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segunda-feira, 26 de maio de 2008

ÀTÚNWA - REENCARNAÇÃO

Há diferentes caminhos para os antepassados voltarem à terra, e um dos mais comuns é que a alma seja reencarnada e nascida como um neto, bisneto, bisneta etc. de um filho ou filha dos antigos pais. Ou seja, processo de ida e vinda se dá entre o meio familiar do qual era oriundo. A isto é dado o nome de Àtúnwa, aquele ou aquela que volta novamente.
O mundo, segundo os yorubá, é o melhor lugar onde vivemos. Isso é contrário ao ponto de vista de algumas tradições religiosas, que consideram o mundo um lugar de sofrimento e dor.
Existe um forte desejo pôr parte do ser vivo, em ver reencarnados seus pais logo depois da morte deles.
Daí a expressão Bàbá/Ìyá á yà á tètè yà o – “Que seu pai ou sua mãe venha logo”. Este desejo é observado quando do nascimento, Ìbí, de uma criança; aos três meses de idade, um bàbáláwo é consultado para saber qual o antepassado que foi reencarnado, se a linhagem paterna ou materna. Esse ritual é conhecido como Mimò orí omo - “Conhecendo o orí da criança” ou Gbígbó orí omo - “Ouvindo o orí da criança”. É verificado o seu òrìsà, seus ewò, tabus, e o tipo de espírito encarnado (Àbìkú etc.) A partir deste conhecimento, um determinado nomes passará a fazer parte de seu nome civil para lembrar constantemente à criança a sua origem.
A reencarnação de um ancestral é conhecida pelo nome de Yíya omo – “Voltar a ser criança ou tornar a encarnar”. Ao se constatar o fato, o nome da criança poderá ser alusivo ao fato. Alguns nomes yorubá evidenciam isto e relacionamos alguns:
Bàbátúndé – o pia voltou, ou seja um ancestral de linhagem paterna; Ìyátúndé – a mãe voltou; Bàbájídé – papai acordou e chegou; Ìyábò – a mãe retornou; Omotúndé – a criança voltou de novo.
Nesta visão da concepção yorubá sobre a reencarnação devemos salientar que , apesar d uma criança ser chamada de Bàbátúndé, o espírito do antepassado ainda continua a viver no mundo espiritual, onde é invocado de tempos em tempos. Em face disso, alguns entendem que, na verdade, há uma reencarnação parcial. Os vivos ficam satisfeitos ao verem parte de seus ancestrais nos filhos recém – nascidos, mas, ao mesmo tempo, são felizes pôr saberem que eles se acham no mundo espiritual, onde têm maior potencialidade no auxílio de seus familiares na terra.
Na tradição do culto a Sàngó há um fato sugestivo sobre este assunto. Bayànnì é vista como a irmã mais velha de Sàngó, que governou Òyó como regente, depois da abdicação ineficaz de Dàda Àjàká, irmão mais velho de Sàngó, governante ineficaz para época. A palavra Bayànnì é uma concentração da expressão Bàbá yàn mi, “Papai escolheu – me”, refere-se à crença de que o ancestral masculino escolheu – a para retornar à vida na forma corporal de Bayànnì. Sendo assim, esta seria a razão da coroa de búzios que usa, um símbolo de continuidade em termos de reencarnação.
Sobre o assunto. Verger faz referência a L. Frobenius quando diz:
“A religião dos iorubá torna – se gradualmente homogênea, e sua atual uniformidade é o resultado de uma longa evolução e da confluência de muitas correntes provindas de muitas fontes. Seu sistema religioso se baseia na concepção de que cada ser humano é um representante do deus ancestral. A descendência é através da linha masculina.
Tomos os membros da mesma família são a posteridade do mesmo deus. Assim família são a posteridade do mesmo deus. Assim que eles morrem, retornam a esta divindade e cada criança recém-nascida representa o novo nascimento de um membro falecido da mesma família. O orixá é o agente da procriação que decide sobre a aparição de toda criança.

Bibliografia Livro: Òrun Áiyé

Autor: José Beniste

Editora Bertrand Brasil

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