU PEQUENO, LUTE POR MIM.
TODOS ESSES ORÍN, FORAM DIVULGADOS AQUI NO BRASIL PELO BÀBÁLÁWO FÁBUNMI, ATRAVÉS DE BÀBÁ KING. MO JÚBÀ O.
ÌPÒRI – O CULTO À PLACENTA
O ìpòri é um dos três elementos que constituem a alma. Ele simboliza a energia advinda diretamente de nossos ancestrais. Esta energia é ligada a nossa cabeça (orí), ao nosso eledá (guia ancestral, Orixá) e ao nosso destino (odù).
O ipori não é um ente individualizado, mas como uma partícula de hereditariedade, que impõe sua marca na personalidade, na vida, na saúde e portanto no destino de cada Ser. Uma espécie de “DNA espiritual”.
Por ser imaterial, após a morte da pessoa, o ipori se desprende e acompanhará aquela alma nas próximas reencarnações (atunwá), funcionando como um registro de ancestralidade, quase como uma “caixa preta” que registra ao longo de sucessivas existências, as emoções, as experiências, as marcas de ancestralidade, etc.
Observemos que o conceito de ancestralidade, é muito mais abrangente do que a idéia de mera consanguinidade.
O Ìpòri resume em si uma espécie de “força ancestral” que faz um elo entre orí do indivíduo, passando por seus antepassados mais remotos, até chegar a seus ascendentes divinizados (eledás).
Com este conceito, explica-se a força espetacular que funda os gêneros familiares, perpetua as culturas e une os Homens em uma cadeia global.
A cultura nagô simboliza o ipori como matéria da qual os Orixás escolheram a massa para nos moldar.
Antes de qualquer oferenda à cabeça, seja um bori, ou a simples oferenda de um obi, sempre o Ìpòri deverá ser evocado, numa saudação aos ancestrais daquela pessoa.
O Ìpòri é então reverenciado pelo zelador (ora) quando este toca a sola do pé direito (lado paterno) e do pé esquerdo (lado materno).
Este gesto é repetido todos as vezes em que um iniciado está recolhido. Quando os mais velhos tocam a sola dos pés do “recolhido” para acordá-lo, estão despertando o ipori daquele irmão.
Por ser tão importante o ìpòri merece um ritual próprio, chamado de culto à placenta.
Este rito consiste no ato de enterrar o cordão umbilical e a placenta do recém-nascido aos pés de uma árvore existente na comunidade onde vive sua família, a fim de que seja então mantido o elo de ancestralidade que liga aqueles seres desde o òrun (céu) até o áiyé, despertando assim o enikéji (nome dado ao nosso duplo etéreo que vive no Òrun). Enikéji: do Yoruba, Eni – pessoa, Kéji – Segunda. 
Orí Inú é a essência do psiquismo, da personalidade da alma, que deriva diretamente de Olódùmarè, Deus Supremo. O Orí Inú e nossa essência, aonde Deus Criador soprou o seu hálito (èmí), e nos criou. O Orí Inú é o ser interior e espiritual do homem e é imortal.
O Ìpòri é peça fundamental a este conceito. O Homem se torna imortal a medida em que se perpetua na essência de seus descendentes.
Entender o Ìpòri como liame entre o ser e seus ancestrais, reafirma o forte conceito yorubá de respeito e de gratidão aos mais velhos, bem assim a necessidade de honrar aqueles que viveram antes e nos proporcionaram não só a vida, mas as condições de viver.
Contudo, em nenhum momento a reconhecimento do ipori como herança ancestral, exime o Homem de sua responsabilidade. Antes pelo contrário, reforça que a pessoa deve valorizar os elementos que herdou para aperfeiçoar-se, esmerando seu próprio caráter (ìwà).
Por: Márcio de Jagun
Babalorixá, escritor, professor universitário, advogado e apresentador do Programa Ori ori@ori.net.br


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