AS AGUAS DE OXALÁ
Oxalá,
estava morrendo de saudades de um de seus filhos, Xangô, que morava em
terras longínquas. Antes porém de viajar, consultou Ifá, o Deus da
Adivinhação, que desaconselhou a viagem. Mas ante a teimosia de Oxalá,
determinou-lhe que durante a viagem, além de levar três mudas de roupas
brancas, sabão e Ori, concordasse com tudo que as pessoas lhe pedissem
sem jamais irritar-se.
Durante
o caminho Oxalá encontrou com um Exu, o senhor do Azeite-de-dendê, que o
saudou efusivamente e pediu um abraço. Oxalá cumprindo as determinações
de Ifá, abraçou-o, e Exu que carregava um barril do azeite sobre as
costas, ao abraçá-lo derramou todo o azeite por cima dele e foi-se
rindo, satisfeito de sua brincadeira.
Oxalá lembrando-se das
determinações de Ifá, resignadamente, lavou-se com o sabão, passou Ori
no corpo despachou a roupa suja e seguiu viajem. Mais adiante encontrou
outro Exu, agora o dono do carvão, que também o saudou como o anterior e
fez exatamente a mesma brincadeira, sujando-o de pó carvão retirando-se
rindo também.
Mas uma vez, Oxalá, se limpa, despacha a roupa
suja, troca de roupa e segue a viagem, sem se aborrecer como Ifá
determinara. Ao chegar ao reino de Xangô, viu um lindo cavalo branco,
reconhecendo-o como um que em outras épocas havia dado de presente ao
seu filho. O cavalo também reconhecendo-o seguiu mansamente com ele.
Nisso
chegam os criados de Xangô, e ao verem Oxalá, sem o reconhecerem, e
vendo-o levando o cavalo, toma-no por um ladrão, agridem-no e jogam-no
numa masmorra. Lá ficou durante sete anos. Durante esse tempo, o reino
de Xangô sofreu muitas desgraças, a colheita era ruim, o gado foi
dizimado pela seca, as mulheres ficaram estéreis e as pessoas morriam de
fome. Xangô, sem saber o que estava acontecendo, mandou chamar os mais
afamados adivinhos, chegando a consultar o maior de todos os oráculos,
Ifá! Este revelou-lhe que o acontecido era em virtude de ter em suas
masmorras um inocente.
Xangô manda vasculhar todas suas prisões,
até chegar a Oxalá. Levado o prisioneiro a frente do grande rei, este
reconhece seu pai e imediatamente manda buscar água para lavá-lo. Todos
se purificaram e vestiram-se de branco em seu respeito. Como Oxalá, mal
podia andar,quebrado pelos maus tratos e tempo em que ficou preso, Xangô
deu-lhe Ayrá, que o carregou nas próprias costas, até o palácio de
Oxaguian, seu outro filho, onde morava anteriormente.
Oxalá é o
orixá da criação e faz parte dos orixás denominados funfun, isto é,
brancos, ou que se vestem de branco. Oxalá é o deus criador do homem e
da cultura material. No Brasil tem o status de pai dos orixás e senhor
supremo. Seu dia é sexta-feira, quando se costuma usar roupa branca para
homenageá-lo. Suas contas são igualmente brancas, de louça, mas os
filhos da qualidade Oxaguiã usam umas poucas contas azuis a cada
seqüência de contas brancas. É saudado com o brado: Êpa Babá!
|
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário