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quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Obrigação no Candomblé:

Obrigação no Candomblé:
Tudo Que Você Precisa Saber!
Por Olùkó Vander
Mo júbà, Báwo ni o? (Saudações, Como vai?)
O assunto de hoje será obrigações de santo, ou também chamada de obrigações de anos no Candomblé. As obrigações geralmente determinam o grau de um iniciado, alguns até as usam para determinar uma certa hierarquia, pois após os 7 anos de iniciada, a pessoa passa a poder fazer algumas coisas que antes não poderia, passam a ter certa superioridade que os demais irmãos de santo.
Não se sabe ao certo a origem dessas obrigações, posto que na grande matriz, nos países de onde o Candomblé é originado não se têm notícia de obrigação de 1 ano de santo, obrigação de 3 anos de orixá ou a mais querida de todas, a mais almejada: obrigação de 7 anos, onde muitos passam erroneamente serem chamados de “Êbomi”.
Hoje irei falar sobre:
1 – Por que chamam de “Êbomi” quem faz 7 anos de santo?
2 – Por que “Pagar Obrigação” e Por Que Essa Cobrança Toda?
3 – Odu ou Odum? Como é a forma correta de falar a obrigação de anos?
4 – Números em Yorùbá Para Comemoração de Iniciação Ao Òrìsà.
Mas porque erroneamente, você deve estar se perguntando.
Muitas coisas, muitas coisas mesmo são criadas, inventadas aqui no Brasil. Não há na Nigéria, Togo ou Benin vestígios de muitos absurdos que vemos hoje por ai. Claro que algumas coisas foram criadas, ou adaptadas, para melhor organizar as pequenas Áfricas, assim eram chamados os terreiros, as casas de Candomblé.
Mas tantas outras não há fundamento, sendo que baila nos lábios de quem quiser criar conjecturas a respeito do que vem a significar ou de onde surgiu alguma coisa, sendo muitas coisas relegadas aos Ìtàn – Lendas. E nas lendas, não as do corpo de Ifá, mas aquelas que se quer sabem a origem, lá é onde nascem explicações para alguns absurdos.
Mas vamos entender o erro do termo “Êbomi”. Não é um cargo, não é um posto e pasme, uma pessoa com um ano de santo pago ou não, pode ser “Êbomi” de outra. Você não precisa ter 7 anos de santo para ser “Êbomi”!
O termo correto é Ègbón mi e significa meu irmão mais velho. Podemos reduzir ainda mais para Ègbón = irmão mais velho. Onde também há o seu antônimo, Àbúrò, que significa irmão mais novo. O termo Ègbón não é taxativo, não vem dizendo que só podem ser considerados tal quem tiver mais de 7 anos de santos pagos.
Caso um Ìyáwo A tenha 1 ano de santo e um Ìyáwo B tenha 9 meses de iniciado, A é Ègbón de B e B passa a chamá-lo de Ègbón mi (Meu irmão mais velho). Simples assim! E o Ìyáwo A chama o Ìyáwo com 9 meses de iniciado de Àbúrò mi (Meu Irmão mais novo).
Tem se um outro costume errado de chamar quem tem menos de 7 anos de Ìyáwo e quem tem 7 ou mais de “Êbomi”. ERRADO. Todos são Ìyáwo. Todos são filhos de alguém e são “casados”, assumiu um compromisso com seu Òrìsà.
Ègbón = Irmão mais velho;
Ègbón mi = Meu irmão mais velho (Quando seu irmão de santo tem mais tempo de santo que você).
Àbúrò = Irmão mais novo.
Àbúrò mi = Meu irmão mais novo (Quando seu irmão de santo tem menos tempo de santo que você).
Pagar A Obrigação
Há quem discorde, mas pelas pesquisas tudo indica que essa tal “pagar a obrigação” nasceu de uma época em que comprava-se a carta de alforria dos escravos e esse então passava a ter uma “Obrigação” com quem o libertou.
Livre para poder trabalhar, o escravo pagava uma parte no primeiro ano solto, depois outra parte 3 anos após e 7 anos após, onde enfim, estava livre de verdade. Mas não irei jogar a responsabilidade disso em cima de nenhum itan ou algo assim, pois carece de mais fontes históricas.
Mas uma coisa é certa, seu Orí, fonte de sua força, pensamentos, idéias… esse deve estar forte e merece comer todo ano. Somente com seu Orí forte é que seu Òrìsà pode atuar com mais precisão por você.
Importante salientar que essa “Obrigação” é com seu Òrìsà e não com o povo que nada tem com sua vida espiritual. Ou seja, não precisa torrar rios de Dinheiro com festas, convites e comilanças sem fim.
Há quem discorde, mas há muitas pessoas que não são adeptas das obrigações festivas. Dão de comer ao seu Òrìsà todo ano e estão com suas vidas prósperas e seguindo em frente.
Sei que há quase uma lenda urbana que diz que quem não paga as obrigações perde emprego, Òrìsà larga a cabeça, perde amo, saúde e corre até mesmo o risco de morrer. Como dizem: – Òrìsà cobra!
Sou contra tal ideia!
Mas se sua casa prega tal ideia, respeite seu zelador ou zeladora e bola para frente. Mas sempre que houver espaço, pois muitos zeladores não dão espaço para uma conversa com seus iniciados, busque aprender mais sobre obrigações!
Odú, Odún, Odum…. Como se Fala Obrigações de Anos Em Yorùbá

O motivo dessa postagem sem sombra de dúvidas foi essa parte. Onde nasceu a ideia de postar sobre como escrever corretamente “Obrigação de X anos” em Yorùbá. Recebo e-mails com muitas dúvidas e escrever corretamente um convite de comemoração de anos de iniciação é o campeão.
Vejo que as pessoas escrevem ao seu bel prazer. Colocam acentos onde não existe, pronunciam como querem e dão significados trocados ou errados às palavras.
Vamos então começar a entender por partes:
Obrigação em Yorùbá
A palavra “Obrigação” em Yorùbá, segundo o Dicionário são as seguintes:
Oore – Obrigação
Igbese oore – Obrigação
Idè – Obrigação
Logo podemos notar que o termo comumente usado atualmente em nada se aproxima ao termo “Obrigação” em Yorùbá. Mas na verdade, o que ocorre, é que o povo Yorùbá é muito festivo e nota-se isso em seus festivais muitos públicos, apesar de muitas vezes serem religiosos.
Então podemos entrar na próxima explicação:
Odù, Odum ou Odún … O que é o que?
Vamos conhecer cada palavra para podermos analisar melhor essa questão. Lembrando que estarei escrevendo como geralmente escrevem em redes sociais, convites e afins!
Odù – Signos de Ifá, sinais que trazem mensagem sobre a vida de uma pessoa. Alguns traduzem como destino, mas assim como a palavra àse, essa palavra também merece por vezes longas explicações.
Odún – Festa, festividade, festival, aniversário. Também significa: ano, idade.
Odum – Palavra inexistente nos dicionários de Yorùbá.
Bem, de posse das duas palavras mais próximas do que queremos dizer (comemorar algo), podemos concluir que a segunda chega mais próximo do que realmente queremos, indicar que estamos comemorando um marco (1 ano, 3 anos, 7 anos etc).
Mas caso você saiba seu Odù e em determinada data você quer fazer algo para poder comemorar a data, pode dizer: Irei comemorar o meu Odù (No caso, como disse, que saiba após consultar um Bàbáláwo e não o Odù da mesa de um zelador ou zeladora.).
Mas se estamos falando realmente da comemoração de por exemplo 3 anos de santo, já sabemos que a palavra é Odún , pois esta significa uma comemoração, uma festa e até mesmo idade. Porém, precisamos aprender algo mais nessa lição: os números em Yorùbá.
No curso de Introdução ao Idioma Yorùbá (Clique Aqui e Conheça Mais), você aprender todos os números em Yorùbá, mas para essa lição basta apenas saber 3 números: 1, 3 e 7. E novamente caímos em alguns erros bem comuns.
Números em Yorùbá
Assim como no português, em idioma Yorùbá os números se classificam em Ordinais (indicam ordem, colocação), Cardinal (indicam contagem), Fracionários e etc..
Aqui teremos algumas considerações importantes: Há uma forma quase correta e outra corretíssima.
Números Cardinais (Não especifica o que): 1 = Okan, 3 = Etá, 7 = Eje;
Números Ordinais (Ordem): 1 = Kíni ou Ekini, 3 = Ekéta ou Kéta, 7 = Ekéje ou Kéje;
Números Totais (Indicam quantidade de algo especificado): 1 = Kan, 3 = Méta, 7 = Méje.
Os números totais são os corretos para usarmo em nosso caso, pois eles é que especificam o que está sendo contato. Gramaticalmente, eles que modificam o substantivo “anos”.
Agora vamos ver como fica então a síntese, o resumo disso tudo:
Um ano = Odún kan
Três anos = Odún méta
Sete anos = Odún Méje
Em um convite impresso ou postado em alguma rede social, poderíamos escrever assim:
“Gostaria de Convidá-los para meu Odún Méta, onde estarei recebendo todos em…”
ou
“Dia XX/XX acontece o meu Odún Méje t’Òrìsà. Venha louvar o Òrìsà na Rua…”
Conclusão:
Chegamos ao fim da postagem onde aprendemos que esse termo “pagar Obrigação” é mais pejorativo do que outra coisa, sendo, possivelmente, reflexo histórico da época da escravatura, apesar de faltas de provas históricas.
Vimos também que estão usando o termo errado, mais um termo errado, dentro do Candomblé. Mas podemos aprender a forma correta, mas apropriada, para “Obrigação de ano”, que na verdade significa “comemoração de ano”.
Espero que tenha gostado e tenha visto como é importante aprender mais sobre essa linda cultura e também sobre o idioma Yorùbá, pois a maioria do Candomblé se utiliza deste idioma, de forma errada, mas usa muito.

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