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quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Alvorada dos ojás

No ano passado, nas comemorações do mês da Consciência Negra, surgiu a idéia de no dia do ato da 3ª Caminhada pela Vida e Liberdade Religiosa, organizada pelo Coletivo de Entidades Negras (CEN), fossem amarrados panos brancos (ojás) nas árvores do Dique dos Orixás, como o prefere chamar o povo de candomblé desta cidade. Sem as condições devidas naquele momento, protelamos o ato, mas não o esquecemos.

Montamos uma comissão que, percebendo os avanços da intolerância religiosa no País, resolveu fazer o ato neste 19 de setembro, dia do lançamento da 4ª Caminhada, e com uma tarefa ainda maior: colocar ojás em 21 bairros de Salvador. Daí foi uma batalha para conseguir três mil metros de tecido, montar as equipes com mais de 40 carros e 200 pessoas e varar a madrugada de quinta-feira com este fim.

Babá Pecê, Makota Valdina, Tata Hemetério, Ebomy Nice, Equede Lindinalva de Paula, Maria Leda e sua equipe das baianas, Tata Eurico, Marlene de Exu, Hamilton Ribeiro, mãe Jaciara, Dois Mundos, Iale, Bigode, Hamilton Borges e candidatos a vereador que são do candomblé, como Tâmara Azevedo, Raimundinho Kewanze, Vera Fonseca, Torres e Euclides, destacaram-se no apoio ao ato. O prefeiturável Hilton Coelho também.

A ação política tem fim específico, que é combater a intolerância religiosa e mostrar que amamos tanto as árvores que carregam as energias sagradas, as energias dos nossos ancestrais e as nossas forças, assim como o vento, a água, o fogo e tudo o que tem de sagrado e denominamos meio ambiente, pois somos de uma religião que tem fundamento na natureza.

A cidade amanheceu mais bonita e com um ar de curiosidade. No Abaeté, na orla, Dique, Garibaldi, Bonfim, Paralela, Centro, Vitória, Suburbana e outros locais. Muitos desejaram saber o significado das árvores amarradas com os ojás. Uns afirmaram que era um ato pela paz, e foi. Outros, contra o extermínio de jovens negros e o assassinato de policiais, e foi. Outros para abrir a mente dos políticos com relação a ações sérias para o povo de candomblé. Foi também.

Propomos ao Estado compreender a nossa história e as nossas raízes. É inaceitável demolir terreiros em Salvador, lacrar terreiros em São Paulo, fazer leis que impedem a nossa liberdade de culto no Rio Grande do Sul e tirar a guarda da criança a fim de evitar transtornos psíquicos, como aconteceu no Rio de Janeiro. Sabemos que a liberdade de crença é um direito constitucional.

O que fizemos foi mais um ato de amor do povo de candomblé ao povo de Salvador, da Bahia e do Brasil. Agora fica a questão: que tal nos amar também? Não custa nada e é bom para todo mundo. O amor é uma das melhores ações para melhorar o mundo. Que os orixás, inquices, voduns e encantados para sempre sejam louvados, e que Jeová, Jesus, Alá, Tupã, Buda, os irmãos de luz, também e para todo o sempre.

FONTE: Jornal A TARDE

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