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sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Olubajé

Olubajé
Olubajé é a festa anual em homenagem a Obaluaê.
Olugbajé é uma palavra de origem Iorubana e significa: Olu (aquele que), Gba (aceita) Je (comer)
Este ocorre normalmente no mês de agosto nas casas ou terreiros de candomblé. Esta cerimônia de caráter público tem como objetivo propiciar a saúde, no sentido de prolongar a vida e trazer equilíbrio a todos os presentes. Nos dizeres de MLL Teixeira ( A encruzilhada do ser -1994), Olubajé é um “grande ebó coletivo”. Todos, iniciados ou não, podem usufruir deste benefício, desde que, nos dizeres do povo de santo, estejam com “o coração limpo”.
Diz um Itan, que Xangô um Rei muito vaidoso, deu uma grande festa em seu palácio e convidou todos os Orixás, menos Obaluaê, pois as suas características de pobre e de doente assustavam o rei do trovão. No meio do grande cerimonial todos os outros Orixás começaram a notar a falta do Orixá Rei da Terra e começaram a indagar o porquê da sua ausência, até que um deles descobriu de que ele não havia sido convidado.
Todos se revoltaram e abandonaram a festa indo a casa de Obaluaê. Temendo sua cólera resolvem ir até seu palácio levando suas próprias comidas como sinal de desculpas. Obaluaê recusava-se a perdoar aquela ofensa até que chegou a um acordo; daria uma vez por ano uma festa em que todos os Orixás seriam reverenciados e estes ofereceriam comida a todos.
Um outro Itan conta, que um dia houve uma festa no Orun e todos os orixás foram convidados, todos dançaram, porém quando Omolu foi dançar, todos o ridicularizaram pois dançava apontado suas feridas e de maneira desengonçada, e vendo todos rirem dele, no final de sua dança, apontou para todos os orixás e sobre eles jogou uma praga e conforme os dias foram passando, todos ficaram doentes, a terra se tornou improdutiva. Foi quando, os omo-orixás (filho de Orixá), pediram para que os Orixás intercedesse junto a Omolu para que tudo voltasse ao normal e então eles decidiram fazer um grande banquete em homenagem a Omolu, foi então que vendo-se agradado, retirou a praga e disse que a partir daquele momento, todos os anos deveria ser feito o Olubajé em sua homenagem e além disso que servisse como um ebó para todos os omo-orixás.
É interessante ressaltar que os quatro orixás que compõem a família Jê (alusão ao fato daqueles que seriam oriundos do país do Daomé) encontram-se associados à questão da saúde/bem-estar e equilíbrio. Obaluaiê, o senhor da vida e da morte, o médico dos pobres; Nanã (mãe biológica de Obaluaê), associada a lama original, logo ao nascimento e a morte; Oxumarê (irmão de Obaluaê), o senhor do arco-íris e da fartura, mais também como o grande feiticeiro; Ossaim, o patrono das folhas e dos remédios.
O RITUAL
Em um determinado momento do Candomblé, Iansã entra no barracão à frente de obaluaiê, carregando um balaio de pipocas(doburus),que são distribuídas para as pessoas presentes. Este ritual, representaria a recriação do momento em que o orixá, ainda em África, era alvo de maus tratos por parte do povo ao passar pelas aldeias, que assustado por suas feridas e aparência, o repudiavam expulsando-o. Agora, ele, ao contrário do que recebia, generosamente repartia do seu axé para com aqueles que um dia o repudiaram. Os presentes ao receberem o punhado de doburu/pipoca, cerimoniosamente o passavam-na pelo corpo com o objetivo de se livrar de suas mazelas.
Após,ao som do cântico do olubajé,o Babalorixá ou Yalorixá, traz o cortejo para uma área exterior, seguido pelos filhos,que trazem sobre a cabeça as comidas pertinente a vários Orixás, simbolizando a Vida, (axoxô, pipoca, banana da terra frita, omolucum, mostarda refogada, acarajé, acaça, eboyá, dentre outras) que serão servidas sobre uma folha chamada “Ewe Ilará” conhecida popularmente como mamona assassina, “altamente venenosa” simbolizando a Morte (iku).
Uma filha de Oiá, carrega esteiras de palha.
Os últimos a surgirem são os orixás, terminando o cortejo com o dono da festa, Obaluaiê.
As esteiras são desenroladas e sobre elas é colocado um tecido branco e imaculado. Um após outro, os alguidares e potes são colocados sobre a toalha e formam sobre o chão a grande mesa
Um novo cântico de ritmo lento começa a ser ouvido. Ele marca o início do grande banquete do rei, que perdurará durante todo o tempo em que os convidados estiverem sendo servidos. Durante este tempo, todos os orixás presentes dançam em volta da mesa armada sobre o chão.
“Aráayé a je nbo , Olúbàje a je nbo
Aráayé a je nbo , Olúbàje a je nbo
Aráayé”
TRADUÇÃO 
Povo da terra, vamos comer e adorá-lo, o senhor aceitou comer.
Povo da terra, vamos comer e adorá-lo, o senhor aceitou comer.
As comidas são servidas aos convidados, que comem com a mão. Os participantes devem seguir a orientação de comer, andando, o movimento lembra o andar constante do orixá pelo mundo levando a saúde a quem precisa e, ao mesmo tempo, sua peregrinação como nômade e rejeitado, sem ter um lugar onde se fixar. As mãos não devem ser lavadas, elas serão limpas ao serem esfregadas nos braços, pernas ou cabeça para que o Axé se impregne na pele.
Após todos servidos,é colocado uma bacia ou cesto,para que os restos não consumidos sejam depositados. Antes de ser depositada dentro do cesto ou bacia,os convidados passam a comida, com a folha da mamona fechada, pelo corpo pedindo saúde e prosperidade.
Os alimentos não consumidos dispostos em travessas são retirados e carregados sobre o ombro. Esta oposição entre a entrada dos alimentos sobre a cabeça e sua saída sobre o ombro simboliza a relação de oposição entre vida/morte/saúde/doença.
Após o banquete e a retirada dos alimentos, todos se dirigem para o interior do barracão.
Os atabaques tocam o ritmo especifico do Obaluaê -o Opanijé- que significa “ele mata e ele come” “,com as mãos espalmadas,a cada movimento de braço que avançam e se recolhem,volvem-se para o alto e para baixo.Quando voltadas para cima significa a vida e para baixo a morte.
Os filhos,convidados presentes,louvam o orixá,agradecendo sua presença e pedindo sua benção.
O Olubajé têm como objetivo principal a organização de forças múltiplas capazes de restabelecerem o equilíbrio e o bem-estar dos adeptos. Ao se louvar o Senhor dono da terra, busca-se garantir não só a vida material e a sobrevivência através da refeição comunal, mas também afastar a morte, a doença e o desequilíbrio tanto material quanto espiritual, de todos os participantes, sejam eles adeptos ou não.
(Fontes/Bibliografia: Olubajé ritual de ações terapêuticas e de comensalidades no Candomblé Ana Cristina de Souza Mandarino Estélio Gomberg Reginaldo Daniel Flores; Wikipédia


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